— Obrigada, Jane, por cuidar de Christopher. Você salvou minha vida — disse Camila, retirando o suéter e dobrando-o sobre a cadeira da cozinha. Ela acabara de chegar a sua casa.E já não era sem tempo. Voltara mais tarde que o previsto porque seu professor envolvera-se numa discussão acalorada com um dos alunos, após a aula, sobre a administração de castigo corporal, e a classe se dividira.
Estava mais de meia hora atrasada. Telefonara para Jane, da universidade, a fim de avisá-la.
Jane reuniu seus livros, colocando-os na mochila, e sorriu.
— Não tem problema. Considere um pagamento de favores. Ainda lembro do tempo em que costumava servir de babá para mim — disse a jovem, levantando-se. — Você fazia umas coisas engraçadas...
O Sargento ficara alguns meses por ali quando ela era adolescente e ela sempre cuidava da menina dos Henderson. A casa deles parecia confortavelmente desorganizada, bem diferente da disciplina de caserna em seu próprio lar.
— Não era difícil gostar de você.
Jane fez um sinal sobre o ombro, indicando o quarto onde o menino dormia.
— Christopher está na cama.
— Dormindo?
Tratava-se de uma pergunta retórica. Se ele estivesse acordado, estariam escutando seus gritos.
— Acho que cansamos um ao outro.
Ela telefonara para o pai, que já estava a caminho. Estaria na porta assim que descessem os degraus, pois moravam perto. Camila acompanhou-a.
— Antes que eu me esqueça. Alguém telefonou para você. Anotei o número no caderno ao lado do telefone e grudei na geladeira.
— Obrigada — disse Camila, entregando o dinheiro a Jane. — E boa noite.
— A mesma hora na quinta-feira?
— Claro.
Camila acenou para o pai de Jane que encostava o carro e trancou a porta atrás da moça. Caminhou até a geladeira para verificar o recado, e não reconheceu o número.
O nome, porém, lhe era familiar: Jeremy Allen. Era a pessoa de quem alugava o apartamento. Caminhando até o quarto para verificar Christopher, apanhou o telefone no bolso.
Seu filho continuava adormecido. Permaneceu ali, olhando para ele e deixando que o amor fluísse de seu coração. Durante o dia seu filho parecia um feixe de energia pura, mas uma vez adormecido costumava dormir a noite inteira como uma pedra. Era a sua forma de compensar, naturalmente.
Ainda sorria ao discar o número e escutar uma voz sonolenta do outro lado.
— Jeremy? Aqui é Camila — anunciou ela, consultando o relógio e fazendo os cálculos, pois ele estava em Nova York. — Desculpe! Acordei você, não foi?
— Foi, mas tudo bem — respondeu a voz do outro lado. — Tenho novidades.
Camila não gostou do tom da voz dele, apesar da sonolência.
— É mesmo? O que é?
— Estou voltando para casa.
Ela sentiu um peso na boca do estômago. O apartamento era uma dádiva de localização e finanças para ela. Perto da faculdade, perto do emprego e da casa de Jane. Jeremy dissera que ficaria fora por dois anos. Só haviam se passado nove meses.
— Quando?
— No final de semana.
— Mas você disse que...
Ele não era do tipo que pretendia discutir no meio da noite.
— Eu disse que era temporário — interrompeu Jeremy.
— É verdade, mas você fez isso de uma forma que dava a entender que ficaria fora pelo menos até o final do próximo ano. No mínimo, foi o que você disse.
— Era mesmo, só que os fundos para a peça terminaram. Encerramos a temporada hoje. — Ele suspirou. — Eu podia deixar que você ficasse, mas acho que ia ficar apertado...
De várias formas, pensou ela. Tudo bem lidar com Jeremy a cinco mil quilômetros de distância, mas já sabia o que a convivência próxima podia fazer com as amizades. Jeremy acreditava que nenhuma mulher deveria morrer sem experimentar seus favores sexuais, pelo menos uma vez.
— Tudo bem. Eu saio até o final da semana.
— Tem certeza?
— Tenho — respondeu ela, relutante. É melhor você dormir um pouco agora. Vejo você na sexta-feira.
— Avise se você mudar de ideia — finalizou ele, com voz sonolenta. — Tenho um grande coração.
— Certo. Pode deixar.
Camila desligou, a testa franzida. Tinha quatro dias para encontrar um lugar para morar, trabalhar e terminar sua tese, estudar para uma prova e organizar as várias partes de sua vida.
Sentia-se como se tivesse finalmente chegado a um muro enorme. No momento, dava a impressão de estar oscilando, como se fosse cair.
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Amor Por Acaso | Shawmila
RomanceA última coisa que Shawn Mendes precisava depois de um ano turbulento era chegar em casa e descobrir que a babá de Andy tinha se demitido. Pai solteiro, Shawn precisava arranjar urgentemente uma substituta e quando se esbarra, por acaso, em Camila C...