3. Sabe alguma coisa sobre a professora?

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Shawn encarou a morena pensativamente. Se o marido era um sujeito com tanto prestígio, o que estaria ela fazendo ali, presa a um desconhecido? Por que não estaria em Nova York? Reparou que ela não usava anel. Seria divorciada?

O filho agarrou-lhe a orelha, determinado a destruir pela força bruta o que seus berros não haviam conseguido.

Shawn recuou a cabeça o máximo possível.

— Será que podia se apressar, por favor?

— Mais um segundo — respondeu ela, mordendo os lábios. — Não consigo acreditar que tenha ficado preso assim só por causa do nosso encontrão... pronto! Estamos livres — declarou ela, por fim. — Eu fico com ele, obrigada.

Shawn voltou-se, suspirando de alívio, para que ela pudesse apanhar o filho.

— Ele é todo seu.

De alguma forma a afirmação parecia conter um bocado de emoção, pensou Camila. Pelo menos era um homem honesto. Não tentou fingir que segurar seu filho era uma tarefa agradável.

Christopher já mandara embora um bocado de babás em sua época. Ele era o motivo pelo qual ela aceitara esse tipo de trabalho enquanto tentava obter o doutorado na faculdade.

Interrompera bruscamente os estudos quando dedicara um bocado de tempo à maternidade. Tivera de fazer algumas adaptações em sua vida quando descobrira que os planos de Antônio para o futuro não incluíam um filho. Com um movimento apenas ele afastara a ela, ao casamento e ao filho não nascido.

Andrea agarrou a gola do casaco do pai e ficou pendurada ali como se sua vida dependesse disso. Shawn acreditava que dividir seu colo com o espaçoso rebento tinha algo a ver com essa atitude.

— Está tudo bem, Andrea. Papai é todo seu outra vez.

Os olhos da mulher deram a impressão de brilhar ao examinar a menina.

— Esse é o nome dela? Bonito.

Shawn acreditava que algum tipo de conversa seria natural enquanto seguia a mulher para o interior da sala. Não costumava sentir-se à vontade ao falar com estranhos.

— Qual o nome de seu filho?

Não havia nada que indicasse o sexo do bebê dela, pois a roupa era de cor neutra e o comprimento do cabelo não era revelador. Porém algo dizia a Shawn que nenhuma mulher conseguiria berrar daquele jeito. Entraram juntos na sala de aulas.

— Christopher — respondeu Camila.

— Combina com ele. É bem sólido.

Camila relanceou os olhos pelo aposento. Estava cheio de brinquedos e equipamento lúdico novo em folha, tanto adquiridos quanto doados, na medida para dar asas à imaginação. Parecia que todos já haviam chegado. Era hora de começar.

— Obrigada.

Ele a seguiu, imaginando se existiriam lugares marcados ou se as pessoas simplesmente sentavam onde queriam. Não podia estar mais fora de seu elemento.

— Sabe alguma coisa sobre a professora? É a primeira vez que eu venho — declarou Shawn, olhando ao redor.

Camila voltou-se para encará-lo.

— Por isso não o reconheci — disse ela, tentando recordar-se de algum nome novo na lista de chamada.

As pessoas iam e vinham com tanta frequência que era difícil controlar a todos. As aulas eram relativamente desestruturadas, o que se tornava um grande ponto de atração para os pais.

Era um lugar para descansar e aprender o quanto já haviam estragado os filhos. Todos sentiam-se bem depois.

Andy tentava engolir um pedaço do casaco paterno, que já estava úmido.

— Acabei de fazer a inscrição.

- Nesse caso seja bem vindo à classe. Sou Camila Cabello.

Amor Por Acaso | Shawmila Onde histórias criam vida. Descubra agora