I. A ideia era ruim desde o início.

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Sobre o Altar.
Fengqing Fanfiction.
parte I

🌧

Ainda era início da tarde quando o céu, antes ensolarado e tão azul quanto folhas de um jacinto, tornou-se escuro como breu, as nuvens cinzentas e carregadas se alastrando e derramando a chuva forte.

Os moradores correram para suas casas para se esconderem da tempestade, e os dois homens que casualmente caminhavam pela estrada, ficaram encharcados enquanto se apressavam em se abrigar em uma construção elegante próxima dali — um templo iluminado e aparentemente vazio.

Eles cruzaram a porta e a fecharam, depois se apressaram em fechar as janelas. Quando terminaram, o ambiente voltou a ser silencioso e aquecido, as janelas e portas mantendo o frio e a chuva violenta do lado de fora.

Os dois homens se encontravam completamente sozinhos dentro do lugar, presos pela chuva e pela companhia um do outro.

Mu Qing percebeu rapidamente a situação e suspirou pesadamente, sentindo a roupa molhada e a armadura ficarem desconfortáveis em seu corpo, procurando um lugar onde pudesse se sentar para removê-las de si.

Ao lado dele, Feng Xin já havia removido as peças de sua armadura e a parte superior das roupas, distraído em sua tarefa. Ao terminar, ele usou um lenço para secar o rosto enquanto olhava ao redor.

O templo era iluminado por dezenas de velas e as mesas estavam fartas de comida e bastões de incenso, a mistura dos cheiros doces fazendo-o fungar. E no centro de tudo aquilo, erguia-se uma estátua brilhante da divindade, tão bem esculpida e detalhada que ele não precisou olhar por muito tempo para reconhecer quem era.

— Ei... aquele não é você? — Feng Xin chamou a atenção de Mu Qing com um aceno e apontou para a escultura com cerca de três metros. — Por quê suas estátuas são sempre tão bem feitas? É como se eles tivessem um retrato seu para se inspirar, isso não me parece justo.

Mu Qing deu uma olhada para a escultura alta no centro do salão e deu de ombros, deixando suas roupas dobradas de lado enquanto soltava seu cabelo molhado do rabo de cavalo alto.

— O que não parece justo? Se seus adoradores não conseguem esculpir uma estátua fiel a você, isso não tem nada a ver comigo.

Normalmente essas palavras teriam resultado em um bate boca, mas Feng Xin o ignorou e se aproximou, estendendo aquele mesmo lenço para que ele secasse o rosto. Mu Qing aceitou.

Eles ficaram em um longo silêncio por um tempo, e o vento e a chuva continuavam a soprar violentamente as paredes do templo.

Mu Qing percebeu que o outro estava quieto demais, então ergueu os olhos para encará-lo, se deparando com um par de olhos cor-de-âmbar encarando-o de volta. A expressão no rosto de Feng Xin fez seu escalpo se arrepiar. Ele xingou.

— Qual é a sua? Não fique me olhando dessa maneira, cretino. Vou arrancar essa expressão da sua cara.

Feng Xin arregalou levemente os olhos, ficando surpreso com a mudança de comportamento dele. Este tipo de reação... ele não esperava que seu olhar fosse tão óbvio, mas não se arrependeu nem um pouco.

— Vai se foder, que eu saiba você não é feito de ouro como aquela sua réplica ali, se não quer que eu te olhe é só sair pela porta.

— É só não olhar, vá procurar o que fazer.

— Isso é um templo, o que espera que eu faça? Acenda um incenso pra você?

Feng Xin desviou de uma maçã que foi lançada em sua direção, achando aquilo extremamente gratuito. Na verdade, ele só estava entediado e pensou que provocar a outra parte seria uma boa ideia para passar o tempo.

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