Abraço

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A quentura de minas estava eminentemente sobre os meus braços e pernas, o primeiro jogo da final foi sofrido, ganhamos de 3-2 e sentimos a pressão que é este campeonato, apesar de ser pra lá das 21:30 da noite, estávamos fervendo, poderia dizer até febril, o primeiro set está sendo horrível, não estamos encaixando as coisas, estamos errando o simples e é isso que deixa o Stefano puto.

Após o set fechar em 25-17, percebo que o Praia Clube não está pra brincadeira, minhas mãos estão molhadas de suor, sento no banco e fico as encarando enquanto ouço atentamento todas as instruções do Stefano.

— Arquibancada, lado esquerdo. — Mara sussurra disfarçadamente em meu ouvido e isso me deixa convicta que é algo sério, Mara não sabe disfarçar nada, ela é tudo que é em extravagância, ao olhar de soslaio para minha lateral consigo enxergar alguns meninos bem famosos no nosso mundo do vôlei, e ele estava lá, lindo e encantador como sempre, Bruno não teria ideia que eu o namorava por pensamento, e jamais saberia que eu o acho um tudo de bom.

Macrís dá uma risadinha de leve e eu reviro os olhos para ambas como se ele não me atingisse em nada, preciso voltar com foco total no jogo, esquecer que ele estava por ali, eu não preciso de um namorado e muito menos do Bruno, eu preciso ser campeã e ser convocada para as olimpíadas de Tokyo.

O segundo set quase que perdemos por um tris, 23-25, com essa vitória conseguimos respirar mais aliviadas para o set seguinte que ganhamos com um grande diferencial de pontos, 14-25, Praia Clube caiu de rendimento no terceiro set e aproveitamos todas as oportunidade possíveis, eu era a maior pontuadora de bloqueio pelo time, isso que eu não era nem uma das mais altas, meus 1,81 de altura era mediano com base nas jogadoras do time.

Em um momento do terceiro set em um levantamento que eu faço a bola acidentalmente escorrega das minhas mãos e acontece os dois toques, ponto do Praia Clube, Stefano pede tempo, naquele momento isso não poderia acontecer, estávamos de ponto em ponto com elas, muito colados, fico parada por alguns segundos sem saber o que fazer com o suor de minhas mãos, isso foi um erro gravíssimo que nenhuma levantadora deveria ter.

— Dai? — Gabi chama minha atenção
Ainda continuo pensando na porra que aconteceu agora, e eu sei que não posso jogar com uma toalhinha em mãos, não sou a merda de uma princesa que precisa desses mimos, fico meia perdida em pensamento.

— Dai? — Stefano grita com força e eu o olho.
— A bola escorregou — Falo com voz baixa.

Escutamos murmúrios atrás de nós, a torcida grita, mas ali era um grito de querer chamar atenção, vejo os meninos junto com o bruno gritando coisas que eu não consigo distinguir, pelo jeito nem eu e nem as meninas.

— USA A TOALHA, A TOALHA. — Chego um pouco mais perto com uma cara de confusão e a Mara vem atrás comigo enquanto a Macrís e as outras nos observam.
— FALA PRA ALGUÉM JOGAR UMA TOALHA PRA VOCÊ DURANTE O JOGO, AI VOCÊ VAI LIMPANDO A MÃO. — Bruno fala e eu não sei se me concentro na dica ou na voz com o sotaque mais gostoso que eu já ouvi, o carioquês.
— ISSO MESMO, O BRUNINHO FAZ ISSO TODA HORA — Lucarelli diz.
— Mas aí eu vou parecer você — Protesto.
— PODE DEIXAR QUE EU SUPERO VOCÊ ME COPIANDO — Bruninho malditamente pisca pra mim e eu solto um sorrisinho enquanto em afasto, consigo ainda ver o Lucarelli dando um tapinha na nuca dele, esse menino tem cara que vai me trazer um monte de problemas, uma tonelada na verdade, mas não me importo com isso por agora.

Macrís combina em jogar a toalha pra mim toda vez que eu pedir, e assim se reinicia o terceiro e espero que seja o último set, durante o jogo sinto minhas mãos suando e apenas com um olhar a Macrís me joga a toalha e 2 segundos depois já está na mão dela novamente.

Em sua reta final o jogo começa a ficar tenso, tanto elas quanto nós estamos lutando bravamente para levar esse set, por isso está ponto a ponto, em um deslize tudo por ir por água abaixo, mas foi no nosso terceiro matchpoint que eu junto com a Mara bloqueamos uma bola da Fernanda Garay e ganhamos, sim ganhamos, NÓS GANHAMOS PORRA.

O som do apito entra pelos meus ouvidos e eu solto um grito de alívio, enquanto algumas lágrimas já caem e deslizam sobre minhas bochechas, começamos a nos abraçar freneticamente e pulamos umas nas outras, a felicidade era diferente de tudo que eu já senti em minha vida, o sangue que circulava pelas minhas veias nessa hora da noite, era um sangue puro e vibrante, um sangue que me fazia querer correr, pular, gritar e fazer milhares de ousadias, queria ir pra balada, queria encher a minha cara até ligar para algum ex fodido que eu tenho ou tive, queria de alguma forma expor a minha felicidade pro mundo inteiro ver, queria, pela primeira vez ser o centro das atenções, mas o que eu ganhei nesse momento foi outra coisa.
Vejo que alguns torcedores invadiram o campo e Douglas que eu conheço bem da seleção olímpica em me cumprimentar, me sinto privilegiada em ver tantos atletas de grande porte vindo me parabenizar por um título que pra eles é quase nada, fala sério, eles são campeões tanto mundiais quando olímpicos, e é conversando com eles que eu sou pega de surpresa quando o Bruninho chega ao meu lado.
Bruno parece mudar a atmosfera do ambiente e seu sorriso trava o meu maxilar, tudo parece estar em câmera lenta por agora, Macrís chorando ao lado do grande amigo Lucarelli, Lucão e Douglas gargalhando com a Mara, até a Natália aquele momento estava se divertindo com as meninas e a Gabi chorava feito criança, e eu estava parada feito besta, vendo o moço da piscadinha me desejando parabéns e me abraçando, um abraço forte, aconchegante, em matéria de abraçar ele é perfeito.

Bruno me aconchega em seus braços e eu penso em me soltar, porém me permito sentir essa sensação por mais alguns segundos.

— Você foi excelente. — Bruno segura minhas mãos como se fossemos íntimos
— Vindo de você, eu irei acreditar e começar a me gabar para as pessoas — Solto uma risada enquanto tento não encarar seus olhos castanhos tão profundamente.
— Você tem todo o direito disso — Ele solta uma gargalhada gostosa e não consigo não acompanhar.
— Te vejo em Tokyo? — Bruno diz
— Estarei por lá de alguma forma.
— E na festa pós título?
— Vai ter que pagar pra ver.

Vou dando passos pra trás já mostrando que tenho que ir comemorar com meu time e com minhas amigas, pela primeira vez sinto que tenho uma família. Uma família do vôlei.

— MANDA UM ABRAÇO PRO SEU PAI E DIZ QUE EU SOU FÃ DELE.

Bruno ri com o grito que dou por estar longe dele, dou um tchauzinho e corro até as meninas, agora sou uma campeã e tenho que aproveitar cada momento da minha taça.


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Eita que o nosso Bruno apareceu, eita que vai ter um after, eita atrás de eita....

Para sabermos mais sobre a festinha e o que irá ocorrer ( prometo fortes emoções ), quero bastante comentário e feedback que eu fico bem feliz.

Um beijo minhas queridas 🥰

Disputa - Bruno Rezende (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora