08. the world doesn't revolve around you

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Sinceramente, eu esperaria qualquer coisa num dia de semana qualquer, mas não ver Kim Taeyong na minha porta tarde da noite querendo conversar. Confesso que aquilo me deixou de olhos arregalados e sem fala, custava a parecer verdade que ele, depois de um longo mês de silêncio, tinha ido até lá para querer resolver as coisas.

Mas não havia mais nada a resolver entre a gente, este era o ponto. O que existiu entre nós um dia foi pelo buraco no momento em que eu percebi do que se tratava de verdade. Nunca foi uma relação de igual para igual e sim de alguém que falava e um cego apaixonado que acatava a tudo sem reclamar pelo medo de perder a única migalha que tinha de amor na vida.

— Taeyong, o que você tá fazendo aqui? E essa hora? — resmunguei cansado.

Ele suspirou e fechou os olhos brevemente, não parecia mesmo estar bem — mas isso não estava me amolecendo, se quer saber.

— Olha, Jinnie, eu sei que a gente brigou e eu fui bem babaca falando mal do Hoseok, mas eu queria mesmo conversar com você, pedir desculpas por tudo. Você queria coisas e eu entendo, mas a gente precisa mesmo conversar e resolver tudo entre nós.

— Taeyong... não tem mais nada entre eu e você. Nunca teve — soprei mais cansado ainda.

Vi seu rosto contrair e ele ficar ainda mais tenso. Tinha um certo teor de verdade em sua voz, mas mesmo assim, eu sabia que ele havia mentido sobre muita coisa, inclusive sobre Taehyung. O outro gêmeo não era aquilo que ele dizia, Taehyung era simplesmente incrível. Por que ele havia feito tanta questão de que eu me mantivesse longe dele? Por que o pintou tão mal e chegou até a me convencer disso?

— Eu sei que tá tarde, sei que foi um longo mês, mas por favor... me escuta? A gente pode ir pra um lugar melhor, mais calmo. Eu prometo que não vou te encher o saco depois disso, só quero conversar contigo.

Eu já não me sentia da mesma maneira que antes, não cultivava os mesmos sentimentos loucos e arrebatadores sobre aquele que me dava menos do que eu merecia. Mas eu senti naquele momento uma espécie de dor no peito, algo como piedade de seu rosto triste. Ele parecia bastante angustiado, seus olhos carregavam duas bolsas escuras, sinalizando que não tivera sono por um tempo. Além do mais, nada nele parecia muito okay, para ser sincero. Ele estava mesmo sofrendo?

Suspirei longo e pesado, parecia até mentira que depois de tudo eu estivesse naquela situação. Estava bem com Taehyung e longe de Taeyong, finalmente me sentia cuidado, bem, valorizado. Mas ao mesmo passo, tudo o que ele representava ali em minha frente, daquele jeito, me fez ceder em ouvir o que ele tinha para me dizer.

— Tá, tudo bem... — soprei exausto. — Onde você quer conversar?

Vi seus olhos se iluminarem um pouco e um pequeno sorriso brotar em seus lábios.

— Pode ser na praia? Sei que você gosta muito do mar e da areia, talvez seja um bom lugar pra gente colocar a cabeça no lugar...

— Ok... vamos então.

O Seokjin de algum tempo depois diria para esse Seokjin, estúpido e que concordou com isso, que ele era um imbecil. Eu sequer me preocupei com muitas coisas naquela hora, só desliguei a TV, peguei um casaco e meu celular, fechei a porta e segui Taeyong pelos corredores do alojamento até chegarmos em seu carro, que estava estacionado na frente do prédio.

Eu nunca havia entrado no carro dele, nunca havia passado de outro lugar ao seu lado que não fosse os lugares péssimos em que nos encontrávamos. Nunca soube qual era a sensação de sentir a brisa salgada pela janela de seu carro, ouvir música ao seu lado e sorrir enquanto passeávamos. Mas não seria assim naquele dia também, pois a partir do momento em que sentei no banco do passageiro e ele assumiu o do motorista, um silêncio incômodo e péssimo preencheu o ambiente.

Double Trouble  | TAEJINWhere stories live. Discover now