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Analisei o ginásio onde comecei a treinar. Vinha aqui com Yuuta quando eu tinha 4 anos e ele, 9. Eu ficava com as crianças mais novas.

A voz de Semi me tirou de minhas lembranças. "Eu treinei aqui. Quando eu tinha 5 anos, tive uma melhor amiga." Olhei para ele, fazendo as contas. Se ele tinha 5, eu tinha 4. O que significa que treinei na mesma época em que o acinzentado. "Vamos entrar. Continuo a história lá dentro." Esticou a mão em minha direção e eu peguei-a.

"Como vamos entrar? Está de noite..." escutei a risada dele. Como eu sentia falta de suas gargalhadas.

Três dias sendo ignorada eram suficientes para sentir sua falta... balancei a cabeça, afastando o pensamento.

"Eu tenho a chave." O garoto levantou o chaveiro e eu olhei espantada.

"Como?"

"Minha mãe é a dona." meus olhos se arregalaram mais.

"O que...?" Perguntei, queria ter certeza que não havia escutado errado.

Paramos em frente às portas de serviço.

"Ela é a dona desse lugar. A escola de vôlei é dela. Quando minha mãe terminou os estudos na Shiratorizawa, ela fundou essa escola junto com a melhor amiga, a mãe da Venturini." novamente fiquei surpresa.

"Não sabia que elas eram amigas." entramos no lugar, assim que ele abriu as portas.

"Tem muitas coisas que você não sabe, jovem gafanhota." ele fechou-as novamente, trancando.

Pegou minha mão me arrastando para o centro do local. Semi me deixou ali, enquanto ligava a lanterna do próprio celular para acender as luzes do ginásio. Quando tudo foi iluminado, meus olhos passearam pelo lugar, enquanto o acinzentado retornava.

Tudo estava exatamente da mesma maneira que me lembrava. As arquibancadas, os bancos, as cadeiras dispostas perfeitamente nas extremidades da quadra, as portas que levavam ao corredor e às quadras além...

Semi sentou no centro da que estávamos, de pernas cruzadas, dando tapinhas a sua frente para que eu fizesse o mesmo. Fiz o que pediu.

"Então você tinha uma amiga..." falei, indicando para que continuasse.

Ele suspirou. "Éramos melhores amigos. Fomos inseparáveis pelos 4 anos seguintes, até chegar um garoto estrangeiro com a minha idade. Ele se encantou pela garota e tentou se aproximar dela a todo custo..."

Minha mente foi fazendo algumas pequenas ligações, conforme ele contava. Lembrava-me de uma história semelhante...

"Ela era um ano mais nova que eu e os pais dele eram grandes amigos dos pais dela..." ele expirou pela boca, baixando a cabeça e então tudo fez sentido. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas não ousei interrompê-lo. Precisava ter certeza... "Então, um dia ela não veio mais. Eu tinha seu nome completo, mas ela me chamava apenas de Ei, porque dizia que 'semi é igual metade, ou seja, metade de Eita é Ei.' quando ela falou isso, tinha 4 anos, duvido que ela se lembrasse do meu nome todo e quando eu tentei ir atrás dela..." ele apenas balançou a cabeça, mas tive uma pequena noção do que pode ter acontecido.

Ei... aimeudeus... não era possível...Era?

"Eu sabia quem ela era, então acompanhava pelas revistas ou televisão. Se eu não podia me aproximar, podia ao menos vê-la. Acompanhei sua jornada sempre. E hoje descobri que acompanhei até a vida oculta... afinal, ela é a pessoa que me fez amar a música..." seus olhos estavam lacrimejando, assim como os meus, mas ele ergueu o olhar, encontrando meus olhos.

"Você mudou tanto nesses 7 anos..." sorri para ele, ainda com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. "Eu não te reconheci... e como eu podia? Eu lembrava do garotinho de cabelos negros, mais baixo que eu, todo tímido e desajeitado, usando aparelho nos dentes e que fugia da bola de vôlei sempre que podia. Não tem como fazer a ligação entre vocês..." limpei as lágrimas que ainda escorriam pelo meu rosto e ele fez o mesmo. "Você se tornou um homem... um belo homem..."

Diapason (Eita Semi x Reader x Shiratorizawa)Onde histórias criam vida. Descubra agora