𝐓𝐀𝐋𝐊𝐈𝐍𝐆 𝐓𝐎 𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐎𝐎𝐍 || histórias não contadas.

marlene mckinnon.

— E VOCÊ E A MARLENE? – Allison perguntou assim que Sirius se aproximou no baile de formatura. Seu corpo parecia estar pegando fogo e enquanto Remus buscava mais um copo de ponche, ela se distraía com o Black.

— Eu e Lene nunca fomos feitos para dar certo. – o Black confessou. Marlene dançava animadamente na pista com uma sextanista da Corvinal, girando e cantando a música que tocava em plenos pulmões. – Mas, foi uma boa diversão enquanto durou. Para ambas as partes.

— Eu não entendo. Ela gosta de você, mas vocês simplesmente não conseguem ficar juntos.

— Ah, querida Allie. A Lene gosta de muitas outras coisas. Mais do que de mim, até. – o garoto a olhou maliciosamente. Em um simples estalo, Allison entendeu o que Sirius queria dizer.

O jeito que Marlene dançava com a sextanista era íntimo demais. Não eram apenas melhores amigas dançando, era algo mais profundo. As mãos ao redor da cintura da garota, o sorriso bobo delineado nos lábios. Conhecia bem esse sentimento, era assim que ficava com Remus. Seu coração foi bombardeado por todo o amor do mundo naquele momento, doendo um pouquinho por nunca ter prestado um pouco mais de atenção na sua melhor amiga de anos.

— Ela nunca me contou. – foi tudo que Allie conseguiu dizer.

— Eu não devia ter te contado, pois é algo íntimo da Lene. – o Black concluiu seriamente. – Mas, eu conheço você. Sei que você nunca a julgaria por isso, nenhuma de vocês, na verdade. E sei que um dia ela contará para todas.

— Você foi muito atencioso de ter guardado o segredo dela. – a grifinória sorriu. – Ela te contou espontaneamente?

— Sim. Um dia, estávamos passeando na Floresta Proibida e ela decidiu me contar. Disse que não conseguia esconder aquilo de mais ninguém.

— Então isso significa que a Lene gosta de garotas.

— E garotos. – Sirius concluiu.

Allison sorriu, olhando para a pista de dança por mais alguns segundos antes de se virar para o melhor amigo.

— Você e Lene são feitos um para o outro. – a Wood concluiu. – Não do jeito romântico, mas na amizade. Vocês dois são a mesma coisa, uma bagunça e, ao mesmo tempo, a luz em todos os lugares que vocês vão. Vocês se entendem.

Sirius assentiu, absorvendo aquelas palavras com carinho. De fato, Marlene era uma ótima ouvinte dos seus segredos e nunca tinha compartilhado nada para ninguém. Entre alguns beijos ali e aqui, ela era ótima em consolá-lo após brigas familiares. Algumas coisas que ele a contara, não tinha contado nem mesmo para James.

— Sabe, eu pensei que você tinha mais chances de ser a representatividade gay do nosso grupo. – Allie confessou, fazendo o Black sair dos seus devaneios para gargalhar.

— No auge dos meus treze anos, eu pensei que estava apaixonado pelo James. – ele declarou – Eu nunca tinha experimentado aquele sentimento de gostar tanto de uma pessoa, achava que estava amando alguém. Mas, eu me dei conta que era assim que os irmãos se amavam. Puramente fraternal.

Allie se arrepiou só de pensar que Sirius nunca soube que amava Regulus de verdade. Ao menos, nunca havia experimentado aquele tipo de sensação explicitamente. Era difícil pensar tudo o que o Black havia vivenciado. Só de pensar em Olívio, o coração de Allison se enchia de amor. Era doloroso pensar que Sirius não tinha a liberdade de se sentir assim com a própria família.

— E aliás, nenhum garoto de Hogwarts merece Sirius Black. – ele comentou por fim, fingindo estar indignado.

— Você tem razão. – Allie olhou para o amigo, piscando cúmplice para ele antes de entrelaçar os seus dedos ao dos Black. – Acho que ninguém nunca vai te merecer realmente, Sirius. Mas saiba que nós todos tentamos ao máximo.

— Você fala como se estivesse se despedindo. – ele apertou a mão da amiga. – Nunca se despeça, Allison Wood.

Marlene deixou a pista de dança, indo em direção a Sirius e Allie. Abraçou a amiga imediatamente, apertando-a entre os seus braços com força. A linguagem corporal de Marlene, geralmente, não era tão carinhosa. Mas, naquela noite, que parecia a última noite de suas vidas, ela poderia cruzar a linha que ela mesma havia traçado.

— Eu amo você, saiba disso. – Allie sussurrou no ouvido da amiga. – Em todas as suas versões, não importa como. Nada afeta o meu amor por você.

— Eu também amo você. – Lene confessou, soltando-se da Wood para encarar os olhos amendoados da amiga. Os olhos azuis da McKinnon brilhavam devido às lágrimas que ameaçavam cair em breve.

Remus finalmente havia voltado, segurando dois copos de ponche acima da sua cabeça para que não corresse o risco de derrubá-los. De acordo com ele, a fila estava simplesmente insuportável e tinha sido a culpa da sua demora. O coração de Allie esquentou apenas em pensar tudo que Lupin fazia para deixá-la feliz.

Olhou para Lene uma última vez, que retribuiu o olhar com carinho e uma pontinha de gratidão. Sirius segurava os ombros da loira com cuidado, afirmando silenciosamente que havia compartilhado o seu temido segredo com a Wood. Marlene não estava irritada. Pelo contrário, estava grata por Sirius ter lhe poupado todo o nervosismo e o medo que sentia. No fundo, ela sabia que ele sempre iria querer o melhor para ela.

— Obrigada por tudo. Eu sempre soube que poderia contar com você. Desculpe-me por não ter contado antes. – Marlene agradeceu mais uma vez, dando um beijo na bochecha de Allie.

— Não peça desculpas por isso, Lene. Eu entendo que você estava com medo e entendo que você precisou do seu tempo. – a castanha limpou uma lágrima que caía solitariamente pela bochecha da loira. – E sou extremamente grata ao Sirius por ter te ajudado durante esse caminho. Mas, não se esqueça de que agora você tem a mim. E sempre terá.

Marlene a abraçou mais uma vez, dizendo naquele ato singelo, milhões de palavras que não seriam ditas verbalmente. Ela limpou as lágrimas e se despediu da amiga, voltando para pista de dança e para os braços da corvina que a esperava.

O Black piscou uma última vez para a Wood, despedindo-se de Remus e caminhando para pista de dança enquanto dançava teatralmente pelo salão em direção a Minerva McGonagall. Allie não conteve o sorriso, observando a professora aceitar a mão de Sirius para dançar antes de ser puxada pela cintura pelo namorado.