Capítulo 16 - Combustão

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Anahí

As provas chegaram e eu senti um afastamento entre mim e Poncho. Como era o último semestre que teríamos disciplinas, todos estávamos nos dedicando ao máximo para tirar notas boas. Além disso, não tinha conseguido arrancar dele o motivo pelo qual ele estava tão quieto nos últimos tempos.

Eu tinha prometido para mim que não iria ficar mais insegura, mas não conseguia deixar de pensar que ele não gostava de mim da mesma forma. Cada vez que esses pensamentos invadiam minha mente, sentia falta do meu pai. Ele que sempre havia me aconselhado sobre relacionamentos, por mais incomum que isso fosse. Nossas mentes sempre haviam sido muito parecidas, apesar de fisicamente eu me parecer mais a minha mãe.

Às vezes a sensação que eu tinha, depois que ele havia falecido, é que eu não conseguiria decidir nada da maneira correta sem ele ao meu lado me aconselhando. Quando essa sensação aparecia, eu tentava me distrair de qualquer forma. O falecimento de meu pai era algo que ainda mexia muito comigo, mesmo após seis anos.

Com a chegada das provas, eu e Christopher nos reaproximamos mais ainda. Ele sempre havia sido meu parceiro de estudos e agora não seria diferente. Além disso, ele também estava empenhado comigo em juntar Maite e Mane, o que fazia com que nós três – eu, Ucker e Mane – passássemos muito tempo juntos.

Estava na biblioteca da universidade, estudando para a prova que teríamos de Marketing Internacional em dois dias. Ouvi um barulho de cadeira arrastando próximo a mim e levantei os olhos.

– Desculpa o atraso, bebê. – Christopher falou em um tom de voz baixo, enquanto sentava-se na cadeira em minha frente. Ele estava com um suéter azul e uma calça jeans clara. – Tinha umas coisas que meu pai queria que eu resolvesse na empresa.

– Tudo bem. – Respondi, dando um sorriso contido. – Eu já comecei, mas posso repassar a matéria novamente...

– Você já viu o quê? – Ucker questionou, abrindo seus cadernos e livros sobre a mesa.

– Já terminei negócios internacionais e seleção de mercado. – Comentei, conferindo no meu material os tópicos referentes aquelas matérias.

– Nossa, eu me atrasei tanto assim? – Christopher perguntou, conferindo as horas no relógio.

– Não, bebê. – Eu disse, voltando minha atenção para ele. – Eu cheguei antes e decidi começar.

– Ah bom. – Ele retrucou, sorrindo para mim. – Podemos continuar de onde você parou, Any... – Ucker folheou seu livro, procurando o tópico. – Essa primeira parte do conteúdo eu tenho facilidade e posso estudar depois em casa.

– Perfeito, então.

Começamos a estudar, observando o volume da voz para que não se elevasse, já que estávamos na biblioteca. Eu e Christopher tínhamos criado um esquema de estudo que funcionava muito para nós: líamos em silêncio a matéria, grifando as partes importantes, e ao final repassávamos um com o outro aquele conteúdo. Às vezes fazíamos perguntas apenas para testar o estudo.

Depois de um bom tempo sentados concentrados, conseguimos finalizar os temas que cairiam na prova. Saímos da biblioteca satisfeitos com nosso estudo e decidimos ir comer alguma coisa em uma das lanchonetes que haviam dentro do campus.

– Então, Any, eu estava pensando... – O moreno iniciou o assunto, largando sua mochila na cadeira ao seu lado.

– O que vai sair dessa mente mirabolante hein? – Interrompi sua fala, sentando na cadeira a sua frente e colocando minha mochila na mesma cadeira que a dele estava.

– Há há há, engraçadinha. – Ele me fuzilou com o olhar. – Temos que tentar juntar Mane e Maite novamente...

– Com as provas acabei até deixando isso de lado. – Respondi, passando a mão no rosto. Aquele semestre estava me deixando louca. – Você tem mais alguma ideia?

DespiértateWhere stories live. Discover now