Pequenino - Sasu + Naru

🍓|| Dodói

A aula já tinha começado há pelo menos uns trinta minutos, contudo meu corpo se mantinha inquieto. Meus pés batiam contra o chão, enquanto minha mão direita coçava a nuca. Eu podia sentir o olhar preocupado do meu melhor amigo sobre mim, mas sabia que tudo pioraria se eu o olhasse.

Por que eles tiveram que me deixar sozinho? Eu odeio ficar sozinho. Meus pais nunca tiveram tempo para cuidar de mim, todavia, morar sozinho fazia tudo parecer ainda mais solitário. Mesmo que nunca trocássemos palavras ou carinho, eu sabia que eles dormiam no quarto ao lado pelo menos duas vezes no mês.

Levei a pontinha do dedão aos lábios, arregalando os olhos ao perceber o que estava prestes a fazer dentro da sala de aula. Sinto meus marejarem pela frustração. Se o Sasuke soubesse ele iria me odiar? Apenas pensar nisso me assusta.

Meu lado pequenino luta para assumir o controle e forçar uma regressão impura, enquanto eu luto para me manter na big age quando o Sasuke está por perto. Mas a verdade é que hoje em especial, eu só queria ficar no meu lugar de conforto e esquecer que é dia das mães.

- Você está bem? - Sasuke sussurra, aproximando-se um pouco do meu rosto. Afirmo com a cabeça, mas a minha expressão já evidencia a mentira de última categoria. - Quer que eu te leve para enfermaria? - Nego com a cabeça.

Sasuke suspira contrariado antes de voltar a escrever a atividade. É melhor assim, porque se ele me levar para enfermaria como eu estou agora, não vai ser difícil regredir com a primeira demonstração de carinho. E mesmo o Uchiha parecendo frio para os outros, eu vejo que ele tem sua própria maneira de demonstrar carinho. Eu amo esse seu lado, assim como todos os outros!

Começo a roer a unha do dedo indicador, mas isso não é o suficiente para me acalmar. Na verdade, não chega nem perto. Estou assustado com a possibilidade de expor meu lado frágil na frente de todos, porque eu tenho certeza que seria fácil me quebrar, e as pessoas estão dispostas a fazer isso apenas por diversão.

Sinto a mão áspera segurar meu antebraço com força, puxando meu corpo para fora da cadeira. Ergo o olhar para o Sasuke, que não me olha. Ele está concentrado em jogar meus matériais escolares dentro da bolsa, e só quando termina me olha nos olhos. Suas orbes ônix me parecem confortáveis, quase como se pudessem dizer "vai ficar tudo bem". Esse lado preocupado e levemente carinhoso pode estar prestes a me desvendar, e isso acontecendo, não sei se poderei suportar.

Sasuke volta a segurar meu antebraço, antes de exclamar em alto e bom som para o professor de matemática:

- Estou levando o Naru para enfermaria.

O professor de madeixas platinadas assente com cara de tédio, e essa é a deixa para o Sasuke sair me puxando com delicadeza pelos corredores.

Chegando dentro da enfermaria, ele me senta em uma das camas vazias e sai desesperado em busca da médica. Aproveito esse pequeno tempo sozinho para me olhar no espelho perto da porta, percebendo que minha pele está pálida e meus lábios secos. Não imaginei que estava tão deplorável.

Meu amigo não demora a voltar, mas sua expressão é de frustração.

- Onde estão os médicos dessa droga quando precisamos deles? - Questiona irritado, me fazendo rir baixinho de seu comentário.

- A Tsunade e o Dan devem estar namorando por aí. - Comento divertido. - E eu já estou bem.

- Não está. - Discordou cruzando os braços. - Dorme um pouco, eu não vou sair daqui.

Sasuke pega uma cadeira e posiciona ao lado da cama, me lançando um olhar irritado, como se me obrigasse a deitar logo e fechar os olhos. Não demoro a realmente o fazer.

Mesmo com os olhos fechados, eu sei que o olhar do Sasuke está focado em mim, posso sentí-lo e isso é confortável. Com medo de me deixar regredir, deixo meu corpo relaxar. Por que ter o Sasuke por perto me deixa com a sensação de proteção tão forte? Espero que eu não vire um estorvo!

- Quer que eu cante uma música? - Perguntou baixinho.

- Boa noite! - Susurrei, sentindo o sono pesar minhas pálpebras já fechadas.

Essa pessoa não me machucaria, certo? Eu quero acreditar nisso por hora.