10. Muita areia

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Por Joshua

Ver a Any tristinha me lembrou o meu começo com o Ben, não foi nada fácil e por muito tempo me culpei também. Pra falar a verdade até hoje me culpo um pouco, no fundo sempre vou me achar insuficiente quando lembrar disso. Todavia, hoje entendo que coisas acontecem com um propósito e nem sempre ele vai nos agradar no momento, porque algumas vezes vamos precisar de certos desafios para nos fortalecer.

O meu garoto não tem uma mãe, mas quem perdeu de receber amor foi ela. Ele é incrível e eu não me arrependo de nenhum perrengue, o amor que eu tenho é suficiente para que ele se sinta feliz independente da falta de caráter da mulher que o pariu. Na vida sempre precisaremos fazer escolhas, a dela foi bem burra e não posso fazer nada quanto a isso, é um peso já não me pertence mais, apesar do meu subconsciente cobrar as vezes.

— Oi! — Me aproximei do carro timidamente, acho que nunca em minha vida andarei em algo tão chique. Já estava começando a me arrepender da ideia, mas bastou olhar o sorrisinho da Any e eu desisti de desistir. — Desculpa a demora. — Cocei a cabeça em envergonhado e ela desencostou do capô destravando as portas pela chave.

— Sem problemas! — Piscou entrando e então entendi que era para entrar também, ocupando a cadeira ao lado do banco de motorista. — Pode ficar tranquilo, juro que dirijo bem! — Brincou dando ignição depois de colocarmos o cinto, agora sim ela parecia leve e tranquila de novo.

— Confio na sua palavra! —Entrei na onda ainda rindo. O silêncio se instaurou por um momento e me vi um tanto estranho perto dela, uma mulher tão requintada e bonita com um faxineiro mal vestido e pobre. Any tinha bom gosto para roupas, uma saia longa escura e uma camisa branca compunham seu visual modernize chique e um batom vermelho se destacava em seu rosto. Ela é linda, não vou mentir, qualquer pessoa que olhasse Any Gabrielly nesse exato momento concordaria comigo.

— O que foi? — Ela me pegou a encarando e eu voltei meu olhar depressa para a pista.

— Nada, só acho que estou um pouco desarrumado. — Disfarcei olhando minha simples camisa azul.

— Você tá ótimo, Beauchamp. Qualquer coisa fica linda em você.... — Sorriu sem tirar a atenção do trânsito e eu a encarei de soslaio sentindo minhas bochechas arderem fortemente. Depois disso não tive mais coragem de falar nada, nem ela pelo visto, já que seguimos calados até a sorveteria.

Não era assim tão longe, demoramos mais para achar uma vaga e não para chegar no local em si, era uma sorveteria simples de bairro que ficava alguns metros longe da empresa. Entramos em silêncio e seguimos até o balcão para fazer os pedidos, ela me deixava sem graça toda hora depois daquilo no carro, não estava esperando um elogio desses, sempre achei que ela visse como um funcionário normal e comum.

— Eu vou querer de morango e você? — Disse sem tirar os olhos do enorme sorvete cor de rosa do painel, quase que salivando eu diria,

— Baunilha. —Respondi simples. — Eei, eu pago! Eu te chamei, lembra? — Puxei minha carteira antes que ela o fizesse à minha frente.

— Nem pensar, Josh, não vou te dar despesas. Use o dinheiro para o Ben, certo? — Tirei meus últimos vinte dólares e entreguei ao moço esperando o troco. —Joshua! —Repreendeu segurando meu braço.

—Any! — Debochei usando o mesmo tom. — É um sorvete, eu posso pagar. — A tranquilizei guardando o que recebi no bolso e nós pegamos os nossos sorvetes indo em direção a uma mesa. — O que foi?

The Change - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora