-E se eu não for uma boa mãe?- Hermione resmunga como vinha fazendo durante toda a semana. Scorpius seria realidade em poucos dias e o medo instalado sobre a castanha dava as caras a cada segundo. - É sério Draco, existem dezenas de péssimos pais por ai, e se e for uma?
Draco ri arrumando o quadro verde sonserina próximo ao vermelho na parede.
O quarto de Scorpius era um pequeno ponto de paz entre cobras e leões, o berço pintado de preto, cercado de lençóis verdes decorados com pequenos leões, a grande cadeira em um creme quase dourado próxima ao trocador que no momento apoiava pequenas pelúcias, cobras, leões, doninhas. A mescla perfeita de casas que passam a vida escolar se azarando e se odiando o.
-Então torceremos para que ele não perceba, eu mesmo levei tempo para notar- a tentativa de piada apenas enervou ainda mais Hermione. Scorpius não a deixou dormir, rodando e chutando cada costela que encontrasse pelo caminho causando estresse o suficiente para que a piada fosse respondida em forma de cobra voadora.
-Muito engraçado- diz ela sorrindo irônica- eu to falando sério Draco- Draco revira os olhos ainda de costas para ela.- Não quero ser como os...ai- Hermione geme baixinho levando as mãos a barriga. O berço balança com o peso da mesma- Draco...
-É sério mi eu tive pais ruins, minha mãe nem tanto mas - ele suspira dramaticamente- não há como sermos pior que Lucio... ou a velha Black.
Outro puxão. Hermione range os dentes.
-DRACO!- Ele se assusta deixando o quadro cair - a bolsa... estourou.
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Draco
Existem uma série de momentos ruins pelos quais um homem pode passar durante a vida. Eu pensei ter passado por todos ou ao menos pelos mais difíceis antes dos trinta, talvez isso me desse um prêmio, um segundo lugar ao lado de Potter - era uma escada, eu tinha uma ala, não posso competir, uma cobra sabe quais batalhas lutar- mas ver Hermione gritando de dor sem poder fazer nada além de segurar sua mão e alisar suas costas, me fez perceber que ainda haviam muitos momentos para viver, bons e ruins. E um arrepio cruzava minha espinha só de imaginar como seria durante a primeira gripe de Scorpius ou quando e se ele quisesse jogar quadribol.
Durante as últimas nove horas fui tão inútil quanto Lockhart em meio aos Diabretes da Cornualha.
-Quatro centímetros de dilatação- informa a medibruxa chamada as pressas por madame Pomfrey- ainda estamos longe, mas as coisas estão progredindo bem.
Ela sorri simpática, tentando utilmente acalmar Hermione, que resmungava o número quatro sem parar.
-Está demorando muito- pergunto, preocupado- Fazem sei lá, horas - Nove horas e vinte e seis minutos, para sermos exatos.
-Partos são diferentes um do outro Senhor Malfoy, algumas mulheres dão a luz logo após a bolsa estourar- ela sorri- já outras começam a ter contrações lá para quarente e oito horas depois. Cada parto é único- Ela me dá um leve tapinha nas costas.
-Não se preocupem ok? Dará tudo certo. Hermione se a dor piorar muito avise ok? Ministraremos algumas poções anestésicas. Mas não espere muito. Se o bebe houver descido muito não vai ser bom. Volte em alguns minutos para ver vocês.
-Obrigada, doutora- Hermione sorri, o tom tão doce quanto açúcar. E é quando seu rosto se vira em minha direção que sei, que toda doçura se reserva apenas a mulher das poções.
-Foi você quem fez isso comigo- ela rosna- Você!
Luto contra a vontade de rir, beijando sua mão presa a minha.
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Nosso pedaço do céu
RandomUma festa, duas garrafas de whisky e nove meses de espera.