Alpha - Capítulo dez

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Meu peito subia e descia rapidamente, em parte graças a corrida que havia dado do quarto de Apolo até o meu, e pelo completo desespero no qual me encontrava.

Meu vestido cheirava a seu perfume único e seu toque estava preso em cada parte do meu corpo, que ainda pegava fogo. As lagrimas vieram com brutalidade assim que encostei minhas costas na porta da minha suíte, me sentindo derrotada.

A cama estava feita e não havia sequer sinais de Alice por ali, então provavelmente Lou havia cumprido o que pedi, e levado ela para sua suíte. Eu estava sozinha.

Me permiti arrastar meu corpo até o grande banheiro e encher a banheira de hidromassagem. Se eu fosse me entregar completamente ao sofrimento que fosse dentro de uma hidro maravilhosa com os sais de banho que havia ganho de cortesia.

Suíte nupcial, que palhaçada. — pensei comigo mesma enquanto permitia que a água me cobrisse e massageasse meu corpo, trazendo junto a sensação relaxante e uma enxurrada de lagrimas.

Desde que coloquei meus olhos em Apolo na cerimônia, sabia muito bem o que eu queria e precisava: ele.

Mas também sabia que ele era a única coisa que eu não poderia ter naquele momento. Mesmo assim, eu fui. Implorei que me tirasse da areia quente da praia e me levasse para sua suíte. Pedi que fizesse amor comigo, não uma e sim duas vezes seguidas. E se alguém me perguntasse nesse momento se eu estava satisfeita, se havia sido o suficiente, diria que nunca teria o suficiente de Apolo Porches.

O destino sempre fora cruel comigo quando se tratava de Apolo. A ligação de Emily e a quebra de sigilo médico eram prova disso, quando me ligou dizendo que tinha um paciente que me conhecia.

Emy era uma ótima terapeuta e uma de minhas professoras da faculdade. Acabamos mantendo contato quando o curso finalizou e cerca de um ano e meio atrás soube pela boca da própria que Apolo estava se consultando com ela. Ela nunca me contou nenhum conteúdo das consultas, mas eu havia descoberto algumas coisas.

Suas consultas eram extremamente frequentes no começo, cerca de quatro vezes por semana Ela havia receitado alguns remédios tarja preta nos primeiros meses de consulta, mas recentemente haviam reduzido as doses e a frequência. Ele parecia estar melhorando, mas quando senti sua respiração se acelerando, a forma como ele respira fundo inúmeras vezes quando parece um pouco confuso, os remédios que tomou depois de estarmos juntos, pensar em tudo isso me fez refletir se a verdadeira culpada por todas aquelas consultas e medicamento realmente era eu.

Temia descobrir que sim, saber que eu havia feito aquilo com ele me arrastaria diretamente para o fundo do poço.

Um lugar que cheguei mais perto do que gostaria, e provavelmente teria abraçado se não fosse por Alice. Ela era a minha salvação. Claro, Will e Louise também tiveram seus papeis nisso tudo.

Pensar em Will fazia meu coração se apertar mais um pouco. Eu havia prometido a ele que tentaria, e quebrei a promessa no primeiro dia de validade. Isso devia ser algum tipo de pecado, não?

Batidas suaves na porta do banheiro anunciaram que eu não estava sozinha.

— Entre. — seja quem for.

A cabeça de Louise apareceu pela fresta da porta, ainda maquiada, porém aparentemente cansada. Alice provavelmente teve problemas novamente para dormir.

— Ela te cansou, não foi? — perguntei, sorrindo.

— Ela me destrói completamente. — disse sorrindo e se sentando na tampa do vaso — Mas está dormindo como um anjinho e tenho muita fé que só vai acordar amanhã.

Sorri, porém não consegui disfarçar minha tristeza.

— Estava com ele? – perguntou, me encarando receosa.

— Sim. — disse respirando fundo. — Fizemos amor. — completei deixando mais uma lagrima rolar.

— O que pretende fazer agora? Vai contar?

— Eu não sei, Lou. — disse permitindo que mais lagrimas rolasse, abraçando as pernas contra meu corpo. — Acha que ele vai me odiar?

— Sim, eu acho. — disse de forma sincera. — Mas eu não o conheço mais, e nem você. Alpha ele se afastou de todos e se isolou com os irmãos, eu sinceramente não sei qual reação esperar dele. Ele pode simplesmente aceitar a ideia e querer vocês duas por perto, como pode também pedir para que nunca mais apareçam na frente dele. E acredite, você só vai saber se contar.

Permiti que mais algumas lagrimas rolassem, tentando pensar na melhor forma de fazer com que Apolo recebesse a notícia que eu pretendia lhe dar, completamente destruída internamente, sem ideia do que faria.

Louise me olhou com seu melhor olhar de piedade antes de sair do banheiro, me deixando sozinha com minha dor.

Dor que eu mesma me causei. — pensei comigo mesma.

Sai do banheiro alguns minutos depois envolvida em um roupão felpudo, agradecendo que Will não estivesse no meu quarto. Alice dormia em minha cama envolvida por alguns travesseiros para evitar que caísse da cama caso se virasse. Os cabelos castanhos da cor dos do pai eram curtos e enrolados nas pontas, mas ela tinha meus olhos azuis.

Sua personalidade refletia traços de Apolo quando éramos mais jovens. Ela era uma criança quieta e até um pouco solitária, mas que estava sempre aprontando alguma.

Alice era completamente apaixonada por Louise, que foi sua madrinha de batismo e acompanhou seu crescimento desde que soubera da gravidez, tanto de perto quanto de longe. O que seria de mim sem minha prima nos últimos anos? Éramos família. Eu, ela e Apolo.

Coloquei um vestido leve e sai do meu quarto atrás da pessoa que eu sabia que me daria o melhor conselho para o momento. Bati na porta do quarto ao lado do meu que logo, se abriu, revelando um peitoral de tirar o folego.

— Precisa conversar? — perguntou Will, um pouco cabisbaixo.

Sim, ele havia se tornado meu porto seguro. E claro, agora marido.

Entrei em seu quarto ao mesmo passo que minhas lagrimas começaram a rolar, e em segundos Will me acolhia em seu peito em um abraço reconfortante.

— Quer me contar o que aconteceu entre vocês? — disse calmo, enquanto uma mão acariciava meus cabelos.

— Nós transamos — disse entre soluços. — e foi maravilhoso.

— Que mulher é você que chora depois de um sexo incrível com seu ex-mais-incrível-ainda? — disse rindo.

— Uma idiota. — procurei por seus olhos. — Will, acha que eu devo contar para ele?

Will me olhou com tristeza no olhar, como se estivesse tomando uma grande decisão, refletindo se devia ou não responder aquela pergunta.

— Querida, acho que você devia ter contado há muito tempo e sei que sabe disso. Ele tem direito de saber. — bufou. — Mas eu não sei até que ponto vale a pena arriscarmos o bem-estar de Alice com isso. Apenas, tome a decisão que for melhor para vocês duas, está bem? Não posso te manter aqui comigo, infeliz. Quero que saiba que seja qual for sua decisão, eu vou te acobertar nessa. Seu pai não tem mais controle de você, sabe disso.

Sim, eu sabia que aquele sim no altar foi mais que um casamento. Foi um passo de libertação para mim e Will. 

Trajeto Paralelo - Alpha e Apolo | Parte IIWhere stories live. Discover now