•Capitulo 3•

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Dia do roubo - Sexta-feira 8:35 A.M

Minha respiração estava acelerada e eu ficava cada vez mais nervosa. Eu já fiz vários e vários roubos, mas esse não era como os outros, nesse nada poderia dar errado.

A mão de Berlim é colocada sobre a minha. Encaro seus olhos por debaixo da máscara, era como se ele soubesse o que eu pensava e sentia. Eu sorri para ele, mesmo sabendo que talvez ele não conseguiria ver.

Observo Rio tirar sua máscara e encara-lá com uma careta. - Quem escolheu as máscaras?

- Qual o problema das máscaras? - questiona Moscou.

- Elas não dão medo. - ele responde.

- E por que as máscaras tem que dar medo?

- Em todos os filmes de assalto, as máscaras dão medo. - o garoto explica, Denver tira sua máscara e começa a encara-lá.

- Bom, isso não é um filme. - falo.

- Zumbis, esqueletos, fantasma. Eu acho que.. - Rio para de falar, quando Berlim aponta uma arma para a cabeça dele.

- Com uma arma na mão, eu garanto que um maluco dá mais medo do que um esqueleto. - Berlim fala com a voz abafada pela máscara em seu rosto. Eu abaixo a mão dele que apontava a pistola em direção ao mais novo.

- Quem é o maluco do bigode? - Denver pergunta.

- É o Dali, filho. Um pintor espanhol. Um dos bons. - Moscou fala olhando sua máscara.

- Um pintor? - Denver pergunta e eu olho para cima.

- Sim. - responde Moscou.

- Um pintor que pinta? - Denver questiona novamente e eu olho para ele.

- Não, acéfalo, um pintor que cozinha. - debocho.

- Sabe o que dá medo de verdade? - Denver começa, eu reviro os olhos. - Os personagens infantis. Isso sim da medo. - Berlim tira a máscara e encara ele.

- Que personagens? - Andrés questiona.

- Pateta, Pluto, Mickey Mouse. Todos esses. - meu irmão responde.

- Que dizer que um rato orelhudo dá mais medo? - Rio fala e olha para Denver - É isso que está dizendo?

- É idiota. Que foi? Quer ficar arrebentado? - Denver ameaça e Moscou o Repreende. - Eu tenho razão. Ouça. Se um maluco tá com uma pistola e uma máscara do Mickey Mouse num assalto, vão pensar que ele está drogado e vai ser um puta massacre. Sabe por quê? - ele questiona. - Porque as armas e as crianças são duas coisas que não se juntam nunca, pai. Sim ou não?

- Cara, pensando assim, é mais perigoso não é? - Moscou fala e eu olho ele indignada. - Mais bizarro.

- Então, uma máscara de Jesus ia dar mais medo ainda. - Berlim fala e dá um leve sorisso sapeca.

- Por isso que dizem: "Quem vê rosto não vê coração." - meu pai fala.

- "Quem vê cara não vê coração." - Rio corrigi.

- Qual a diferença? - Moscou pergunta.

Quando foi que isso virou uma discussão sobre máscaras e personagens infantis?

Nairóbi e Tokio estavam retocando suas maquiagens e rindo baixo pela discussão inútil dos homem. Eu apenas revirava os olhos.

Tava na cara que o grupo precisava de mais mulheres. Uma mulher pode passar dois dias escolhendo sapatos para um casamento, mas jamais perderia um minuto escolhendo máscaras para um assalto.

Texas | Plano PerfeitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora