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𝐕𝐎𝐂𝐄 𝐄𝐒𝐓𝐀𝐕𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐀𝐃𝐀 𝐍𝐎 𝐁𝐀𝐍𝐂𝐎 daquele maldito parque já fazia uma hora. Era manhã e o sol começara a sair não fazia muito tempo. Você olhava para o horizonte sentindo um pouco de frio, mas nada que você se importasse. Pra falar a verdade, não havia muitas coisas com o que você se importava.

Era como não sentir nada, e não sentir nada era bom pra caralho.

Você tirou o masso de cigarros de seu bolso do moletom preto que usava e o acendeu, assim o levando até a boca e dando uma forte tragada. Sentia a fumaça indo até seu pulmão e assim te fazendo se sentir melhor. Bom, se pelo menos você pudesse sentir alguma coisa, você estaria se sentindo melhor agora.

Suas olheiras estavam destacadas e horríveis pelas noites mal dormidas. Você costumava ficar em bares até o amanhecer chegar. É como dizem, cada um combate o luto de uma forma.

Não se sentia mal em passar noites em bares e boates, isso até ajudava, de alguma forma. No começo, você tentava dormir todas as noites, não tendo sucesso nisso. A insônia fazia parte de sua vida, agora.

Você pensou se voltaria para casa, e como faria isso. Sabia que se sua mãe a visse levaria uma bronca, mesmo tendo dezoito anos.

Suspirou tragando novamente seu cigarro e vendo a tela de seu celular. Eram seis e sete da manhã, e haviam quatro ligações perdidas e diversas mensagens de sua mãe. Talvez fosse pelo fato de ter sumido por três dias e não mandado nenhuma notícia.

Os dias não eram mais coloridos para você. Você não via mais graça em viver e sabia que passar três dias fora de casa não fazia isso melhorar.

Tanto faz. Você pensou olhando para o céu novamente. Seu cigarro estava quase acabando quando você ouviu uma voz, atrás de você.

- Sabe que essa merda dá câncer, né? - Você se virou para encarar a voz masculina. O dono da voz era um homem com cabelos platinados e suas duas sobrancelhas eram cortadas no meio. Talvez isso era proposital, como se fosse o próprio estilo do garoto.

- Eu sei - você respondeu indiferente.

Um choque veio a sua mente, e, de repente, você lembrou que aquele bairro pertencia a tokyo manji, uma grande gangue de delinquentes. Pensou na possibilidade dele ser um dos membros, mas não achou que algum dos membros falaria mal de um cigarro para você.

- Você tá bem? Não parece estar - ele continuou e você viu seu uniforme. Ele definitivamente era da tokyo manji, você tinha certeza. Merda merda merda.

- Eu não quero confusão - você disse se amaldiçoando por não ter voltado para casa antes.

O homem arqueou a sombrancelha com sua fala repentina. E então ele logo percebeu sobre o que você estavam falando. Sentou-se ao seu lado, mesmo sem ter sido convidado, e permaneceu quieto, apenas olhando para o Sol que estava quase todo no céu.

- Você não fuma? - você perguntou o observando.

Ele negou com a cabeça.

- Não, por que? - ele pergunta olhando para você.

- Sei lá, achei que todo delinquente fumava - você disse, indiferente, se perguntando se deveria sair dali.

Ele riu.

- Bom, eu não - afirmou - você precisa de uma carona? - ele perguntou apontando com a cabeça para sua moto.

- Por que eu precisaria de uma carona? - Diz apagando o cigarro e jogando no lixo que havia perto do banco que você estava, o acertando em cheio.

- Não sei. Uma garota, sozinha em um parque as seis da manhã. E parece que você não dorme bem há um tempo, pensei que poderia ajudar - ele diz se levantando.

Ele não parecia o tipo de cara que faria aquilo só pra pegar seu número de celular ou sei lá o que.

- Ok - você apenas respondeu e se levantou do banco.

Você nem o conhecia.

Deveria pegar uma carona com ele?

Foram até a moto dele, e então ele o alcançou seu próprio capacete.

- Você não precisa dele? - disse se referindo ao objeto em suas mãos.

- Eu consigo ir sem - ele disse subindo na moto, e então você colocou o capacete.

Ele te perguntou o endereço que deveria te deixar, e então você disse onde ficava sua casa. Ele assentiu e você subiu na moto, não muito segura de que estava fazendo a coisa certa.

- Acho melhor você se segurar - ele começou - eu vou um pouco rápido.

Você se sentiu estranha no momento em que o abraçou o corpo do homem se segurando firme.

𝐒𝐇𝐈𝐍𝐄 | Takashi MitsuyaOnde histórias criam vida. Descubra agora