36 | vivian

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Uma semana havia se passado desde que todos souberam sobre a minha gravidez e, por mais que pareça pouco tempo, as coisas mudaram bastante

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Uma semana havia se passado desde que todos souberam sobre a minha gravidez e, por mais que pareça pouco tempo, as coisas mudaram bastante.

Tayler e Charli têm estado muito juntos desde a festa de Josh, no mês passado. Agora, é raro eu ficar sozinha só com um deles, e isso é uma merda.

Agora, eu estava deitada no sofá com meus pés sobre o colo de Hall. Tay e Anth estavam sentados no colchão que tinham posto no chão, com Charli e Nailea apoiadas neles. Cale, Jaden e Chase estavam em outro sofá, enquanto Quinton estava na poltrona. Na TV passava um episódio de Largados e Pelados, e todos prestavam atenção, menos eu.

A minha mente vem estado a mil por hora há dias, e eu não consigo me lembrar quando foi que eu deitei na cama e consegui dormir em cinco minutos. Eu não me imaginava sendo mãe antes dos trinta. Na verdade, eu nunca me imaginei sendo mãe.

Eu havia recebido o e-mail de confirmação da UCLA na semana passada; eu começaria no próximo semestre, em janeiro. Respondi com o pedido de aulas a distância pelos primeiros dezoito meses. Pelas minhas contas, o bebê nasceria em março, e quando ele ou ela completasse um ano, eu já poderia frequentar a faculdade. Por sorte, os dois primeiros períodos eram totalmente teóricos, e a parte prática vinha só no final.

─ Terra pra Vivian! Acorda mulher. ─ Tayler bate palmas na frente do meu rosto. ─ Perguntei se você quer que eu te leve embora ou tá tudo bem você dormir aqui. As meninas também vão.

─ Sem problemas. Eu durmo no sofá, relaxa. ─ ele sorri fraco e se afasta, levando o seu travesseiro com ele quando vai para o seu quarto, sendo seguido por Charli.

Cale, Quinton, Chase e Jaden foram embora ás uma da manhã, quando já estavam quase caindo de sono; Cale tomou um energético antes de sair, para não dormir no volante. Nailea já estava dormindo no colchão, ocupando todo o espaço.

O sofá não era horrível, mas também não era como o meu colchão. De qualquer maneira, eu não reclamaria.

Ouço a porta de correr fazer barulho e logo Hall aparece. Ao contrário do que eu pensava, ele não fedia a maconha e seus olhos não estavam vermelhos, como de costume.

Sem dizer uma palavra, me levantei do sofá, na intenção de ir no banheiro antes de tentar dormir, mas sequer cheguei perto da escada sem que fosse erguida do chão. Não gritei, ou acordaria todo mundo, apenas estapeei suas costas com toda a força possível.

Bryce apenas me colocou no chão quando chegou ao seu quarto. Trancou a porta e escondeu a chave em um lugar que eu não conseguia alcançar.

─ Você tem merda na cabeça? ─ resmungo, querendo gritar.

─ Dormir com a Nailea deve ser um pesadelo, e dormir naquele sofá é pior ainda! Eu não ia deixar você dormir lá e acordar com o corpo todo dolorido! ─ ele responde, puxando o forro para fora da cama.

─ Eu não vou dormir com você! ─ minha voz saiu ríspida, do jeito que eu esperava.

Pra mim, sexo é a menor das demonstrações de intimidade. Dormir juntos, no sentido literal da palavra, me deixava ainda mais aterrorizada do que transar com ele de novo. Não sei o motivo, apenas surto só de pensar.

─ Eu não disse que dormiria. ─ seu tom de voz ainda era calmo, o que me deixava ainda mais irritada.

Bryce puxou dois cobertores de seu guarda-roupa, jogando um deles pelo chão, imitando um colchão. Eu seria uma víbora por deixá-lo dormir no chão duro e frio, mas só de pensar em toda a proximidade que teríamos, o meu corpo se enche de calafrios.

Depois de criar a sua própria cama, Hall liga o ventilador de teto, tira a bermuda e a camiseta, ficando apenas de cueca, e se deita. Faço o mesmo, tirando a calça jeans e o sutiã por debaixo da camiseta, evitando o seu olhar.

Encontro o meu lugar debaixo da manta azul clara que cobria a cama e suspiro. Não achei que ele quisesse conversar, mas ele provou o contrário.

─ Se houvesse outra escolha, você... Você ainda ficaria com o bebê? ─ os meus olhos se arregalaram com a pergunta.

─ Você ficaria? ─ devolvo a pergunta.

─ Sim. ─ ele responde, sem hesitar. ─ Há meses atrás a resposta seria diferente, mas agora... Eu não diria que estou preparado pra isso, ninguém está, mas eu consigo me imaginar, você sabe, sendo pai e todas essas coisas.

Fiquei em silêncio por mais alguns minutos, como se tivesse encerrado o assunto ali, mas não.

─ Eu não sei. ─ murmuro. ─ Acho que eu estou me forçando a me conformar que, em seis meses, a minha vida vai mudar pra sempre, e não tem nada que eu possa fazer pra mudar, ou impedir, isso. A menos que eu me jogue escada abaixo, ou entre na frente de um carro, mas não são opções válidas.

Hall dá uma risada fraca e se senta, apoiando os braços na cama e me olhando.

─ Eu vinha pensando nisso há uns dias... ─ ele começa, sem quebrar o contato visual. ─ E eu ia achar muito maneiro se nós fizéssemos um chá revelação, sabe? Com tema e tudo.

Sorri, achando graça no seu modo de falar. Ele parecia uma criança dizendo como gostaria que fosse a própria festa de aniversário.

─ O que tem em mente? ─ o seu sorriso se expande e ele ajeita a postura.

─ Pode parecer maluquice, mas eu sonhei com esse dia. ─ ele ri com as próprias palavras. ─ Acho que seria como um chá revelação normal, bexigas coloridas e tal, mas o que, de fato, revelaria, seria o Thunder.

Abro a boca, chocada. Era uma ideia genial, na verdade.

─ No meu sonho, abríamos a porta e ele entrava, com o pelo todinho em azul. ─ solto um riso baixo. ─ O que você acha?

─ Perfeito, na verdade. ─ ele sorri. ─ Podemos pedir para que minha mãe pinte o Thunder. Eu não confiaria esse segredo para Charli, nem Tay e nem Nailea, eles são muito fofoqueiros.

Hall balança a cabeça em concordância, e provavelmente o seu rosto dói de tanto sorrir.

─ Creio que no próximo mês o médico já saiba o sexo do bebê. Posso pedir que minha mãe me acompanhe. ─ Imaginar nós três em um ambiente como esse só me causava vergonha.

─ Claro, claro...

Ele volta a deitar, mas não parou de falar.

─ Eu desisti de tentar entender a nossa situação, sabe? ─ fecho os olhos, impedindo que os mesmos se encham de lágrimas. ─ Eu sei o que sinto por você, acho que sei o que você sente por mim, mas não sei o que nos deixa tão longe um do outro.

Cada vez que ele falava sobre nós, era como um soco no meu estômago.

─ Mas isso não importa, não agora. ─ ele suspira. ─ Independentemente da nossa situação, eu sei que nós dois vamos fazer o possível e o impossível para que esse bebê cresça rodeado de amor e carinho. Bem, com esse tanto de tios, eu duvido que falte alguma coisa. ─ ele ri. ─ O meu ponto é, Vivian, que não importa o que aconteça agora ou no futuro, eu nunca vou abandonar vocês.

Foi impossível conseguir me conter depois das últimas palavras. Era disso que eu tinha medo: do abandono. Eu esperava que iria acontecer, eventualmente, e se eu não estivesse emocionalmente ligada com ele, isso doeria menos. Eu sou a prova viva de que um abandono não muda a sua vida, mas passar por isso duas vezes poderia ser bastante doloroso.

─ Nós seremos bons pais, Hall. ─ sussurro, secando as lágrimas. ─ Eu sei que seremos.

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𝗠𝗢𝗠'𝗦 𝗕𝗢𝗬𝗙𝗥𝗜𝗘𝗡𝗗. Where stories live. Discover now