Capítulo 4

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Luana



Acordo no susto com a campainha tocando, levo alguns minutos para poder me sintonizar novamente no meu corpo, só quem acorda no susto, com alguém gritando, o telefone tocando ou a campainha estridente, sabe como essa sensação é ruim.

A campainha continua insistindo, levanto e vejo Salem deitado aos pés da minha cama.

— Seu folgado já tá na minha cama como assim? Tá... Tá tudo bem, com você, eu divido a cama!!!

Desço correndo as escadas como uma louca, quase tropeçando no carpete, e caindo de cara no chão, gritando um já vai!!! Abro a porta esbaforida com os cabelos como uma juba leonina indomável tomando conta de tudo e dou de cara com a minha tia!? Minha tia Faustina? Pera como assim?

— Tia Faustina? — Esfrego o rosto ainda com sono, para ver se tô vendo bem.

— Não vai me deixar entrar? Temos muita coisa para conversar!!! — Ela secamente vai direto ao ponto.

Abrindo a porta totalmente dou passagem para ela entrar, acho que a última vez que vi a minha tia Faustina eu deveria ter 17 anos foi no meu aniversário e de relance, e nunca mais a vi, ela sempre foi a mais distante da família, posso contar nos dedos às vezes que eu a vi.

— Entra, fica à vontade! — digo enquanto caminho para a cozinha e ela me segue.

— Aceita um café? Água? — Pergunto ainda tentando entender o que a tia "fantasma'' da família está fazendo aqui! Até parece trava-língua "fantasma, Faustina... Faustina, fantasma..." será que consigo repetir três vezes bem rápido sem enrolar a língua? Mas logo sou tirada dos meus devaneios quando ela continua...

— Não muito obrigada, ou melhor, aceito! Temos tanta coisa para conversar que acho que um café vai ajudar.

Deixo ela por alguns instantes na sala enquanto corro para passar uma água no rosto e escovar os dentes e prender a juba. Já na nossa pequena cozinha, enquanto passo um café rapidamente, e mexo nos armários procurando alguns biscoitos ou pães para oferecer alguma coisa para a "visita", lembro do bolo na geladeira e monto a mesa rapidamente para gente.

É tão estranho sentar na frente da tia Faustina, ela entre às três irmãs sempre foi a mais misteriosa, vi raríssimas vezes posso contar nos dedos e a última vez que a vi e conversei algo mesmo que superficial eu tinha 7 anos e depois no meu aniversário de 17 só vi sua silhueta de relance, imagina agora estou com 21.

— Vim o mais rápido que pude, preciso saber até que ponto você já sabe de toda a história e se os livros estão seguros! — Levo o maior susto do mundo, como assim ela sabe dos livros? Pelo pouco que consegui ler no diário, os livros eram segredo, eu mesma só descobri tudo agora. Levo alguns minutos analisando a sua expressão séria, decidindo se falo com ela sobre os livros ou não.

— Olha, eu só fui descobrir os livros ontem, sei muito pouco ainda e o pouco que sei eu já estou bem confusa! — Digo a ela com sinceridade, pois realmente essa história me deixa bem confusa ainda.

— Pois acredite em tudo o que você leu, em tudo que você viu até agora, eu preciso saber se os livros estão seguros, isso é muito importante! — Ela realmente parece muito preocupada!

— Eu não sei nem se eu podia estar falando sobre isso com você, pelo que li isso é extremamente sigiloso, como vou saber se você não é uma das pessoas que eu não posso confiar?

O Feitiço da Lua - Degustação Where stories live. Discover now