Capitulo 2

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Vincent, dezembro de 1911.

Dez anos. Dez longos anos haviam se passado e nenhuma notícia. Não vinda dele. Tudo o que soube a respeito de Noah fora o pouco que sua irmã, Sabina, me contou. Ele havia terminado a faculdade de Medicina Veterinária que tanto sonhara e montou um pequeno consultório em Londres; isso foi o bastante para que eu me desse conta de que ele não pretendia voltar, como havia me prometido. Nesses dez anos aconteceram tantas coisas. Minha irmã, Nour, casou-se e tem um lindo filho; Alex é o meu xodó. Ela morava em outra cidade com o marido e o filho - essa era a parte ruim. Papai e mamãe estavam cada dia mais apaixonados... E eu? Bem, eu continuava esperando. Mesmo que Noah não tivesse cumprido nenhuma de suas promessas, eu continuava esperando que ele voltasse.

Era dezembro. Pra ser mais exata, a primeira semana de dezembro. Eu estava eufórica, contando os dias para chegar o Natal, porque dessa vez Nour, Alex e Bailey viriam ficar conosco. A verdade é que eu me sinto muito sozinha desde que minha irmã se casou. Se não fosse por Sabina que eu via pouco, pelo fato de passar a semana estudando na capital -, acho que não teria mais ninguém com quem dividir alguns segredos. Embora não tenhamos uma amizade muito forte - coisas que muitos estranharam pelo fato de eu ser (ou ter sido) muito amiga do seu irmão -, o carinho que sinto por ela é imenso.

Quando terminei a escola, passei a ajudar meu pai em horário integral na mercearia. Eu estava atendendo à senhora Deinert, quando Sabina entrou esbaforida. Meu coração deu um salto quando percebi seus olhos brilhando... Será que...?

- Aqui está, senhora. - entreguei o que Alex Deinert havia me pedido, recebendo seu pagamento em seguida.
- Obrigada, Any. - ela agradeceu e virou-se para Sabina. - Querida, como está?
- Muito bem e a senhora? - educada, como sempre, Saby respondeu.
- Perfeitamente. Sina e eu estávamos falando sobre você estes dias... Andas sumida.
- Oh, peço perdão. Mas sei que entendem que passo a maior parte do tempo na Capital. - a senhora Deinert assentiu. - Agora, se me der licença, Alex, preciso falar em particular com Any.
- Claro, claro. - disse com desagrado. - Digo a Sina que você mandou lembranças.
- Por favor, faça isso. - Sabina sorriu.

Esperamos a senhora Deinert sair e assim que ela cruzou a porta da rua, Sabina disparou as palavras que gelaram todo o meu corpo e fizeram minhas pernas cederem. Agradeci por ter uma cadeira bem atrás de mim.

- Noah chega hoje de Londres. Acabei de saber.

Procurei sentir meu coração batendo, mas acredito que ele parou com algum tempo. Senti Sabina segurar minha mão e levantei a mirada para ela; Saby sorriu para mim. Sem notar, meus lábios já estavam puxando em um sorriso que julguei gigante. Senti meus olhos molhados e logo em seguida meu rosto. Lágrimas. Lágrimas de surpresa. Alegria. Lágrimas de puro amor.

- Oh, meu Deus! - foi o que consegui dizer
- É, eu sei. - ela sorriu. - Ele chega ao final da tarde... Acho que você deveria ir esperar por ele. Tenho certeza que você é a primeira pessoa que Noah quer ver.

Aquilo me fez pensar. Será mesmo que ele gostaria de me ver? Será que ele ainda se lembrava de mim? Afinal, nesses dez anos, Noah jamais entrou em contato comigo. Sabina percebeu a confusão ao olhar em meus olhos.

- Ele, certamente, tem uma explicação para isso. - ela tentou sorrir. - Elly, depois das coisas que você me contou, depois da carta que eu li... É impossível que ele tenha te esquecido.
- Não tenho certeza.
- É claro que você tem. - ela retrucou. - Se não tivesse, não teria esperado por ele todos esses anos.

Sabina sorriu ao constatar que havia me convencido. Afinal, era a mais pura verdade. Por mais que Noah não tivesse entrado em contato comigo, eu nunca deixei de acreditar que ele sentia a minha falta e esperei cada segundo por sua volta. Sabina se despediu de mim, pois não faltava muito para Noah chegar. Meu Deus, eu mal podia acreditar que finalmente iria vê-lo novamente. Pedi autorização para meu pai e saí mais cedo. Corri para casa e tentei escolher entre os meus vestidos um que fosse bonito o suficiente para recebê-lo.

Faltava pouco menos de uma hora para o final da tarde e eu sabia que estava adiantada, mas não conseguia ficar em casa, então, fui à estação de trem. Minha mãe perguntou aonde eu ia e a única coisa que respondi era que precisava dar uma volta. Fiquei sentada em um banco, um pouco afastada de todos, esperando o trem que vinha da capital. Vi quando seus pais e Sabina chegaram e preferi não me aproximar. Iria deixar Noah falar com a sua família e depois... Bem, depois eu iria ver como seria sua reação a mim. Prendi a respiração quando o trem que vinha da capital chegou. Levantei, mas sentei novamente. Minhas pernas estavam fracas, como se meus ossos tivessem dissolvido. Don Marcus foi o primeiro a se aproximar quando o trem parou. Senti meus olhos tomados pelas lágrimas e soltei o ar com força quando senti uma vertigem.

As pessoas começaram a descer e eu me levantei, chegando um pouco mais perto. O reconheci imediatamente - mesmo que Sabina não tivesse corrido para abraçá-lo. Noah havia mudado sim, mas não o suficiente para que eu não o reconhecesse. O corpo estava mais musculoso, ele estava mais alto e com os cabelos mais compridos. E, meu Deus, estava tão lindo. Meu coração entrava numa contradição: não sabia se rasgava meu peito ou se parava de bater.

Quando Sabina desgrudou de seu pescoço, Noah falou com a mãe. Wendy o abraçou e beijou com toda a saudade de uma mãe que não via seu filho há pouco mais de cinco anos. A última vez que Don Marcus e Wendy viram o filho foi em sua formatura. Sabina não pode ir e lembro que quase entrou em depressão por isso.

Logo depois, ele fora falar com seu pai. Deram um abraço amistoso e quando se separaram me aproximei. Assim que abri a minha boca para chamá-lo, ouvi uma voz doce de dentro do trem...

- Noah, ajude-me a descer, querido.

Travei quando ele virou para ajudá-la. Estranhamente, meu coração parecia estar sendo esmagado. Aquela frase ficou martelando em minha cabeça. Quando a dona daquela voz entrou em meu campo de visão, senti-me tão inferior. Ela era absurdamente linda. Como uma princesa. Cabelos claros, assim como a pele. Os olhos azuis eram tão expressivos, e marcados pela maquiagem faziam uma boa combinação. Quando imaginei que aquela cena não podia ser pior, vi Noah enlaçar sua cintura e dizer:

- Deixe-me apresentá-los. - a mulher sorriu. - Essa é Joalin, minha noiva.

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! hey amores 💗

! poxa, Noah pisou na bola, né?

! volta depois de 10 anos e ainda trás uma noiva a tiracolo.

! o que vocês acharam? Será que a Any vai até lá falar com ele?

! não esqueçam de comentar e deixar a estrelinha isso ajuda e motiva muito 💗

Any & Noah || Adaptação NoanyKde žijí příběhy. Začni objevovat