Capítulo 77 - Cinco minutos

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Comecei a caminhar sem rumo pela cidade, apenas observando tudo, todos seguiam suas vidas normalmente, passo por uma rua de restaurantes, casais se sentavam nas mesas com sorriso apaixonados, olhares bobos e beijos de carinho, olhar aquilo foi como uma facada no meu coração, queria poder fazer o mesmo com ela, alguns minutos depois retorno a caminhar, minha garganta estava tão apertada que quase me sufocava, o céu brilhava em azul sem nenhuma nuvem, porém a única cor que envergava era cinza, minha visão não tinha mais cor, nada mais fazia sentido, o mundo ao meu redor parou de girar, mesmo as ruas sendo barulhentas e as pessoas conversarem perto de mim não consegui ouvir nada, deixando um silêncio na minha mente, olhava para chão até que vejo folhas secas sobre ele, olho para onde estava avistando o lago de Gotham, o lugar que ela amava caminhar e atrás de mim estava a cafeteria que ela adorava passar as tardes, vou até a loja sem pensar duas vezes, meu corpo já não respondi por mim mesmo, passou pela porta e vejo a mesa que ela sentava todas vezes, estava vazio, como se esperasse por ela, consegui ver ela sentada bebendo um café e observando a paisagem

- Olá - uma garçonete me faz voltar a realidade - Gostaria de algo?

- Um cappuccino - digo olhando para ela com um sorriso forçado

Ela anota em um pequeno bloco de notas e sai, vou até a mesa e me sento onde ficava todas as vezes, consegui ver ela na minha frente com aquele sorriso lindo conversando sem parar, os lábios sujos de chocolates enquanto comia aqueles doce extremamente açucarados e o brilho de seus olhos ao olhar a vista da parede vidro

- Aqui está Senhor - a garçonete coloca bebida na minha frente

Assenti e ela saiu, nunca gostei muito de cappuccino, mas era o favorito dela, bebi sentindo o sabor adocicado, claro que ela amava, o quantidade açúcar disso é um absurdo, um curto sorriso de forma nos meus lábios lembrando dela bebendo vários copos, olho a vista enxergando a linda paisagem que agora aos meus olhos era a mais feia do mundo, assim que termino, pago e saio em direção a trilha que sempre fazíamos assim que saíamos, mas dessa vez faria sozinho, as folhas das árvores caiam como a neve sobre o chão, a água do lago estava forrada por elas, ao fundo podia ouvir ela conversa ao meu lado, consegui sentir seus dedos frágeis abraçando meu braço enquanto encostava a lateral do rosto nele, passo por uma árvore grande e me lembro de uma das primeiras vezes que viemos aqui juntos, ela tropeçou e eu a segurei, logo a beijei como se minha vida dependesse daquilo enquanto os pássaros cantavam, era mágico, como queria poder voltar no tempo e viver tudo aquilo novamente, fica perto dela faz minha vida ter sentido, tudo parece desaparecer e só existir ela, me viro e volto revivendo tudo de novo, era bom, poder sentir ela mais um vez, meus olhos ficavam fixados no chão, acabava trombando em algumas pessoas que reclamavam, porém não me importo, na verdade nada mais consegue me ferir, chego até meu carro e entro dando partida, dirijo imerso nos meus pensamentos até em casa, paro em frente ao pequeno lance de escadas da porta principal, entro na mansão e começo a caminhar pelos inúmeros cômodos a vendo em todos eles

(Flashback on)

Estava no meu escritório exausto depois de ter feito uma ronda cansativa, precisava terminar de resolver algumas coisas da empresa antes de dormir, o dia estava amanhecendo e a única coisa que queria era deitar na cama e abraçar Kate como meu ursinho de pelúcia, batidas na portas fazem meus olhos irem em direção ao som, ela estava com a cabeça dentro do cômodo me olhando preocupada

- Amor vem dormir - sua voz era serena

- Daqui a pouco querida - desvio meu olhar do dela e volto a assinar mais um documento

Escuto a porta se fechar e passos se aproximarem de mim, a mão dela pega meu pulso que assinava o papel e o ergueu para cima, olhei para ela confuso e ela passou por debaixo do meu braço deitando no meu colo como uma criancinha assustada

- Mas eu quero dormir - sua voz saiu abafada - Sabe que não consigo fazer isso sem você, pode continuar seu trabalho só me deixe aqui quietinha - me abraçou

A curta camisola de seda branca subiu deixando sua calcinha á mostra, seus braços me rodeavam e seu rosto estava enterrado no meu peito, largo a caneta pegando seu frágil corpo acariciando seus cabelos negros

- Sabe que não precisa me esperar todos os dias - digo baixinho

- Como você quer que eu durma pensando que está lá fora lutando com assassinos cruéis? - levanta o rosto me olhando

- Não se preocupe, dou conta deles - sorrio tentando tranquiliza-lá

- Tenho tanto medo de te perder - vejo seus olhos marejarem

- Você nunca vai me perder - beijo sua testa - Vou ficar do seu lado para sempre

Passei meus braços por debaixo de suas pernas e segurei suas costas me levantando, o trabalho teria que esperar, pois naquele momento a única coisa que faria era cuidar do amor da minha vida

(Flashback off)

A história foi que quem perdeu você foi eu, ela foi embora como se eu nem existisse em sua vida, caminho até uma sala no final do corredor e entro em seguida, era a sala de pinturas, os diversos quadros que enchiam os olhos dela de um brilho cintilante, cada um tinha um significado importante para ela, todas as vezes que víamos aqui ela me contava as histórias de cada um, como se tivessem sido pintados si mesma, ela passava o dia todo aqui, apenas olhando eles, para mim não passavam de quadros com desenhos estranhos e pessoas nuas, mas ela conseguia ver uma beleza inacreditável em cada traço das tintas aquarelas, quando á trouxe aqui pela primeira vez, seu coração quase explodiu de felicidade e ver aquele sorriso em seu rosto fez com que eu tivesse a certeza que ela era a mulher da minha vida

Fazia muito tempo em que estava parado em frente a porta do nosso quarto, minhas mãos já tinham ido em direção a maçaneta inúmeras vezes e não tive coragem de abrir, ainda não tinha entrado desde do ocorrido, não tive forças para ver os momentos mais felizes da minha vida passarem na minha frente, em um ato de coragem abro a porta e entro com rapidez, no mesmo instante me arrependo amargamente de ter feito isso, tudo estava como ela tinha deixado, as lindas flores vermelhas espalhadas pelo quarto, as pétalas deitadas no chão e o quadro com nosso retrato, senti o cheiro dela, olhei para a cama, mas ela não estava lá, todas as nossas noites de amor passaram pela minha cabeça como um filme, seus cabelos bagunçados, as bochechas rosadas e o brilho do suor, meu coração parou de bater, estava morto por dentro, me sento na beirada da cama e pego o lençol de seda, o levei até o nariz cheirando seu perfume, nunca mais vou sentir ele em toda minha vida, nunca mais vou ver seu sorriso, nunca mais vou ver ela, ela está morta, meus olhos marejaram e minha garganta se apertou ainda mais, não conseguia respirar, com o lençol na frente da boca grito o mais alto que conseguia tentando tirar aquela dor insuportável

- Doçura volta pra mim por favor!!! - as lágrimas desciam descontroladas pelo meu rosto

Só queria mais 5 minutos com ela, a beijaria e abraçaria com toda minha força, a vida é sempre tão injusta comigo, tudo que amo é arrancado dos meus braços como se não se importa-se

Ela esperou por mim e porra! Como sou grato por isso, seu toque é como o primeiro dia da primavera depois de um longo inverno e seu beijo é como a melodia de uma música de John Legend, suas mãos nas minhas me faz esquecer todas as outras que estiveram aqui antes dela e seu sorriso é tudo o que eu quero ver antes de fechar os olhos à noite

A princesa de Gotham Where stories live. Discover now