• 04 •

293 32 2
                                    

VICTÓRIA

Fiquei ali por maior tempo escutando ela dizer o quanto queria ir embora daquela casa mas não tinha coragem, tinha medo por ela e pelo filho.

Ai que desgraçada, se ela fazer alguma merda eu tenho certeza de que ele vai largar dela e não importa como, eu só quero que eles se separem de vez. Eu até tentava convencer ela de meter o pé, seria minha chance de mostrar pro Perigo quem ela era de verdade.

Eu daria tudo pra viver junto com ele, tudo pra ter o amor que ele tem por ela. Me dói muito saber que mesmo eu tendo feito tudo pra eles se separarem e brigarem ele continua amando ela, não importa o que eu faça, não importa o que eu sacrifique porquê ele sempre vai preferir ela! E isso é foda, é foda amar alguém e não ser correspondido.

Meu lance com o Perigo começou à muitos anos atrás e bem antes dela aparecer aqui. Nós dois namoravamos e apesar de todos os perrengues a nossa relação era perfeita, eu tava com ele quando ele era um pé rapado e não tinha absolutamente nada.

Ele era completamente louco por mim até a outra aparecer e mudar tudo. Lembro muito bem do dia em que ele apareceu na minha porta e disse que tudo entre nós tinha acabado, que ele nunca tinha me amado e que era pra eu esquecer que ele existia. Nesse dia o meu mundo desabou completamente, eu sempre fui bastante dependente dele e ele sempre soube disso por isso se aproveitava bem.

Eu nunca tive ninguém, nunca tive mãe e pai como base porquê minha mãe era uma alcoólatra e o meu pai um drogado então vi nele a minha fortaleza e foi esse o meu erro. Quando eu comecei à trabalhar eu era bem novinha e quase todo dinheiro que eu recebia, que já não era muito, eu botava na mão dele. Naquela época era eu que bancava todos os luxos e quando eu vi ele me dando um pé na bunda eu fiquei louca.

Quando descobri por quem ele tinha me trocado eu fiquei quietinha, vi que não podia fazer nada com a garota porquê ela era a filha do frente daqui então tratei logo de fazer amizade e eu consegui. Fiz amizade com ela e em longos sete meses consegui fazer ela meter um pé na bunda dele, convenci ela dizendo que ele não prestava, que era um pé rapado e a otária caiu. Mas infelizmente não foi por muito tempo pois uns quatro meses depois ela descobriu que estava grávida do meu afilhado.

Não fiquei com raiva da criança, fiquei com raiva dela por ter tomado tudo o que era meu, por ter tomado o sonho que eu tinha com o Ruan.

Então eu paguei, paguei pelos trabalhos e não me arrependo de nada! Quando ela fez 5 meses de gravidez quase faleceu junto com a criança e deram a desculpa de que ela era jovem e que a gravidez era de risco então ela teve que ficar de repouso, o Perigo ficou carente e adivinhem? Veio atrás de mim. Então meu único arrependimento foi do trabalho não ter dado tão certo quanto eu queria, por mim os dois tinham morrido ali.

Eu sei que tudo o que eu fiz vai voltar pra mim e de uma forma pior, sei que vou pagar pelo o que eu já fiz mas não estou nem aí. Eu só quero viver o que ela viveu com ele mesmo que seja só um pouco.

Depois de algumas horas o Perigo chegou na casa deles, a outra ficou super surpresa, não era normal ele chegar nesse horário.

Helena - Você chegou cedo - ele olhou pra ela.

Perigo - Tá achando ruim porquê? Quem que ia chegar aqui além dessa vagabunda aí?

Helena - Não fala assim dela, Ruan, ela é minha amiga!

Perigo - Tu fala baixo comigo, tá achando que eu sou tuas amigas?

Helena - Só estou pedindo pra você não ofender a Vick, ela não fez nada.

Perigo - Bora porra, tu não meteu o pé ainda porquê? - olhou pra mim e eu me levantei do sofá.

Helena - Desculpa, amiga. - eu sorri pra ela.

Victória - Tá tudo bem Lena, não ligo pro teu marido.

Ele ficou me olhando de braços cruzados e eu abracei a Helena vendo ele me olhar com cara de safado fazendo um sinal pro celular.

Entendi o recado então peguei minhas coisas e guiei pra minha goma.

[...]

Juliene - Você tem certeza disso menina? - assenti entregando o dinheiro na mão dela.

Victória - Sim, eu quero que ele saia da vida dela de qualquer jeito.

Juliene - Cuidado que palavra tem poder - ela riu indo até o galinheiro- O santo dessa daí é forte, tenha cuidado porquê ela não cai de jeito nenhum.

Victória - Água mole em pedra dura tanto bate até que fura - ela deu de ombros.

Juliene - Você vai arriar de madrugada e botar nas duas esquinas que ela passa, entendeu?

Victória - O problema é que ela não tá saindo de casa, ele proibiu.

Juliene - Então vai ser mais caro porquê eu vou preparar algo pra botar na comida dela.

Victória - Eu pago quanto for necessário.

Juliene - Eu tenho pena da sua alma - ela riu.

Neurótico de Guerra - PAUSADAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora