Apolo - Capítulo quatro

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A lembrança me incomodou tanto quanto a lufada de água que atingiu meu rosto, antes que eu tivesse tempo de sequer de me colocar em pé novamente na piscina.

Por um momento, olhei assustado para o lugar de onde veio toda aquela água e percebi que alguma coisa emergia. Cabelos loiros, muito loiros, subiam até a superfície. Todo o ar do meu corpo se tornou pesado demais para simplesmente sair em uma lufada, até que o rosto tomasse a forma de uma criança loira de uns dez anos de idade, eu não consegui respirar.

Meu corpo tremeu com a situação. Encarei a criança loira por mais alguns minutos, antes de me dar conta que estava sendo completamente ridículo.

Ela não sabe onde você está. — tentei colocar em minha mente, repetindo várias e várias vezes até quase chegar em minha suíte, momento em que fui interrompido pela voz aguda de Gina.

— Eu não consigo acreditar que ainda não está pronto! Estava na piscina? — me virei e fiquei pasmo. Gina usava um lindo vestido azul bebê. Na frente ele ia apenas até o meio de suas coxas grossas, mas atrás ia até o chão e se arrastava por alguns dez centímetros.

Seus cabelos castanhos da mesma cor dos meus estavam presos em um penteado mal feito e uma maquiagem leve porém brilhante que realçava seus traços.

A cor azul ainda me enjoava um pouco, mas minha irmã parecia uma princesa.

— Uau, você está incrível! — disse sem poder conter o sorriso. — Já disse o quanto eu amo o fato de você ser lésbica?

Sua raiva estava estampada em seus olhos, mas ela não deixou de rir.

— Apolo, apenas tome um banho e desça correndo, está bem? Eles entram em meia hora, seria muito deselegante você se atrasar. — disse virando as costas e seguindo pelo corredor.

Havia uma roupa passada sobre minha cama; uma bermuda social azul escura e uma camisa social em um tom de azul bebê, com toda a certeza uma escolha de Gina.

Tudo tinha que ser azul naquele lugar? Era o que, um paraíso Avatar?

Tomei um dos banhos mais rápidos da minha vida e coloquei a roupa, me sentindo uma versão do Ken moreno e humano. Não tive muito tempo de ajeitar os cabelos com gel quando meu celular tocou pela terceira vez, e eu saí correndo em direção à praia.

Todos os convidados estavam sentados, o noivo estava no altar de costas, e uma dama de honra entrava com uma criança de colo que parecia cansada. Pensei em inúmeras formas de chegar discretamente ao lugar onde Bela estava, mas não havia nenhum outro caminho que não fosse pelas pétalas de rosas brancas jogadas na areia.

Claro que seria menos ignorante que eu no mínimo esperasse a noiva entrar e o casamento começar para passar tamanha vergonha.

A marcha nupcial tocava em uma versão diferente das que estamos acostumados a ver na televisão, e então a noiva chegou. Não parecia ser muito alta e usava um vestido longo branco de alças finas e costas nuas. Os cabelos estavam presos num véu fino, porém longo como o vestido. Não pode ver muito de seu rosto, mas quando um homem idoso a entregou ao noivo senti que era um bom momento para entrar.

Todos olhavam para frente, para o casal no altar ouvindo as palavras do padre. Caminhei rapidamente até a cadeira ao lado de Bela, que sorriu de alívio ao me ver.

— Não quero! — gritou uma voz infantil, sentada na primeira fila. Por que as pessoas insistem em trazerem crianças em casamentos?

Continuei tentando passar entre as pessoas para finalmente me sentar em meu lugar, mas a sequência de acontecimentos em seguida não me permitiu finalizar meu movimento a tempo.

A primeira coisa que aconteceu foi a criança começar a chorar, com aquele choro manhoso de quem realmente não está gostando de algo. Depois, a mulher com a criança no colo se levantou da cadeira na primeira fila, disposta a sair dali para que a criança não atrapalhasse a cerimônia.

A terceira coisa, mas não menos importante; a noiva se virou e olhou para a criança chorona, sorrindo, e antes de voltar seus olhos para seu noivo, eles se prenderam aos meus.

E nada mais ao meu redor existia, a não ser a imensidão azul dos olhos de Alpha Moody, vestida de noiva, linda como nunca, me encarando com completo pavor.

Mas a série de acontecimentos não terminou por aí. Em segundos seu noivo me encarava, tentando descobrir o que havia capturado a atenção dela. Willian segurava as mãos de Alpha no altar. Aquele Willian.

No mesmo instante a mulher morena se virou de frente, procurando para onde Alpha olhava, e me encontrou, ficando pálida no mesmo instante que acomodava a criança em seu colo.

Louise.

A mão de Bela agarrou a minha e a puxou para baixo, fazendo com que meus joelhos cedessem e eu finalmente me sentasse, mas ainda haviam três pares de olhos completamente apavorados sobre mim: Louise, Willian e Alpha. Três das três pessoas que eu esperava nunca mais precisar encarar em minha vida.

Aquele era o casamento de Alpha Moody com Willian Clarke, e eu era quase um penetra.

Trajeto Paralelo - Alpha e Apolo | Parte IIWhere stories live. Discover now