twenty eight

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𝐐𝐔𝐀𝐍𝐃𝐎 𝐕𝐎𝐂𝐄 𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎𝐔 𝐍𝐎 𝐎𝐔𝐓𝐑𝐎 dia, se deu conta de não estar em casa. Sua mãe provavelmente iria se desesperar pelo seu desaparecimento bem no dia de seu aniversário. Naquele dia, esse havia sido seu primeiro pensamento quando acordou, até ver que Mitsuya estava no canto do grande quarto, colocando uma camiseta bordô em seu corpo.

Sua mente precisou descansar um pouco, para que pudesse ter entendido tudo o que havia acontecido, mas não estava em choque.

- Ei, já acordou? - ele pergunta subindo novamente na cama, indo em direção a você.

- Como eu vim parar aqui? - Você disse lembrando-se que havia dormido no sofá no dia anterior.

- Eu te trouxe pra cá - ele respondeu te fazendo perceber que você estava limpa e com roupas que não eram suas.

Respirou fundo e se sentou na cama, sentindo sua coluna doer.

- Minha mãe esperava que eu passasse meu aniversário com ela - você diz ainda com sono, mas se levanta e calça um chinelo preto que encontrou ao lado da cama.

- Seu aniversário? - você se lembrou que ele não fazia idéia disso - Ontem foi seu aniversário?

- Ah, sim - você apenas diz, não se importando, esfregando os olhos para fazer com que sua visão focasse perfeitamente.

- E você não ia me contar?

- Bom, eu contei agora, não é?

- Por um equívoco seu - ele se move e senta-se na cama, bem a sua frente. Ele olhou bem em seus olhos, e você se sentiu um pouco envergonhada.

- Mas eu contei - você diz com firmeza - vai fazer o que? Me dar um presente?

- Eu já te dei um presente ontem - ele fala, rindo.

- Eu só vou fingir que não ouvi - você diz, segurando-se para não rir, e logo após ele se levanta, mostrando a diferença de altura entre vocês.

Ele pega firmemente em sua cintura, e você fica em total desespero, por não esperar por aquilo. Com um passo, você se afasta sem pensar muito e isso faz com que Takashi tire as mãos de você.

- Hm, é, desculpa - você diz quando consegue tomar coragem para o olhar nos olhos - Eu acho que preciso ir.

- As nove da manhã? - ele pergunta com o intuito de te fazer ter certeza (e com uma pontinha de esperança de que você aceite ficar).

- Sim, as nova da manhã - você responde, percebendo que seu celular estava na cômoda ao seu lado. Então você o pega e abaixa os olhos para o ligar.

Havia ainda 13% de bateria. Era estranho como você não havia recebido nenhuma ligação e nenhuma mensagem de sua mãe. Talvez ela soubesse que você não passaria o aniversário de dezenove anos em casa.

Você volta a olhar o homem em sua frente e depois olha para o aparelho novamente.

Estava morrendo de cansaço.

- Você precisa que eu te leve? - ele cede.

- Acho que seria meio impossível que eu fosse agora andando até minha casa, que por sinal, fica longe daqui - você diz soando rude, mas só percebe o feito após terminar a frase. Não era para ter soado rude, era pra ter soado irônico ou sarcástico como sempre.

Ele ficou um pouco estranho depois disso, a expressão facial mudou para uma confusa e 'ontem nós transamos e hoje ela agiu assim, querendo se afastar de mim' passava pela cabeça dele a todo momento.

- Eu posso ir andando se você quiser - você diz novamente. Você estava estranha até para si mesma, e não conseguia encontrar o motivo..

- Você pode decidir isso enquanto eu vou lá embaixo - ele sussurra alto o suficiente para que você possa ouvir, mas antes que ele consiga passar para fora da porta você o interrompe.

- Ok, onde estão as minhas roupas?

- Eu coloquei pra lavar, outro dia você vem buscar - ele solta e sai do quarto antes de que tenha resposta da sua parte.

Você consegue ouvir ele descendo as escadas com aquele chinelo branco enquanto você pensa que estragou tudo de novo. Esse era o tipo de coisa que acontecia depois de que você tinha uma noite daquelas. Esse era o tipo de coisa que você vinha tentando impedir que acontecesse entre vocês dois. E foi só uma fala. Você precisou de apenas uma fala para estragar tudo.

Suspirou.

Você desceu todos os degraus da escada rapidamente, calçando absolutamente nada nos pés. Diminuiu o ritmo quando chegou no último degrau da grande escada. Mitsuya apenas te observou fazer aquilo tudo e chegar perto dele. Tão perto, que era até estranho, tendo em vista o assunto que tiveram antes.

- Eu tenho dezenove agora - você diz recuperando o ao por conta de ter descido rapidamente os lances da escada.

- Ok - ele só pensa em dizer.

- É estranho. Eu não quero agir mais de quando eu tinha dezoito.

- É tipo ser uma nova pessoa, então?

- Sim, eu acho que sim.

- Então, qual o primeiro passo pra isso?

Você se inclina e fica na ponta do pé, para poder beija-lo.

Ele fica parado por um tempo, tentando entender o que diabos foi aquilo.

- Você não vai entender - você diz - agora me leva pra casa.

Ele ri e pega as chaves do carro em cima da mesa. Você preferia que fosse de moto, mas se aquilo fizesse você chegar em casa, não importava muito.

Seu beijo havia significado algo pra você. Você não teria mais ninguém. Você iria aproveitar que gosta de alguém e ver como é bom. Sentir como é ainda não estar machucada por aquele amor. Nova chance.

Você não lidava muito bem com coisas novas, e pôde perceber aquilo muito bem com a morte de Kaworu. Você tinha um ataque de pânico toda vez que precisava lidar com mudanças grandes demais.

Isso fez um sentimento forte crescer em seu peito, enquanto Taka ligava o carro. Você queria o beijar. Queria parar com essa bobagem. Queria só ir pra casa. Queria não voltar para a casa nunca mais. Queria parar de sentir aquele calor que crescia em seu peito. Estranho. Bom e ruim.

Algumas decisões na vida valem a pena serem tomadas.

𝐒𝐇𝐈𝐍𝐄 | Takashi MitsuyaOnde histórias criam vida. Descubra agora