Treinamento II

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-Qual a principal diferença entre um porco e um humano, Damian?- perguntou Talia, com um chicote em mãos, aguardando ansiosamente a resposta do garoto:

- Ambos grunhem quando sofrem dor, e a diferença seria que o porco compreende que será morto e humano, nunca acredita.

- Está correto, mas seu tom foi impertinente - murmurou Talia, descontente, apertando firme a empunhadura do chicote.

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O Jovem encostou sutilmente o pé na garganta de Tim, olhou diretamente para Morcego.

- Por quê? - indagou Damian, aqueles ferozes olhos esverdeados estavam o analisando, como se a próxima palavra que fosse proferida determinasse o destino de Tim.

- Eu mandei parar - o tom na voz de Bruce era autoritário e áspero, seus ombros estavam arqueados e apertando seus punhos com bastante intensidade, mesmo Dick que acompanha Bruce por anos a fio, poucas foram as situações que o vi tão transtornado como agora.

Acatando a decisão do Morcego, Damian retirou sua perna e prostrou-se com o peito levantado, e as mãos juntadas em encosto de sua lombar. Dick automaticamente se dirigiu à Tim, perguntando se estava bem ou se precisava de algo.

- Não – respondeu Tim em tom baixo.

Todos saíram do jardim, menos Damian , que não se moveu ou mudou de sua posição, como se estivesse aguardando algo. Percebendo esse fato pela imensa janela da cozinha, Alfred, foi de encontro com seu patrão no escritório. A ampla escrivaninha de Bruce estava lotada de papéis, enquanto ele estava sentado no outro canto, em uma poltrona de frente com a lareira, que, segurando alguns papeis e murmurando para si mesmo.

- Logo iras esfriar, e Ele ainda está lá, creio que esperando pelo Senhor. - disse Alfred, retirando os documentos das mãos do Morcego.

-Estou ocupado, fale você com ele, diga para entrar ou algo do gênero – proferiu Bruce, retirando grosseiramente as folhas que haviam sido pegas.

Alfred, descontente, foi de encontro com Damian, o menino estava esperando fazia-se mais de quatro horas, mesmo quando foi chamada para almoçar, não se moveu e ficou aguardando. A mente do velho mordomo estava a mil, pensando em diversos sermões que falaria ao Jovem, caso se recusasse a entrar na mansão. Damian, percebendo a presença de Alfred, que estava bufando e com passos pesados, apenas olhou para o mordomo e proferiu:

- E a punição? – em tom monótono, como se estivesse dando "bom dia" .

As sobrancelhas de Alfred se arquearam por alguns instantes, e então, acalmou-se sua mente e proferiu em um tom afetuoso:

- Não haverás qualquer punição, o que desejas comer, Jovem Mestre?

Just a boyWhere stories live. Discover now