➳ Capítulo Onze

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Cidade de Busan, Coréia, 2015

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Cidade de Busan, Coréia, 2015

Luz. Jeongguk via tanta luz invadir sua visão que chegou a pensar sobre estarem fritando seus olhos enquanto tentava dormir. Não queria piscar, pelo contrário, preferia se manter desacordado, mas as dores na costa e uma baita dor de cabeça latejante o obrigavam a levantar. Porém, não havia nada pior que o fato de sua mãe estar abrindo as cortinas do quarto propositalmente para fazê-lo despertar. 

— Nada de faltar na faculdade hoje — ela disse, dura, observando-o de longe. 

— Vou me atrasar, de qualquer forma — respondeu, com a voz anasalada, ainda com a bochecha em cima da escrivaninha. — Estou com muito sono pra sair de casa, mãe. Me dê um desconto, vai — choramingou. 

Soni-ah suspirou, aproximando-se dele. — Olha, Jeongguk, não quero que fique faltando à toa na faculdade, entendeu? Nós dois demos duro pra você cursá-la. Falta tão pouco pra terminar e finalmente se dedicar ao seu livro, meu filho. Não desperdice seu tempo. 

Ela estava certa, sem sombra de dúvida. 

Jeongguk, mesmo com a mente distante devido ao sono, lembrou-se do quão duro sua mãe e seu pai trabalharam para ajudá-lo a correr atrás dos seus sonhos, então ficar em casa querendo encher a barriga de sorvete e frango frito não o levaria a lugar algum. Precisava fazer alguma coisa para movimentar os pensamentos, tinha de estudar, se formar, então assim poderia se dedicar totalmente naquilo que sempre almejou. 

Noite passada, quando ficou a maior parte do tempo sentado perante à escrivaninha, refletiu a respeito do que poderia escrever. Durante algumas horas, chegou à conclusão de que se escrevesse no estado de espírito em que se encontrava, poderia fazer algo melancólico demais, sem aquela essência típica do romance... 

Mas e se fosse essa sua real intenção? 

Sempre teve a convicção de que a palavra romance rendia mais do que todos esperavam, mais do que uma história de amor onde, normalmente, os personagens teriam um final feliz ou um clichê que muitos estão acostumados. Romance significa poesia, relatividade, com um estilo próprio e cheio de sentimentos sensíveis, intensos, não importava a dimensão deles. Então por que não escrever aquilo que seu coração sentia? E daí se ninguém fosse gostar desse estilo de romance? O importante era ele gostar. Se gostasse e desse tudo de si para passar sua mensagem, tinha certeza que faria outras pessoas gostarem também, afinal escrita e leitura era isso: o ato de transcrever sentimentos que encantarão aqueles que tiverem contato com a obra. Uns poderiam não gostar, outros poderiam amar, e existiriam também aqueles que poderiam  até idolatrar. É tudo questão de gosto. Ou seja, mesmo que não fosse um romance típico, sabia que pelo menos uma pessoa iria gostar daquilo que seu coração sentia. E foi por isso que martelou seu primeiro escrito depois de muitos meses parado. Poderia até não usá-lo agora, ou até mesmo num futuro próximo, mas ainda assim estava contente por finalmente ter voltado a escrever. 

Até a Última Gota de AmorWhere stories live. Discover now