PROVOCAÇÕES

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VOLTEI. Esse é o último hoje.
Peço encarecidamente que vocês lembrem que isso é ficção, ok? Passem raiva lembrando que é só uma fic,
pelo amor de Deus.

SARAH POV

Uma das coisas mais importantes que aprendi após começar a visistar crianças com câncer em hospitais, foi o valor que devemos da a cada coisa que acontece na nossa vida, até as mínimas coisas, tudo tem valor. Eu aprendia muito com aquelas crianças. Eu via o quanto elas ficavam felizes com tudo, eram ensinadas a ver sempre o lado bom da vida. Um acontecimento pode ser horrível, mas podemos tentar ver o lado bom dele e focar ali. Eu estava aprendendo a dar valor a tudo com elas, apenas crianças que não poderiam ter tanto tempo assim, crianças que queriam viver mais, mas o câncer as dominava, a cada dia mais um pouco. Aquilo partia meu coração em pedaços.

Era nisso que eu estava pensando agora, o que eu mais pensava. Crianças. Eu sempre me dei bem com elas e agora visistando hopitais e orfanatos com Arthur, isso tinha piorado um pouco. E o pior era que eu queria uma, era absurdo? Podia ser. Que mal me faria? Muitos. Mas quem se importa?

As vezes a vida nos da chances que é um pecado não aceitar. Gosto de pensar assim: se a gente faz o que manda o coração, lá na frente, tudo se explica. Por isso, faço a minha sorte. Sou fiel ao que sinto.

Eu pensava em Juliette também. Não podia negar, eu estava apaixonada por ela. O que você pode dizer? "É loucura estar apaixonada por sua irmã." "É loucura querer ter um filho com ela". Quem se importa? Eu nunca disse que era normal, que me encaixava perfeitamente nesses costumes da sociedade. Você está apaixonada e pouco importa a sua idade, se você tem 16 ou 26 anos, ou até 76. Você sempre vai ter sonhos, sempre vai querer ter tudo com aquela pessoa. Casa, família, uma vida legal, coisas legais para se fazer. Você só quer estar junto a ela e nada mais importava.

Juliette estava sim grávida de um filho meu, eu poderia ser mãe aos 17, ou podia não ser. Deixei que ela tomasse essa decisão, não queria pressiona-la a ter por mais que aquele fosse o meu desejo. A escolha era dela. Eu não deixaria que Juliette fizesse aquilo apenas porque eu queria, eu me importava somente com a felicidade dela. Então deixei que ela optasse por ter ou não.

A maior tortura era: Ela já estava com dois meses de gravidez e não havia se decidido. Era torturante não saber se eu podia ou não ficar feliz com aquele bebê. Ela não me dizia nada, mas eu podia ver que ela estava mais cuidadosa. Estava se consultando com a doutora Carla e me senti feliz ao ve-la interessada em saber sobre gravidez. Juliette quis saber sobre como faria se quisesse abortar e a médica explicou tudo a ela.

Eu fazia a minha parte de cuidar dela. Juliette tinha alguns problemas e eu ficava perto dela 24h por dia fazendo de tudo para que ela não chorasse ou perdesse o controle. Estava cuidando muito de sua alimentação, apesar de que sua fome estava ainda maior e eu precisava controla-la. No fundo eu queria mesmo que Juliette se alimentasse bem, mas como ela tinha problemas com bulimia, eu estava a ajudando a comer apenas o necessário para que ela ficasse bem e o bebê também. Se Juliette continuasse forçando para vomitar e se alimentando mal poderia ter um aborto espontâneo e deveríamos ser cuidadosas quanto a isso.

Nossos pais só viam pra casa aos finais de semana, e obviamente estavam por fora da situação. Ela ainda estava com dois meses, então dava pra esconder. Optamos também por não contar que eu era a outra mãe do bebê caso ela resolvesse ter.

Gizelly e eu estávamos indo atrás de obstetras para nos manter informadas sobre tudo isso. Gizelly e Ju eram maior de idade e eu estava acompanhando tudo. Elas estavam do nosso lado nisso e era bom.

Juliette não tinha dito ainda se abortaria ou não, nem falava muito sobre o bebê e eu me sentia receosa de falar também. Mas pelo menos entre nós duas as coisas estavam fluindo. Dormiamos juntas todos os dias, até quando papai e mamãe estavam em casa. Eles nem descofiavam de nada já que nós duas sempre ficamos dessa forma.

Adotada [Intersexual]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora