Prólogo (nova versão)

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Estava frio

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Estava frio. Muito frio. Com poucas opções, Silas Santiago Almeida passou os braços ao redor dos joelhos e ficou sentado no chão da sala. Nunca sentira tanto medo. Nem mesmo há dez dias, quando tudo começou. Agora, os acontecimentos de antes pareciam até banais, como o momento antes do ápice de um filme de terror, quando as coisas se acalmam apenas para trazer algo muito, muito pior.

Ele se sentia encurralado, como um animal próximo ao abate. Sabia que não tinha para onde correr, nem onde se acobertar, nem a quem pedir ajuda. Irônico, pensou. Lembrar-se de ter jogado o corpo sem vida de Elisa em um triturador de ossos para, depois, se ver próximo demais de um destino parecido com o dela. Talvez fosse proposital. Tinha certeza de que era, na verdade.

As luzes piscaram por toda a delegacia. Silas obrigou o corpo a reagir e levantou-se para olhar pela janela de vidro do segundo andar, para onde correu assim que entrou no prédio. Estava tão distraído pelo terror que realmente pensara na sala do pai como um local seguro, logo percebendo que aquela fagulha de esperança o havia enganado.

Não existia mais qualquer lugar seguro para Silas, nem para qualquer outro que cruzasse o caminho dela.

Tentou manter a respiração controlada e passou os olhos pelas lojas do lado de fora, todas fechadas tão tarde da noite.

Parte da rua ainda era iluminada pelos postes, mas Silas os viu morrer um por um, entregando aquela parte da cidade à escuridão.

Ela estava chegando perto.

Pensou em correr para outro cômodo e se esconder perto de uma saída, mas seus pensamentos foram interrompidos quando a lâmpada do último poste da rua desenhou um círculo no asfalto, dramaticamente, aterrorizantemente, fazendo Silas se engasgar com a própria saliva. Não conseguiu desviar os olhos, mesmo que soubesse que deveria ao menos tentar fugir da vista de Elisa. Era impossível. Estava preso à imagem dela, rodeada pela luz alaranjada, com os saltos pretos, os cabelos cor de fogo queimando como verdadeiras brasas, olhando-o, sorrindo, tramando.

Quando a lâmpada do poste explodiu acima dela, deixando a rua à mercê da escuridão total, Silas soube que já estava morto. E, diferentemente de Elisa, sem segundas chances.

...

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