Você me deixa louca, Kara Danvers!

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Olá, leitores!

A partir deste capítulo, contamos, paralelamente à história de Kara e Lena, uma outra de outro casal, que esperamos que vcs também gostem.

(Boston, em 1975...)

A chuva caía torrencialmente molhando todo o pátio da escola. Uma jovem loira de olhos azuis-acinzentados aguardava a chegada da sua melhor amiga no alto da torre. Como na maioria dos educandários católicos, havia uma igreja ali.

Impaciente, ela abeirou-se da murada. Então percebeu que a pessoa a quem esperava acabara de subir a escadaria, protegida por uma capa de chuva amarela. Sorriu e ficou observando sua aproximação.

— Rhea, pensei que você tivesse desistido do nosso encontro. — A moça abraçou a recém chegada, não se importando em se molhar, depois que a outra abaixou o capuz. Os cabelos de Rhea eram castanhos escuros, cortados curtos no estilo chanel, contrastando com os longos de Eliza.

— Desculpa, Liz. A Madre me deixou de castigo depois da aula. Ela encontrou um livro proibido entre as minhas coisas. — Explicou, parecendo chateada.

— Qual livro?

Rhea deu de ombros.

— Fanny Hill¹.

Eliza ficou boquiaberta com a informação, chegando mesmo a corar. Aquele livro era conhecido por ter uma conotação erótica muito forte. O tipo de literatura que moças de família como elas jamais deveriam ter contato.

— Você não devia ler essas coisas. — Disse sem jeito. — Correu o risco de ficar bastante encrencada. Ainda bem que o castigo foi curto. — Concluiu aliviada.

Porém Rhea não estava menos aborrecida.

— Teria sido, se já tivesse acabado. Eu vou ficar na detenção durante duas semanas, todos os dias, depois da aula. A megera ainda vai chamar meus pais para conversar com eles sobre "o meu comportamento inapropriado". — Imitou o jeito de falar da madre, enquanto buscava o apoio da murada para sentar-se.

Vendo-a triste, mas sem poder fazer muito, Eliza acomodou-se ao seu lado, acariciando sua mão. Seria impossível ajudá-la, porém queria que a amiga soubesse que se importava.

— Não fique assim, Rhea. Isso logo vai... — Ia prosseguir com o argumento, mas Rhea puxou a mão, interrompendo seu discurso.

— Você não está entendendo, Liz! — Encarou-a e sua expressão foi do aborrecimento à raiva. — A Madre aproveitou para insinuar, sutilmente, que sabe algo sobre nós e que pretende revelar tudo às nossas famílias, se não nos afastarmos. — Levantou-se, passando a fitar o pátio vazio.

A chuva ainda caia. Eliza também se levantou, observando com atenção a amiga de olhar perdido e elas ficaram por algum tempo sem dizer nada. Aquilo não podia estar acontecendo.

Quando voltou a falar, sua primeira reação foi de negação: — Que absurdo! Nós sempre tivemos cuidado. Nossos encontros são sempre nos lugares mais escondidos. Mal nos tocamos na frente dos outros. Ela não pode saber de nada, não pode provar nada... — A voz começou a embargar. No fundo, sabia que a situação não era tão simples assim.

Rhea percebeu que a amiga estava prestes a chorar. Eliza sempre fora a mais frágil das duas. Tentando confortá-la, uma de suas mãos deslizou suavemente nas costas dela. Desejava mais que tudo protegê-la, no entanto sabia que a pior parte ainda estava por vir.

— Não seja ingênua, Eliza! A madre sabe de tudo que se passa aqui. Ela é como o Big Brother daquele livro² que li nas férias. Ela vê tudo. — Constatou dedicando-lhe um olhar triste. — E ela não precisa de provas. Qualquer coisa que disser será tomada como verdade.

The Lady In My Life [KarLena]Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin