CAPÍTULO QUINZE

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  Sempre fui e sou atencioso, romântico, compreensivo, prestativo, sincero, fiel, carinhoso... O que me resta ser agora? Já sei! Ser o oposto dessas qualidades é a única maneira de alguém me dar valor.

 Walisson foi a cura da traição, mas deixou-me viciado, tornando uma droga de efeito colateral.

  Cheguei em casa como um zumbi, entrei no chuveiro com roupa e fiquei uns vinte minutos sentado no chão chorando, lamentando-se por eu ser assim tão idiota e ingênuo. Cair na cama e às 5h acordo com o barulho da campainha. Levanto-me, espreguiço e a passos lentos caminho em direção a porta. A campainha continua a tocar e eu grito irritado: — Já vai caralho, essa pica fica acordando o cara.

  Eu nem sabia quem era, mas já imaginava. Dito e feito, quando abro a porta, me deparo com meu irmão segurando Walisson completamente bêbado e chorando.

— Porra mano, tu fosses embora e nem me avisasse, fiquei preocupado contigo. — Meu irmão falou aturdido.

— Eu não quis te atrapalhar, pois você estava chupando a língua de uma menina. E o que é isso? — Me afastei para que ele entrasse com o traste de Walisson me pedindo perdão.

  Walisson tentou me abraçar chorando, e falava coisa com coisa, não entendi absolutamente nada.

— Jackson caralho se não fosse eu, ele ia dormi no banco do calçadão. Depois que ele comeu a Perla, ela não quis saber mais dele. — Disse meu irmão sentando Walisson no chão encostado na parede.

  Dei uma gargalhada e falei irônico: — E foi? Oh coisa tão boa, ele achava o quê? Que iria amanhecer o dia na cama da patricinha? Do mesmo jeito que os garotos de lá usa as meninas desconhecidas, não poderia ser diferente com os meninos.

— Você vai fazer o quê com o Walisson, vai expulsa-lo? — Meu irmão perguntou.

— Boa ideia, mas eu não tenho coração de pedra, então o deixa aí. Quando ele melhorar desse álcool que o consome, deverá desaparecer da minha frente, chega de ilusão. — Falei sem olhar pra cara dele, porque se não era capaz de eu o matar degolado.

  Walisson estava de graça e não tinha forças nem pra levantar os braços. Ele acabou se deitando no chão, ali mesmo perto da porta e pegou no sono. Olhei ligeiramente para o estado dele, sujo e com os cadarços desamarrados. O homem que eu achava perfeito e maravilhoso morreu naquele momento pra mim.

— Eu vou tomar um banho e dormi, mas tarde eu vou pra casa. — Disse meu irmão tirando a camisa.

— Você o trouxe a pé? — Perguntei.

— Não. O Henrique me deu uma carona. E você não sabe da maior, esse bonitinho ficou falando no carro que você não ia o perdoar, que ele foi um covarde e que você não merecia passar por mais uma traição. Aí o Henrique ficou desconfiado e perguntou o que você tinha a ver com isso. Eu o enrolei dizendo que Walisson estava sem noção do que falava, e tinha medo que você contasse a namorada dele o que aconteceu. Então o Henrique mudou de assunto e comentamos outras coisas da festa. — Meu irmão é fera, sabe contorna a situação.

— Vai lá maninho, eu vou ficar aqui na sala assistindo televisão até esse verme acordar. Não vou o deixar tomar banho, vou querer que ele pegue suas merdas e desapareça da minha frente pra sempre. — Falei perturbado sentando-me no sofá.

  Perdi o sono e estava ansioso pra botar Walisson pra fora. É o cúmulo você ter que acoitar uma pessoa que perdeu sua confiança. Nem fome eu sentir de tanta raiva.

A cura da traição (Conto Erótico Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora