Memórias - Part2

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Harry Styles

Lavei minhas mãos ensanguentadas no banheiro, a água escorreu rosa por um tempo, tive lapsos do que fiz, estraguei meu quarto, joguei parte da mobília e de minhas coisas fora, principalmente as coisas que ganhei dele. Eu tinha vontade de chorar, mas as lágrimas pareciam ter secado, lavei o rosto algumas vezes, meu cabelo estava terrível e creio que não daria jeito agora. Os passos adentram meu quarto, agora eu sabia que teria de lidar com isso de uma vez por todas.

— Harry. - Uma mulher que eu nunca vira antes apareceu na porta. - Fiquei calado, sentindo ador na ponta dos meus dedos. — Podemos conversar sobre o que aconteceu?

Fechei a cara de desgosto, a mulher mantinha a pose altiva. Eu não teria escolha, teria?

— Eu sei que está chateado comigo Hazz. Eu sei que nunca vou compreender o que você passou, mas eu fiz de tudo,  juro por Deus que...

— Mãe.  - A interrompi. — Nunca poderia ficar chateado com você. - Tentei passar ternura para ela, não sei se obtive sucesso. — Você me protegeu, você sempre foi tudo que eu precisei e mais um pouco. Meu porto seguro.

Minha mãe deixou escapar algumas lágrimas e beijou o topo de minha cabeça.

— Estou com ódio dele. Ele foi embora e eu pensei que... pensei que, ele tinha nos abandonado,antes fosse... - Suspirei para me acalmar. — Porque o deixou ir?

— Porque eu fui uma idiota Hazz. - Mamãe piscou algumas vezes. — Nós sempre quisemos um filho e sete anos depois eu tive você, já sem esperança alguma. Me apaguei as lembranças que tínhamos, ele sempre foi bom, nunca imaginei que ele... - Sua voz morreu, ela tomou fôlego e continuou. - Foi um choque tão grande que só tive forças para mandá-lo sumir e não aparecer mais.

Mamãe segurou o choro, limpou o rosto um pouco molhado. Sei que ela sofria, mas eu sofria mais e vê-la chorar não ajudava muito. Talvez soe egoísta, mas o momento de sofrimento era meu, as lágrimas eram minhas, a tristeza me pertencia. Antes de levantar do sofá, ouvimos batidas na porta. Ignorei a visita, meus pés cansados se arrastavam pela casa, a voz dele me fez parar. Estava com um peso horrível, Louis tentou me ajudar e avancei feito um louco contra ele. Andei de costas mesmo até a sala. Virei devagar, estava com uma enxaqueca jamais sentida antes.

— Trouxe isso para você. - Pendi a cabeça de lado, ele estendia uma caixa de bombons, minhas mãos estavam cruzadas no peito, eu queria pegá-la mas não encontrei forças.

— Obrigado. - Minha voz sem vida. Até para mim.

Ele sorriu sem graça, mamãe pegou o presente. A porta ainda estava aberta, Louis pôs as mãos no bolso da calça, o silêncio era estranho. Pois eu tinha vontade de falar, todavia, nada escapava de minha boca.

— Eu...vou terminar a revisão de estoque da loja. Fique a vontade Louis. - Mamãe se retirou rapidamente da sala.

Ainda estava inerte, Louis deu dois passos premeditados para frente, como se estivesse lidando com algum bichinho selvagem. Eu não movia um músculo, apesar da vontade de faze-lô.

— Acho que não é uma boa hora. - A voz dele era calma, compassada. — Espero que esteja melhor.

Ensaiei um passo cuidadoso, pisquei e senti meus olhos pesarem. Passei por ele devagar, ele parecia confuso, mas me acompanhou. Sentei na cadeira de balanço, senti um pouco de frio. Louis fechou a porta e sentou no banco a minha frente.

— Você conheceu meu pai? - Eu estava rouco, minha garganta doia.

— Desmond e eu conversamos pouco. Ele me ensinou jogar bola e me deu conselhos sobre garotos e garotas uma vez. - Louis pigarreou.

Born To Me 》Larry Adaptation Onde as histórias ganham vida. Descobre agora