2 • Dame Peinte Par La Poésie

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Labadessa: um pular da ponta da língua na primeira sílaba formado pelo La, seguido então de um fechar e abrir breve de lábios que sonorizam o ba, um delicado encontro contra os dentes e então se escuta o des, e finalizando corretamente ao expulsar...

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Labadessa: um pular da ponta da língua na primeira sílaba formado pelo La, seguido então de um fechar e abrir breve de lábios que sonorizam o ba, um delicado encontro contra os dentes e então se escuta o des, e finalizando corretamente ao expulsar o ar junto ao final do nome formado pelo sa. La-ba-des-sa.

Confesso ser tão belo quanto àquela quem nomeia; para mim tampouco interessa a beleza como critério, contudo, é inegável a existência de uma aparência etérea que destoa do restante da realidade, uma realidade arquitetada pelo mundo cruel e vil ao qual se encontra. Enxergo ela como um caminho de luzes claras iluminando a trilha traçada de armadilhas ambulantes, todas subtendidas em pesadelos pesados e inóspitos; a chama do fogo que me conduziu para fora da caverna na qual eu era acorrentada e, como dissera Platão, apenas via sombras do que um dia poderia chegar perto da realidade.

O sorriso belo é emoldurado por adereços afáveis da genética; um par de covinhas bonitas que hipnotizam seres desavisados e reencantam aqueles que já sabiam da imagem virtuosa, programada por crisálidas que tentaram por anos e anos a fio moldar algo tão perfeito que até mesmo a mais majestosa nebulosa sentiria inveja. O par de olhos que pouco possuo detalhes sobre - visto que é apenas o reflexo devaneioso que vejo pelas telas pixeladas de um aparelho celular, limitando o alcance de minhas percepções sobre os vestígios deixados por suas íris - transmitem verdade e sinceridade explícita ao falar qualquer de algo que a interessa.

A voz... O que posso falar da voz? Seria impossível tentar explica-la para qualquer um que não a tenha ouvido; poderia dizer que é um vicioso entorpecente desregulador de minhas sinapses, deixando-as entrar em pane sem saber o que fazer, resultando em explosões de cores do sentimento eufórico combinado ao de borboletas vagando sem rumo por todo meu estômago. A ordem de palavras ditas pela boca rosada se faz perfeitamente ordenada, o som ópio da risada é contagiante e requebra cada pedaço de tristeza e solidão que poderiam habitar em mim antes de escutá-la. O som das cordas vocais dela ao cantar consegue ser ainda mais elouquente; doce e afinado que proclama músicas que se tornam destituídas de sua fama, apenas para lhe dar o holofote dos palcos. O tocar do piano apenas tive o prazer sortudo de encontrar rastros de vídeos antigos deixados para trás, sei de outras habilidades que ela possui e imagino-as sendo postas em prática, apenas na tortuosa ilusão de poder presencia-las ao vivo e em cores algum dia.

Suas palavras escritas em linhas retilíneas perpassam para fora das páginas, me cercando de todos os lados, formando então, ao meu redor, parábolas matematicamente complicadas que visam apenas o bel prazer de atingir em cheio meu existir. Não há piedade, apenas o caótico movimento de palavras calculadas, transmutadas em equações simples, para me mostrar como letras postas em frases complexas podem se atenuar em algo bonito e doce, que carrega o mais puro sentimento.

Me fez criar quimeras no vazio existente de minha mente; devaneios ilusórios que seu escrever me mostrou como arquitetar. Lecionou para mim com ternura como criar e recriar, mexer e remexer, frases e versos inteiros que cuminam num final pintado por pincéis de ouro com beleza respladente. Seu intelecto sem igual é apenas mais um de seus encantos que enfeitiçam; a forma em que constrói pensamentos críticos e que sempre está disposta a aprender mais.

Não posso e nem conseguiria negar o quanto sua forma de expressar através de poesias escritas me encanta e hipnotiza por noites e dias, através de sonhos secretos e relatos sussurrados me mantenho nesse ciclo vicioso de ler e reler toda e qualquer escrita deixada por ela. Uma, duas, três vezes não bastam; releio quatro, até cinco; me perco repetidas vezes em suas palavras e torno a me envolver nelas num ciclo viciante de um carrossel infantil; girando e girando sem nunca enjoar ou parar de amar, tudo isso devido ao acaso benevolente da tempestade utópica de palavras que semeam a criação da minha própria utopia, da minha própria quimera imaginária.

Então tudo que tenho a dizer é: obrigada. Obrigada por existir, obrigada por escrever e compartilhar suas obras com meros mortais sonhadores como eu, obrigada por você ser do jeitinho que você é. Obrigada, principalmente, por me mostrar que a escrita pode ser algo além do que estava acostumada, que pode ser algo tão belo e virtuoso que me faz pensar dias e mais dias, sobre as palavras apolíneas de um parágrafo carregado de comoções. Não são apenas palavras bonitas, são sentimentos profundos e intensos.

Obrigada por ser a minha epifânia literária.

Então, Labadessa, jamais duvide de algo em relação a si mesma, pois pelo que já conheci de você, só consigo enxergar uma pessoa maravilhosa e intensa o suficiente para desnortear qualquer um, fazendo posteriormente essa pessoa encontrar um novo Norte para seguir, sem esperar perfeição, apenas sinceridade e sentimentalismo.

Nunca se esqueça que você é a minha maior inspiração.

Feliz aniversário

- Baby Moon/Dai

Étoile de Lune • Le JournalWhere stories live. Discover now