Gatunas à Venda | Jenlisa

002.II - Um Jogo de Soma Não Zero

- ELA NÃO ACEITOU!

Esta foi a primeira coisa que pude dizer, assim que avistei Jisoo e Rose sentadas nos balanços do imenso parque. Assustadas com minha chegada repentina - pois de acordo com minhas mensagens para Sooya, minha presença à reunião da SGG (Seita de Garotas Gostosas), não era para estar acontecendo -, imediatamente pararam de comer seus pães com carne e dessa vez, acompanhada de pipoca doce. Provavelmente a arma que Rose usou para fazer Jisoo sair de seus livros e ir ao parque em plenas onze da noite.

Inconformada com a resposta que me foi concedida, me sento no chão em frente aos balanços, enquanto minha mente dizia sete vezes a cada um segundo: "Maldita seja Lalisa! Maldita seja Lalisa! Maldita seja Lalisa!". Eu fiz uma das melhores proposta que ela poderia ter recebido, em três anos, na merda daquela escola e ela simplesmente recusa? Além de poder mostrar seu talento para inúmeras pessoas, isso poderia ajudar a salvar sua reputação, que a cada dia que passa segue uma direção de águas de chuva na beira da calçada em ruma ao esgoto.

Talvez eu estivesse me posicionando como uma mimada, cujo a necessidade é mudar os pensamentos sobre o mundo e as pessoas e aprender a ouvir "não". Talvez eu estivesse sendo estúpida, mas desta vez, com blusa roxa e meias verdes, uma combinação que poderia fazer uma chacina mundial dos estilistas e enterrar até a própria moda. No entanto, especificamente, nesta situação, não permitiría aceitar-me como a estúpida de blusa roxa e meias verdes e meus dois principais argumentos para isto é:

Número 1: nenhum habitante daquela escola possui movimentos mais extraordinários que o de Manoban.

Número 2: Manoban usa blusas de estampa de gatinhos e meias azuis.

Existem pretextos melhores do que esses, para justificar a suposta obsessão que está florescendo em mim, para que Lalisa dance no Youth Games School?

- Não era isso que você tinha certeza, quando saiu da sala de reunião - Sooya volta a comer seu pão com carne, colocando todo o seu total foco em saborear a sua comida favorita.

Aquela postura em relação ao meu desespero é pior que o olhar de "eu avisei" ou "você deveria ter me escutado", de uma mãe.
Uma postura que chega a ser irritante para quem busca solução, mas infelizmente recebe isso em resposta. Sooya tem sorte que eu a ame.

- Eu pensei que ela teria o mesmo ponto de vista que o meu e aceitaria sem pensar duas vezes - esticando-me para alcançar o balde de pipoca doce, o pego, vendo Rose me fuzilar com os olhos, no qual pude retrucar à altura.

- E qual seria seu ponto de vista? - Roseanne tira uma lata de Sprite e o coloca no chão, dando um leve impulso com o pé, para que a lata rolasse até mim.

- Todos os benefícios que ela poderia ter - colocando o balde pipoca ao meu lado, abro o lacre da lata, que devido a giratória até vir a mim, subiu espuma, caindo em meu short. - Merda!

Começo a tentar limpar, mas a situação só parecia piorar, a cada vez que eu passava a mão para secar e amenizar, mais se espelhava, ou seja, por mais que suas intenções sejam boas em algumas ocasiões, os resultados sempre podem ser ruins. Não estou falando sobre espuma de Sprite que cai na roupa e faz lambança, o que nitidamente não era minha prioridade no momento.

- E quais seriam esses benefícios? - Roseanne, questiona-me não apenas por curiosidade, mas para disfarçar o fato de que estava rindo da minha cara.

- Além de estar respirando e dançando ao meu lado? - respondo-lhe com uma pergunta estúpida, talvez não 100%, já que realmente é um privilégio. Mas assim, eu teria tempo de elaborar uma respostas mais estúpida ainda - Acho que... dançar ao meu lado.

Naquele momento, tudo foi previsível, a reação de Roseanne e Sooya, eu estar com cheiro de Sprite, a negação de Lalisa e o fato de que quando eu levantasse, minha bunda estaria suja de terra, por estar sentada no chão. Minhas desgraças estavam contadas naquele dia e acredito que a única coisa que me salvaria, era estar com a dupla inexpressiva no local e a pipoca doce, pois nenhuma delas, por mais que me amassem, não dividiriam pão com carne comigo. Para elas amizade é lealdade, afeto, consonancia e diversão. Exceto compartilhamento de comida. Mas o que custa tentar, não é mesmo?