⚔ Prólogo

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         Tudo começou a ruir e o firmamento sob meus pés se desfez. O fim havia chegado, afinal.

          E ele era amargo.

Celine significa flor dos céus — dissera minha mãe, certa vez, enquanto acariciava o meu rosto. Ela costumava me admirar à distância, como se eu fosse o objeto mais precioso que ela possuiria algum dia. Seus olhos se enchiam d'água e ela sorria. — É meu pequeno broto de esperança, a alegria da primavera. A Deusa lhe enviou à mim como um presente — ela acrescentava e, por muitos anos, não contestei.

Uma tolice. Aquilo não passava de um sonho distante. Uma piada. Uma fala falsa e azeda, acompanhada de um eco profundo e vazio. Minha mãe estava errada. E eu quase podia ouvir as risadas de escárnio dos anjos e deuses aumentando atrás de mim. Eu estava longe de representar esperança, ou mesmo ser um presente da Deusa. Meu nome podia muito bem significar oco, abismo, solitude. Seria um pouco mais adequado às circunstâncias.

Seria um pouco mais adequado à mim.

Porque aquela dor seria para sempre minha, minha falha para reivindicar, não que eu a desejasse.

Presa atrás daquelas grades que se ergueram ao meu redor, eu não tive para onde fugir quando as trevas me cegaram. Ganhando vida como animais famintos, as sombras sibilavam e se arrastavam, transformando-se em cobras. Elas se preparavam para o bote, enroscaram-se em meu pé e subiram, deslizando, até o tornozelo. O toque em minha pele era áspero, e eu estava presa.

As sombras serpenteavam ao meu redor e murmuravam: "É nossa, não pode fugir. É nossa agora." Sem forças para lutar, dei-me por vencida. Tão logo encontrava-me totalmente imobilizada. O desespero e o medo que cresciam antes, ditando o ritmo de meu coração pulsante, aos poucos foi substituído por algo que, depois, julguei ser bem pior. E bem mais aterrorizante.

Encontrei-me sozinha no silêncio frio e vazio da escuridão e fiz a única coisa pela qual ansiava, a qual passei os últimos longos meses tentando evitar, a única atitude nobre que me restava: eu chorei. E, sob os ecos do silêncio daquela cela maldita, pedi à Deusa que tivesse misericórdia de mim, de nós, de todos eles. Eu tive medo de que, talvez, do inferno onde eu estivesse, ela não conseguisse escutar minhas orações — que não quisesse ouvir. Na verdade, tive a certeza. Ela não ouviria. Ainda assim, contra todas as probabilidades lógicas, continuei pedindo, acreditando, esperando.

E naquele mísero instante final que sobrara de minha existência, nada mais importava além de sonhar com um milagre. Então, agarrei-me ao que pensei ser inquebrável, deixando aquela única chama de esperança aquecer meu coração vazio. Era a única coisa que ele não ousaria tomar de mim, pois era tudo o que me restara quando todo o resto já havia se perdido.

Era realmente uma pena, no entanto, que acreditar não era mais o suficiente.

Tão logo senti a chama se apagar.

Ele acabou roubando aquele fiapo de esperança também.

Ele acabou roubando aquele fiapo de esperança também

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POSTAGEM
CONCLUÍDA

=> ATENÇÃO, ALGUNS CAPÍTULOS PASSARAM POR PROCESSO DE REESCRITA. <=

Entre o Véu & A Espada | EVE 1 | ConcluídaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora