Sou forçado a sair do meu sono profundo ao sentir um incômodo no corpo, como se estivesse sendo esmagado. Sasuke está cochilando, deitado ao meu lado, com seus braços segurando meu corpo com delicadeza.
- Outro pesadelo? - Questinou em um sussurro sonolento. - Vem cá.
Puxou minha cabeça com carinho para encostar-se em seu peitoral rijo, sem abrir os olhos. Pesadelo? Droga! Eu não sei o que ele viu, mas eu pensei que os pesadelos tinham parado depois de começar ficar no lugar de conforto. Entretanto, essa situação vergonhosa deixa claro que eu tive mais uma crise durante o sono. Será por que eu estava sem chupeta? Espera um pouco, eu estava chupando dedo? Deuses!
Tiro o dedão da boca sem me mecher muito, pedindo aos céus que ele não tenha visto.
- Está acordado? - Perguntou baixinho, apertando seus braços ao meu redor.
- Estou. - Murmurrei constrangido.
O Sasuke não é o tipo de pessoa que parece gostar de contato físico, mas o seu abraço é gentil, quase como se ele tivesse medo de me machucar. Ele quebra o abraço e senta na cama limpando os olhos, e eu tardo a fazer o mesmo. Após alguns segundos silenciosos, ele leva a palma da sua mão ao encontro da minha testa. Um sorriso de incentivo está desenhado em seus lábios, e isso me passa tanta confiança que sinto vontade de chorar.
- Não está mais com febre. - Avisou quebrando o contanto, e por fim, bocejando enquanto se levanta. - Vamos, eu vou te levar pra' casa.
- Não precisa, eu já me sinto melhor.
Já estou envergonhado o suficiente por ter dormindo abraçado com ele, não quero prolongar esse constrangimento. Contudo, esse não é o maior problema. Eu deixei a casa uma bagunça, com chupetas e brinquedos de conforto espalhados por todos os lados. Não seria conveniente que ele visse, muito menos que descobrisse, ou pior, que me achasse uma aberração.
Eu quero acreditar que o Sasuke não vai me odiar, mesmo descobrindo meu segredo. Todavia, eu também pensava que ela não me odiaria.
- Você disse que já estava bem antes e advinha o que aconteceu quando eu toquei a sua testa? - Ergueu as sobrancelhas. - Exatamente, você estava queimando de febre e suando muito. Sem chence de eu não te deixar em casa, pode desistir.
Ignorou os meus contestamentos e apenas pegou nossas mochilas no chão, parando na frente da porta.
- Vamos logo.
Reviro os olhos deixando um bico se formar em meus lábios. Ele sempre foi impulsivo assim?
Saio andando atrás dele com os braços cruzados, sem desfazer o enorme bico de quem está prestes a fazer birra. Sasuke parece estar pensativo enquanto caminha, por isso acabamos não trocando mais nenhuma palavra no caminho. A minha cabeça estava nas variações de possibilidades de coisas que ele pode ter visto, e isso vai desde eu chupando dedo até as coisas que eu falo dormindo.
Sinto meus olhos encherem de lágrimas, e abaixo a cabeça instantaneamente para esconder. Eu só não queria não ser considerado estranho, e como consequência, poder ser verdadeiro com as pessoas que amo. Todavia, aquele último acontecimento provou que se alguém descobrir, eu acabarei quebrado.
- Chegamos. - Sasuke me tira de meus devaneios, parado em frente à porta do meu apartamento. Eu sequer lembro de ter entrado no elevador.
- Obrigado por me trazer e... - Desviei meu olhar.
Eu não deveria ser egoísta agora. Sei dos riscos que estou correndo se deixar o Sasuke entrar, e mesmo assim, não quero que ele vá embora.
- Pode esperar um pouco aqui... - Falei coçando a nuca, envergonhado.
- Naruto eu não me importo com a sua bagunça, eu já sei que você é desorganizado.
Talvez eu seja um pouquinho desorganizado, mas é grosseria falar dessa forma. Fico emburrado, e o Sasuke sorri baixinho.
- Tá bom, só não demora.
Não tardo a adentrar o cômodo e sair apanhando os brinquedos e ursinhos de pelúcia espalhados pelo chão, jogando-os dentro do guarda-roupa e as chupetas, dentro da primeira gaveta na cômoda. Na cozinha, guardo as mamadeiras na gaveta em baixo das dos talheres, suspirando pelo nervosismo. Com tudo em seu devido lugar, abro a porta para que o Sasuke entre.
- Não acho que tenha feito alguma diferença... - Ele refere-se a pequena bagunça convencional, mas em minha defesa, eu consigo encontrar tudo desse jeito.
- Vamos pedir algo pra' jantar? Eu não sei cozinhar muito bem. - Sugeri, na tentiva de desviar a conversa da minha bagunça organizada.
- Eu vou pedir sopa e salada, enquanto isso você pode tomar banho. - Propôs, sentando-se no sofá.
- Verde é a cor que eu menos gosto.
Eu odeio salada e todas as comidas que tem verde como cor predominante, e o Sasuke sabe disso. Tudo que preciso é de um lamém gigante, ou quem sabe, um sabor novo para minha coleção de macarrão instantâneo.
- Mas é a minha preferida. - Provocou, encostando o celular no ouvido e passando a me ignorar.
"Sasuke seu idiota." Penso inflando as bochechas e saindo pisando fundo.
Apenas ao voltar para o meu quarto que percebo que estou agindo diferente, e que isso está saindo com naturalidade na frente o Sasuke. Coloco a mão esquerda no peito, tentando controlar minha respiração ansiosa. Isso nunca tinha acontecido antes.
Essa é a primeira vez que eu tenho repressões involuntárias depois de ter uma impura. Ontem eu passei a noite inteira no meu lugar de conforto, me preparando para que hoje eu pudesse ter um dia normal, assim como todos os outros. Contudo, o dia das mães é, de fato, uma fraqueza em potencial.
E se eu for além e acabar revelando meu lado frágil? Estou assustado!
Sento no vaso prontamente fechado, levando o dedão aos meus lábios, relaxando com a sensação de conforto causada com um simples gesto. Deixo minha respiração voltar ao normal, pensando apenas em coisas positivas. As lágrimas acumuladas deslizam por minhas bochechas ruburizadas, e mesmo assim, eu não me sinto acanhado, muito menos assustado com isso.
A típica sensação de conforto invadiu meu peito, deixando aquele quentinho acolhedor. Levantei-me após alguns minutos e tomei meu banho, já me sentindo completamente renovado.
"Está tudo bem eu ser assim?" Pergunto-me, procurando meu pijama com designer mais adulto e clean possível.
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Pequenino - Sasu + Naru
FanfictionNaruto é um garoto solitário. Com muitos traumas na infância, ele só conseguiu arrumar um jeito de voltar a ter um sono confortável. Todavia, ninguém poderia saber desse segredo sem quebrá-lo antes. Com doces de morango e abraços quentes, talvez até...