⚔ Capítulo 1

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       Eu nasci e cresci no Reino das Estrelas, o segundo maior território em extensão e população humana de Lymurian — um mundo que não só flertava com a magia, mas deitava-se com ela e dela tirava-lhe tudo.

O Reino das Estrelas era pequeno em comparação aos outros com quem fazia fronteiras, mas contava com fauna e flora exuberantes que somente este possuía. Cachoeiras e rios de águas cristalinas, onde era possível ver os peixes coloridos dançando rente à superfície; florestas com árvores tão altas que suas folhas rasgavam o céu azul;e as montanhas verdejantes, as mais distantes ganhando tons azulados, tomavam o horizonte. Nossas cidades eram bem abastecidas. Nossas crianças dormiam de barriga cheia todas as noites. Harmonia e vivacidade transbordavam das ruas, reunindo animais e criaturas mágicas de várias espécies, cores e tamanhos.

A Floresta Negra e as montanhas cobriam grande parte do território e também cercavam os limites de ReinLynch, Guilea, Prysen, Humbram e Sisabel — os cinco territórios humanos. Eu vivia com minha família em ReinLynch, uma cidade bem longe de ser perfeita. Aos vinte e um anos, eu sabia que o lugar estava longe de ser como nos contos de fadas que eu costumava contar à Magdalena, minha irmã. Mas ainda era um bom lugar para se viver.

De meu quarto, enquanto fitava a fina camada de orvalho se formando na superfície de vidro da janela, pude admirar a colina, as florestas verdes e os morros uivantes logo atrás. Era uma paisagem serena, daquelas que conseguiam acalmar o coração acelerado. A maior parte da paisagem cobrindo o território era bucólica e acolhia qualquer um que se dispusesse a admirá-la. Enquanto me distraía com os pássaros cortando o céu noturno em direção ao sul, quase dei um pulo da cadeira com os gritos de Magdalena. Não pensei que o diabo fosse bater à minha porta daquele jeito.

Ou pior, massacrar.

Quando cheguei no cômodo ao lado, bem a tempo de ver a porta da frente de nosso chalé sendo derrubada, demorei alguns instantes para entender o que acontecia. Mais gritos desesperados irrompiam de minha irmã. Dessa vez, no entanto, minha mãe também gritava. Magdalena estava dividida entre se esconder e me puxar para protegê-la. Minha irmã tentou me puxar para trás, os choramingos não cessavam. Permaneci congelada no mesmo lugar. Ainda que seus esforços para provocar alguma reação de mim fossem notáveis, não conseguia me mexer.

Algumas lembranças ficaram borradas com o tempo, mas aquele sentimento queimando dentro de mim... aquilo eu nunca esqueci, porque havia se tornado uma presença permanente. A força que me congelou e corria por minhas veias, que fez meu coração bater acelerado... Não era medo, tão pouco desespero ou angústia.

Era ódio.

Quatro homens vestidos de preto dos pés à cabeça avançaram para dentro de nosso chalé. O homem de trás, o último da fila, tinha o cabelo cor de palha caído na altura do ombro e o rosto era bem anguloso. O segundo, do lado direito, usava um lenço que cobria toda a cabeça, olhava a tudo com apatia e uma tatuagem espiralada desbotava no pescoço.

Entre o Véu & A Espada | EVE 1 | ConcluídaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora