cap 23

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Acordei tarde e nem queria levantar da cama, minha vontade era de viver ali. Júlia chegou no quarto e me viu enrolada no lençol.

-Você ainda está triste por causa do Bruno? -assenti segurando as emoções- Pamela, você foi para outro país sozinha com uma criança, você criou essa criança, você se formou -ela respirou- Amiga, você passou por tanta coisa, não entendo o porquê de tamanha tristeza. Eu sei que ninguém gosta de ser destratado, ainda mais por alguém que gosta, mas você não se abala fácil. -ela queria me entender-

-O problema não foi ele ter gritado e ter sido um idiota comigo, o que me machuca é saber que ele talvez não volte a jogar e eu não posso fazer nada. Quem me dera se a ignorância dele fosse o meu problema...Eu não aguento olhar para ele naquela situação -enfiei a cabeça no travesseiro-

-É claro, desculpa Pampam. Eu não sei porque não pensei nisso antes, você se importa com ele, todo mundo vê -ela me abraçou-

-Aparentemente ele não -me levantei estressada e me tranquei no banheiro pois sabia que ela estava atrasada para o trabalho-

-Pamela, não faz isso -minha amiga se preocupava comigo, mas eu não estava no clima de conversas-

-Me deixa em paz Júlia! -acabei descontando a minha raiva na pessoa errada-

Ela foi embora e eu fiquei ali, sentada. Era como se o mundo estivesse em caos ao meu redor e eu estava parada, quieta e esperando tudo se acertar. Olhei a hora e estava perto de começar a fisioterapia do Bruno, não sabia se ia ou se ficava. Mas eu prometi que estaria do lado dele, então, fui me arrumar. Chegando lá, a porta estava aberta e dava para ouvir os gritos do corredor, dessa vez era do Bernardinho. Respirei e entrei na sala:

-Eu não criei você para ser um fracasso! -meu técnico estava bravo-

-Bom, talvez você falhou! Talvez você não seja tão bom como as pessoas dizem -Bruninho estava me decepcionando, mas não por causa do joelho e sim pelas sua atitudes-

-Eu nem deveria falar isso, mas eu soube que por causa do seu comportamento, você está a um fio de ser retirado do time -senti vontade de chorar e eu quase nunca chorava- O que você está fazendo aqui? -ele percebeu a minha presença e também foi grosso comigo-

-Eu vim ajudar -tentar pelo menos-

-Volte para casa, você tem jogo amanhã -ele me acompanhou até a saída-

-Sinto muito Bernardo, mas eu não vou deixar ele assim. Prometo que amanhã eu estarei focada para o jogo -ele não gostou muito, porém respeitou a minha decisão-

Sentei calmamente na mesa e tirei um pote e uma garrafa da minha bolsa. Pedi para que ele se sentasse e mesmo sem entender, ele fez.

-O que é isso, Pamela? -ele não parecia nada bem, seu rosto estava cansado e cheio de olheiras-

-Biscoito de chocolate com leite direto da vaca -ele sorriu um pouco-

-Como você sabe que eu amo isso? Nunca disse em nenhuma entrevista ou algo do tipo -consegui surpreendê-lo-

-Eu tenho as minhas fontes -ele sorriu e deu uma mordida-

-Minha irmã te ajudou, né? -nós duas ficamos próximas depois daquele dia no refeitório-

-Yes, ela me falou que a sua mãe fazia e que você amava, então... -o capitão aparentava estar mais calmo-

-O sabor é o mesmo, parece até que foi feito por ela -sorri-

𝑵𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒍𝒆𝒈𝒂𝒅𝒐 - Bruno RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora