Balão Vermelho

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Sempre achei que a vida fosse como uma criança que corria pela rua atrás de uma borboleta e, por estar demasiadamente desesperada atrás de sua felicidade que não percebe que suas pernas são pequenas demais para a velocidade em que corria, resultando em sua queda, com os joelhos ralados e ardentes, ela percebe que a linda borboleta voava alto demais e longe demais para alcança-la, e então ela se levanta e aprende que se tivesse mais paciência, a borboleta poderia voltar para seu jardim e assim, ela não precisaria se machucar apenas para poder admirar suas belas cores, mais seu desespero a consumiu ate que culminou em sua queda.

Todavia, a vida me mostrou como realmente funciona, não se compara com essa pequena história, mas sim como uma montanha russa, onde ela te leva para o mais alto, dando a sensação de liberdade e do mais puro resplendor, para depois, lhe levar para baixo mais rápido do que quando subiu, lhe mostrando que não importa o quão bom você seja em algo, ou o quanto você seja feliz, em algum momento você ira sucumbir a tristeza, pois, a mentira de viver uma vida feliz e irreal é mais verdadeira que a própria verdade.

Estou presa em uma eterna montanha russa, a qual estagnou-se na parte mais baixo da vida, a sensação de resplendor e de aragem se desvaneceu em minha mente conturbada, a esperança de um bambúrrio extinguiu-se e escorreu por entre meus dedos.

E é como se estivesse abandonada na cidade de Omelas, onde todos esbanjam suas felicidades e prosperidades, enquanto me encontro trancafiada em um porão, nua e infeliz, apenas desejando algo que me fizeram acreditar ser impossível, pois, o preço da minha liberdade é a destruição da própria felicidade.

Me vejo constantemente questionando sobre a verdadeira felicidade, sobre a vida, do que é certo e do que é errado, se o proibido é realmente proibido ou apenas o rotularam assim, para que não descobrissem os reais prazeres.

Me vejo no pequeno porão escuro e frio sendo observada pelas silhuetas que se formam na escuridão, aliviados pela minha melancolia mesmo que isso lhes traga um pequeno frêmito, afinal, suas felicidades valem mais que a minha, e eu acredito, me doo aquele destino infeliz, e como a criança, eu abro meus dedos que seguram o balão vermelho, o deixando para voar o mais alto e mais longe daquela  desinfelicidade, o libertando da prosápia melancólica.

Mesmo que eu esteja livre, ainda estou presa, ainda permaneço na montanha russa com o carrinho estagnado, ainda me encontro no porão escuro, apenas permaneço vendo meu balão vermelho ir de encontro ao céu azul, esperando que um dia eu possa voar a seu lado, como um pássaro verdadeiramente livre das amarras de uma vida infeliz.

Um balão vermelho carrega todo o meu anseio por amor, minha liberdade desejada, minha esperança, minha felicidade.

Que ele os traga para minha próxima vida.

Lágrimas e Vidro Para o JantarWhere stories live. Discover now