Capítulo 69 - Banho de cachoeira

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O portão com o brasão da família Foster invadiu nossa visão, estava ligeiramente enferrujada com marcas do tempo, havia muitos anos que não vinha aqui, na verdade não voltei desde da morte do meu pai, nunca mais tive vontade de retornar a visitar a casa e relembrar todos os momentos felizes que tive ao seu lado, Bruce parou o carro e levou uma das mãos até ao porta copos na frente do painel pegando as chaves do cadeirado que trancava o local, saiu do carro e abri o portão dando passagem para prosseguirmos, o carro de Thomás parou atrás de nós esperando liberarmos a entrada, despreocupado o Wayne dirigiu pela curta estrada até a grande casa com uma fonte deslumbrante na entrada

- Chegamos meninos! - me viro para eles com um sorriso doce

Eles pularam encima das cadeirinhas altamente amarrados com o cinto de segurança, desço do carro e abro a porta de trás ajudando Taylor a se soltar, logo Bruce faz o mesmo com Andrew, os garotos fogem com rapidez indo em direção a fonte cintilante enquanto eu e Bruce rimos dos pequenos demônios admirados pela água

- Esse lugar não mudou nada - a voz de Thomás diz suave perto de mim

Fecho a porta do carro e olho para ele que observa cada canto da residência

- Não permitiria que mudassem nada - olho para onde ele observava - Cada detalhe tem um significado muito especial para mim

- Sempre adorei vir para cá - Naomi fecha os olhos e inspira o ar suave do campo

Bruce se aproxima de mim observador e segura na minha mão apertando meus dedos como se estivesse me reconfortando, Taylor e Andrew estavam ligeiramente molhados, tendo isso foram altamente repreendidos por Thomás que os tirou da borda da fonte, logo todos entramos na casa explorando o local, apesar de ser a dona do lugar e ser eu a apresentar a casa, estava submersa demais nos meus pensamentões para fazer isso, Naomi tagarelava com Thomás e Bruce então dei ombros e subi as escadas observando cada detalhe, as quase transparentes marcas de tinta no corrimão da escada desbloquearam uma memória na minha mente, papai e eu tínhamos feito vários desenhos de flores e borboletas por toda extensão da madeira encaracolada em uma tarde de verão qualquer, o primeiro quarto era onde dormia, estava totalmente diferente de quando era criança, volto a caminhar pelo corredor e entro no lugar que mais amava no mundo todo, era um cômodo onde fazíamos pinturas juntos, gostava tanto de arte porque ele me ensinou a amar as telas dos museus antigos, estava tudo do mesmo jeito que deixei quando fui na última vez, o quarto foi trancado a sete chaves durante todas as reformas que a casa passou, preservando todos os momentos incríveis que tive ali, o chão coberto por tinta, telas com desenhos incompletos e no centro de frente a janela o quadro que vez meu coração partir em milhões de pedaços, um retrato meu e dele abraçados com sorrisos cheios de vida e amor, era uma adolescente tão ingênua e pura que mal imaginava que alguns meses depois a sua vida simplesmente se acabaria dando lugar a uma tristeza que nunca mais a deixaria, minha garganta se aperta e sento meus olhos arderem

- Você está bem querida? - a voz de Bruce me tira do transe

Pisco com força deixando as grossas lágrimas caírem, com rapidez as seco com as pontas dos meus dedos gelados e me viro fitando Bruce

- Claro que estou - forço um sorriso

- Não está não - adentra o cômodo vindo até mim - Parece que está no mundo da lua

- Desculpa - direciono meu olhar para o chão

- Se não estiver se sentindo confortável podemos ir embora - segura meu rosto me fazendo fita-ló

- Estou bem, de verdade, é só que ... - me solto de suas mãos e me viro para o quadro novamente

- Está sentindo toda a saudade que acumulou por anos - me puxa de lado para seu peito

A princesa de Gotham Onde histórias criam vida. Descubra agora