Remendos

131 29 58
                                    

Casa de Fernando e Rafael

Domingo

Ponto de vista de Fernando

Eu acordei mais cedo que Rafael hoje porque estou inquieto. Depois do "desaparecimento" de Cláudio na boate, ele não deu mais sinal de vida. O que será que está acontecendo entre ele e Philip? Será que se acertaram? Será que não?

Apesar de Rafael me dizer pra eu não me meter, eu mandei mensagens. Várias. Mas Cláudio, aparentemente, não leu nenhuma delas! Eu quase liguei para minha tia Dora para perguntar, mas ela iria ficar preocupada se Cláudio não tivesse entrado em contato com ela.

- Bom dia, Fernando!

- Bom dia, vida. Dormiu bem?

- Ao seu lado eu sempre durmo bem! Mas quem dormiu mal foi você! Ainda preocupado com Cláudio? Olha, algo me diz que eles se acertaram e que estão aproveitando o fim de semana para se conhecerem melhor, dentro e fora da cama. Você não pode querer que Cláudio se concentre em outra coisa que não seja Philip.

- Eu não entendo! Começando por como isso aconteceu naquele almoço e eu não percebi?

- Vida, você estava muito distraído.

-Distraído com que?

- No dia anterior eu contei a você que minha mãe telefonou, porque meu pai, Augusto, pediu meu telefone. Você já queria socá-lo. Aliás, eu ainda não entendo por que você quer socar todo mundo.

- Eu não quero socar todo mundo! Eu só quero proteger você!

- Fernando, meu lindo, você já cuida bem o suficiente de mim, sem precisar socar ninguém!

- Mas voltando ao Cláudio, você não acha que está tudo meio apressado demais?

- Fernando, ele teve mais de cinco meses para analisar seus sentimentos. O que é muito mais do que nós tivemos, sejamos honestos. Ou você se esqueceu que achou um absurdo eu dizer que David e Akito haviam se apaixonado duas semanas depois de terem se conhecido? E ficou lutando consigo mesmo até conseguir admitir o que sentia por mim? Eu também relutei em dizer a você porque tinha medo de ser rejeitado. Sentimento é terra não desbravada! A gente nunca sabe o que nos espera. Vem, vamos tomar café! Hoje temos o almoço com meu pai e ele disse que queria nos apresentar a alguém.

- Como?

- Por isso você deixou o Cláudio desiludido aquele dia! Você definitivamente não está prestando atenção! Meu pai, Augusto, quer nos apresentar a uma pessoa. E eu desconfio que ele está apaixonado! Ele disse apenas que é uma amiga que o ajudou a ver as coisas sob um novo ângulo e a encontrar novo sentido para sua vida. Mas eu acho que é algo mais! E estou curioso!

- Hum hum...

- Já vi que vou ter que apelar... EU ESTOU PEGANDO O CREME DE CHANTILLY na geladeira!!!!

- QUÊ???!!!!

- Sempre funciona! Agora vê se presta atenção em mim!!!!! Vamos tomar café.

Ponto de vista de Rafael

Meu pai e eu começamos a nos ver novamente e com bastante frequência. Estamos nos redescobrindo. Ele é uma pessoa engraçada, centrada e de bom humor. Tivemos várias ocasiões para falar sobre nossos sentimentos e ele já pediu perdão, incontáveis vezes, por causa de sua intransigência no passado.

A cada encontro, eu vejo em meu pai uma enorme solidão, uma vontade de se aproximar mais, compensar os anos perdidos. Mesmo depois do divórcio de meus pais e subsequente segundo casamento de minha mãe, eu sentia falta dele. Eu amo César também. Os dois são meus pais. Mas César tem minha mãe, enquanto Augusto está só há muitos anos. Ele é um homem bom e merece a felicidade. Eu espero que a amiga dele seja mais do que apenas amiga. Eu espero que ele finalmente possa se sentir completo.

Depois do café arrumamos a cozinha e Fernando vai tomar um banho. Ele ainda não conseguiu tirar Cláudio da cabeça. Aliás, Fernando é o cara que, quando enfia uma coisa na cabeça, não consegue esquecer. Eu aprendi à duras penas que se apegar demais a ideias ou pessoas pode ser extremamente prejudicial.

A hora do almoço se aproxima e saímos de casa, com Fernando ainda alheio ao que se passa ao seu redor. Felizmente sou eu que estou dirigindo.

- Vida, você acha Cláudio uma pessoa responsável?

- Fernando, se Cláudio não fosse responsável, ele não teria sido indicado para o trabalho na HuangCheng!!

- Profissionalmente sim, mas quero saber na vida pessoal.

- Eu não sei, Fernando. Mas é a vida dele. E ele está com Philip, não comigo! Eu sou casado com você!!!!

- Desculpe, vida. Você tem razão.

Ao chegarmos ao restaurante, avisto meu pai sentado à uma das mesas e abro um enorme sorriso ao ver quem está ao lado dele.

- Vida!!!! Mas é a...

- Rafael? Fernando? Anjinhos? Mas...

- Vocês já se conhecem? - Meu pai não está entendendo nada.

- A Vera trabalha com o meu amigo e patrão, o David. E ela me conhece desde que eu era pequeno.

- Mas que coincidência! Eu realmente não sabia!

- Claro que não, pai! Não tinha como você saber! Mas há quanto tempo vocês se conhecem?

- Há alguns meses. Na verdade, eu conheci Verá no dia em que tomei coragem de ligar para você. Foi ela quem me ajudou, mesmo sem saber do que se tratava.

- Anjinhos, fico feliz por ter podido ajudar. Rafael é um menino maravilhoso e Fernando também! Que bom que vocês estão reconciliados e são uma família novamente!

- Mas está parecendo que você também será parte da família logo logo, Vera... - Eu não me contenho e falo, para desespero de Fernando.

- Rafael!!!!

- Fernando, o Rafael tem razão. Eu trouxe a Vera hoje, sem saber que vocês já se conheciam, porque nós nos apaixonamos e eu queria a anuência de vocês. Vocês dois são meus filhos e eu não quero perdê-los nunca mais! - Meu pai diz com a voz embargada de emoção.

- Pai, você precisa ser feliz. Sendo com a Vera, então, nos deixa mais contentes ainda! Não é, Fernando? Vera, você já conversou com David e Akito?

- Eu estava esperando conhecer o filho de Augusto antes de falar alguma coisa. Assim que eles voltarem da viagem eu vou falar. Até porque eles já sabem de meus planos de aposentadoria.

- Então... eu posso te chamar de mãe agora?

- Rafael!!!!! Vida, você não sabe se a Vera vai querer isso...- Fernando, até parece que você também não está gostando da idéia....

- Anjinho, nada me deixaria mais feliz! Me dá um abraço! - Eu costumo abraçar a Vera sempre mas, desta vez, o abraço tem um significado maior, mais forte. Se antes éramos como família, agora nós o somos de verdade.

Ponto de vista de Vera

Eu jamais podia imaginar que o filho de Augusto fosse o Rafael. Mas foi uma das melhores surpresas de minha vida! Rafael é um menino maravilhoso, com o coração do tamanho do mundo. Eu não tive filhos, mas sempre considerei David, Philip, Maja, Rafael e os outros meninos que sempre frequentavam a casa dos Cheng, um pouco meus também. Ouvir de Rafael que ele pensa em me chamar de mãe é comovente e reconfortante. Depois deste almoço, o futuro me parece cada vez mais lindo e brilhante.

Turbilhão (Livro 4 da Série Akai ito)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang