16. Mentiras

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Não acredito que você me acordou cedo para vir numa Lan house Willy.        —Ela protestou esfregando os olhos numa tentativa de afastar o sono.

—Aí Cin você reclama muito, eu já disse que é muito importante.     —Ele levantou o indicador e gesticulou para dá ênfase ao que dizia.   —Depois do que eu descobri a Charlie vai deixar aquele homem.

Cindy revirou os olhos, era impossível  alguém mudar a cabeça oca da irmã, ela estava certa que tudo o que Charlie queria ela daria um jeito de conseguir nem que fosse por meios torpes, sua irmã era capaz de tudo pelo amor que sentia por aquele homem. Pelo menos ela corre atrás do que quer, não imagino a Lotte se prestando ao papel de melhor amiga do garoto que gosta e muitos menos acho que ela aguentaria passar horas ouvindo ele tagarelar por outra pessoa, pensou triste enquanto olhava  Willy de soslaio, será que ele nunca enxergaria que talvez tenha escolhido a irmã errada para se apaixonar? Suspirou insatisfeita, ela não tinha a coragem de lutar por amor igual a primogênita e preferia ser a melhor amiga a ter que levar um fora.

—Bom, espero que depois você ao menos me pague um croissant.    —Bocejou cobrindo a boca.     — Eu tô morrendo de fome.

—Pago até dois!    — Ele sorriu e seus olhos castanhos se voltaram para ela.

O mais velho ofereceu seu braço e ela se apoiou nele, juntos, eles caminharam pela capital. Sua mãe e o padrasto também estavam por aí curtindo Paris, com a proximidade do Natal o padrasto já estava entusiasmado e resolveu levar a mãe para comprar presente, ele também convidou Cindy mas ela já havia combinado com Willy de acompanhá-lo até a lan house. Hoje é 22 de dezembro e ao invés de pendurar enfeites numa árvore de natal tudo o que ele quer é investigar a vida do Tom Miller, ninguém merece...

—Então, o que você descobriu de tão importante?   —Indagou sem paciência para esperar a hora da revelação.

—Melhor você mesma vê,  —Ele depositou a mão livre sobre a dela e apertou, a garota sentiu aquela estranha sensação de ter borboletas no estômago.   — tá bom?

—Ok então...  

Caminharam por mais alguns minutos até chegarem ao lugar, era um lugar simples com o nome "Savoir" gravado na parede, acima da porta de entrada. Cindy ficou parada perto da saída enquanto Willy foi até o balcão do estabelecimento conversar com a atendente, não demorou muito o mais velho voltou.

—Paguei por uma hora, deve ser o suficiente.   —Anunciou apontando para um computador que ela julgou não estar mais nos seus melhores dias.

—Ótimo, vamos lá.  —Deu alguns passos e parou diante do aparelho puxando uma cadeira enferrujada para se sentar.

Willy procurou outra cadeira para ele e sentou ao seu lado ligando o computador. A garota mordeu o lábio esperando entender o que era tão importante assim para ele a tirar da cama tão cedo, já não bastava a brincadeira que ele criou? Charlie deve ter ficado furiosa com o tal "Desconhecido" que Willy criou só pra tentar frear o avanço do namoro dela, queria muito saber sobre o que eles falaram, pensou curiosa pois o amigo só contou da ideia que tivera, porém ele não contou como a história se desenrolou e nem qual foi o conteúdo da conversa.

—Pronto, toma!  —Ele lhe entregou um par de fones de ouvido.

—Ok...   —Colocou os fones e olhou para a tela.

No monitor do computador uma imagem surgiu, era uma mulher de cabelos cacheados escuros com as pontas platinadas, ela tinha seios grandes que foi quase impossível para Cindy ignorar o tamanho deles naquela blusa azul. A garota disfarçou quando percebeu que estava olhando muito. A mulher era parda, tinha olhos fundos como se não dormisse direito a dias, devia ter trinta anos mas o desgaste poderia facilmente induzir alguém a achar que tinha mais.

Os Segredos de TomWhere stories live. Discover now