(linguagem técnica no final)
Ela estava em chamada com o irmão e eu não quis atrapalhar, mas ela me viu e me chamou. Notei que o brilho no seu olhar havia voltado.
-Seu irmão está bem? -tive que falar um pouco alto por causa da torcida-
-Ainda de cama, porém fora do perigo -ela me puxou para um lugar mais reservado-
-Você tem certeza que está pronta para jogar? -falei alisando o rosto dela-
-Obrigada pela preocupação mas eu nasci para isso -ela disse sorrindo-
-Desculpa atrapalhar o casal, é hora do aquecimento -fomos descobertos pela Brait, que falou rindo-
-Ela já vai -pedi mais um minuto para que pudesse beijá-la-
-Pode ficar tranquilo... eu não vou roubar o seu título de preferido, pelo menos não agora -ela disse sorrindo e me abraçando-
-Eu duvido muito -puxei ela para um beijo lento- boa sorte viu? Vou estar torcendo por você -segurei o seu queixo e fiz questão olhá-la profundamente-
Nos abraçamos mais uma vez e ela foi, admito que fiquei preocupado. Lucão sentou do meu lado e iniciou uma conversa:
-Ela vai conseguir, a menina tem um talento nato para o vôlei. Pamela é uma grande levantadora, como você -ele percebeu a minha inquietação-
-Pamela começou o dia muito mal, ela passou por muita coisa só hoje e ainda tem a pressão do jogo...ela é forte, eu sei, mas isso é muito para uma pessoa. Ela se cobra muito, ela tá sempre fazendo algo, ela não para -notei que o Lucão riu-
-Isso soa muito como uma pessoa que eu conheço -ele falou apontando para mim-
-Mas e se as pessoas vaiarem dela ou fizerem comentários negativos? -eu não queria que ela passasse por isso-
-Ela tem 27 anos e já foi eleita melhor capitã de um grande campeonato, é óbvio que ela se cobra muito, ainda tem aquele lance com o irmão. Ela precisa se cobrar, fora que eu tenho certeza que a Pamela vai tirar esse jogo de letra -me tranquilizei ao perceber que ele estava certo-
O jogo começou e Pamela era titular. A Rússia começou sacando e Brait recepcionou, botou a bola na mão da levantadora, que apostou na ponta com a Rosa e ponto do Brasil. A cada jogada ganha, Pamela ia a loucura com a torcida, gritava, pulava, comemorava, ela estava muito feliz. As meninas levaram o primeiro set, 25x22, elas fizeram uma ótima partida.
No segundo set, o treinador russo fez algumas mudanças e acabou dificultando o jogo das brasileira, elas estavam sofrendo uma vantagem de 5 pontos. Meu pai gritava muito, ele estava tenso, então resolveu colocar a Juma para levantar, mas ela não ficou por muito tempo. Pamela voltou e fez uma bela largada, logo em seguida foi para o saque, ela quis arriscar no viagem. Todos ali ficaram impressionados com tamanha força e com os 3 pontos de saques. Aquele esforço todo valeu a pena, elas ganharam o set e estava 2x0.
Tandara entrou no lugar de Rosa, Bia no lugar de Gattaz e Fabi no lugar da Carol, meu pai mexeu no time inteiro, mudando as estratégias. Notei que ele conversava muito com a Pamela e que eles combinavam jogadas. O set terceiro set já começou com rally*.
Fabi sacou flutuante, as russas atacaram de ponta, Garay conseguiu defender, mas passou de primeira, as russas tentaram uma bola de xeque* e Fabi defendeu, colocando a bola na mão da levantadora, que aproveitou e fez mais uma largada. Os gritos e euforia tomaram conta do ginásio. Pamela realmente era habilidosa, ela sabia como controlar o jogo, conseguia facilmente enganar o bloqueio russo.
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𝑵𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒍𝒆𝒈𝒂𝒅𝒐 - Bruno Rezende
RomancePamela teve um infância e adolecência difícil, mas sobreviveu a tudo pelo seu irmão. Chegou a hora de se colocar em primeiro lugar e voltar para o seu país. Ela só não contava com as aventuras e os novos amores que lhe esperavam na capital carioca. ...