Ainda dói

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A voz potente do Bruno faz o menino na minha frente travar, consigo me desviar e sair do seu toque sujo e me sinto nojenta, não pela roupa suja de cerveja, e sim por esse assediador ter tocado em mim.

— Cara, sou seu fã. 

O menino realmente disse isso, pela primeira vez olho para o Bruno que está com as mãos apertando seus bolsos e de cara fechada, mal parece o cara alegre que agrada todo mundo. 

— Vaza daqui.

Bruno é bem direto em sua fala, está para poucos amigos e eu também não estou com paciência, preciso ir embora, a festa acabou pra mim faz tempo e depois de tudo isso, a minha situação piorou.

—É igual dizem, esses atletas são tudo mimadinho mesmo, pau no seu cu cara.

Bruno permanece em silêncio e ainda encara o rapaz, que pelo jeito não aparenta ter medo do Bruno. Bruno além de ser mais alto, era mais forte, o cara até que tinha altura mas ao lado do Bruno, era magro. O rapaz se vira para ir embora e percebo que a paz voltará a reinar por aqui, mas a vida tende a acabar com as nossas boas expectativas não é?

— E você gatinha, um dia a gente se encontra.

O vagabundo deu um tapa na minha bunda e pensou realmente que ia sair andando como se nada tivesse acontecido? Não tive tempo de reação, Bruno pulou e o pegou pelo colarinho da camisa enquanto o jogava na parede, o baque foi forte, ouvi o barulho daqui e com toda certeza deve ter doído, a cara de dor do menino não engana.

— Eu vou acabar com você.

Bruno soa frio, frio demais. E eu vejo exatamente a hora que ele fecha seu punho e começa a desferir socos na cara do rapaz, ele o mantém em pé, mas não por muito tempo, o rapaz não aguenta a pressão de muitos socos sendo dados a sua face e desmaia. O corpo do bruno se esquiva para ir pra cima do menino de novo mas eu não deixo, entro na frente e aperto minhas mãos em seus bíceps e peço pra ele parar, tudo isso já foi o suficiente.
Chamo a polícia para não deixar isso impune, imagina o susto das pessoas quando viram a viatura e os policiais entrando no estabelecimento, Bruno apenas sai quando os policiais chegam e me deixa por ali sozinha, creio que ele tem ideia que já salvou o dia, não precisava mais ficar por ali.

As meninas vem até mim e eu explico meio por cima o que aconteceu, a carinha de preocupação delas aquece meu coração, realmente elas eram minhas amigas e estavam ali porque gostavam de mim e me queriam por perto.

Tenho que implorar que agora está tudo bem e que eu vou com os policiais só para registrar o B.O certinho, as imagens das câmeras já foram captadas, meu único medo era sobrar pro Bruno, mas na realidade aqui é o Brasil e ele é adorado por todos e é por isso que o policial exclui essa parte da filmagem e apenas diz que o rapaz que me assediou " caiu da viatura ".

Vou com meu carro seguindo os policiais até a delegacia, conto todo o ocorrido e o cara vai preso, agradeço o atendimento e vou saindo dali, ainda molhada, suja e agora que percebo que minha T-shirt ficou transparente depois da bebida, meu sutiã graças a Deus é branco o que faz não ficar tão visível, mas ainda marca.

Vou descendo os degraus da escada e levo um susto a constatar que Bruno estava ali, encostado ao meu carro enquanto um lufada de vento me faz tremer de frio, culpo o vento, mas meu corpo sabe que essa reação é por causa dele.

— Fica tranquilo que não sobrou nada pra você. E como não deu tempo se te agradecer antes, eu agradeço agora, não sei o que iria acontecer se você não tivesse chegado, talvez eu correria ou gritaria ou algo do tipo, enfim, obrigada.

— Não vim por medo de alguma coisa, vim por você.

Abro minha boca e não sei muito bem o que dizer, ele continua me encarando e consigo ver a tristeza das coisas que eu o disse a algum tempo atrás, em seus olhos. Ele continuava magoado com toda a razão, mas estava ali por mim, por alguma coisa, não sei o que era mas ele estava ali.

—  Veio de carro?, quer uma carona?
Tento quebrar o gelo.
— Meu carro não está comigo, e, posso dirigir?
— Claro

Entrego as chaves do carro a ele e penso aonde estará o seu, na hora minha cabeça vê as possibilidade de estar com ela, Alessia, e penso também que uma hora ou outra ele irá buscar, e com isso, igual foi comigo, eles podem transar. Afasto esses devaneios de mim e me concentro no caminho que ele está fazendo, não sei se ali é a hora de pedir desculpas a ele e não sei se vou ter a coragem que preciso para fazer isso.

— Eu realmente não sei como dizer isso, ou como começar isso, nunca fui muito de sair ou me envolver com as pessoas, tanto em amizade quanto da forma que estávamos indo só quero que saiba que eu não sou terrível do jeito que você está pensando….

Vejo ele apertar as mãos ao volante e fazer um caminho diferente da minha casa. 

— Eu sou falha, e confesso que errei ao mencionar todas aquelas palavras a você em um momento meu, e somente meu, de tensão e dor, eu não deveria ter te machucado daquele jeito, não deveria ter agido como uma menina que não sabe escutar um não. Assumo totalmente a culpa do erro que cometi, você não é aquilo.

Ele freia e vejo que para em frente ao um hotel, percebo que seu carro está na frente do meu e Alessia está encostada na porta do motorista. Ela olha para os lados parecendo esperar alguém, estava esperando ele.

— Eu não consigo esquecer, todo vez que eu te olho eu me lembro e dói. Você é sim uma pessoa terrível.

E com isso ele sai do carro sem me dar a chance de implorar seu perdão, vai ao encontro de Alessia, a abraça e entra no hotel ao lado dela.

Ele me deixa lá sozinha, e com o coração pesado.

Coração que era dele, só que por agora, foi jogado ao lixo.

Não ser convocada doeu, só que isso, me matou.

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Oi minhas gatinhasss, como vocês estão???

Tenho uma novidade, o próximo capítulo será um POV do Bruno, ele mostrará como se sentiu e está se sentindo em relação a tudo que está acontecendo, estou bem ansiosa para escreve-lo

Como sempre, peço ainda mais comentários, e digo que quem tiver vergonha, pode mandar via mensagem. Eu amo ler todos os comentários e isso me alegra demais a escrever cada vez mais e mais.

O drama desses dois mal começou e espero que a história esteja boa e prendendo a atenção de vocês

Super beijosss 😘❤

Disputa - Bruno Rezende (CONCLUÍDA)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora