Can you just stay with me?

872 106 1
                                    

Um mês havia se passado desde que voltamos da corte Diurna, e Melly raramente saia do seu quarto, ou levantava da cama.

Nuala e Cerridwen, ou tia Mor precisavam ajudar ela a tomar banho e se trocar, por que ela não tinha vontade de fazer nada.

Eu levava suas refeições todos os dias em seu quarto, passava horas com ela enquanto tudo o que Melly fazia era dormir e chorar.

Quando eu precisava descansar, meus tios ou meus pais cuidavam dela, mas ela comia apenas algumas garfadas de comida e depois vomitava tudo, pra voltar a dormir.

Eu estava ficando angustiado, sentia a sua dor pelo laço de parceria, o que eu mais queria era ver seu sorriso de novo, ouvir a sua voz.

Ela trocava apenas algumas palavras com todos e nem comigo falava direito, as únicas coisas que dizia era "Não estou com fome" ou "Vai embora"

Eu não iria desistir, passei de corte em corte procurando alguma coisa, qualquer coisa para ela poder ver sua família de novo.

Ela não podia continuar assim,  Melly é humana e se ficar mais um pouco sem comer irá morrer.

Eu não posso deixar isso acontecer, não posso perder a minha parceira.

Eu estava subindo as escadas com uma bandeja de comida, quando tio Cass me para.

- Está indo ver a tampinha? -

- Sim. -

- Eu vou com você. - Ele pegou a vitamina de chocolate que estava quase caindo e subiu as escadas comigo.

Quando chegamos ao quarto de Melly, Tio Cass bateu na porta mas não tivemos nenhuma resposta, então entramos.

Ela não estava na cama, nem em lugar algum do quarto, eu coloquei a bandeja na mesinha e ia começar a me desesperar.

Mas Melly saiu do banheiro com os cabelos molhados e um vestido leve rosa claro.

Ela estava andando devagar e segurando na parede por ter ficado tanto tempo deitada, eu fui até ela e segurei sua mão.

Um alívio percorreu o meu corpo, ela saiu da cama por vontade própria, foi perigoso tomar banho sem ninguém mas é uma evolução.

- Você precisa comer tampinha. - Tio Cass falou, nem percebi que ele havia arrumado a comida na mesa.

Ela realmente perdeu muito peso, as maçãs de seu rosto estavam marcadas e seus braços pareciam que iam quebrar.

Melly olhou de meu tio para a comida, e deppis olhou pra mim, ela suspirou e andou até a mesa com a minha ajuda.

Ela sentou na cadeira e olhou para toda a comida, eu sabia o que ela estava pensando.

- Madja passou uma receita de vitamina que vai ajudar você a segurar a comida no estômago. - Eu disse segurando sua mão e ela me olhou, seus olhos começaram a encher de água.

- Vou deixar vocês dois a sós. - Eu olhei para Tio Cassian em agradecimento antes dele sair do quarto.

- Você não precisa ficar cuidando de mim. - Ela disse me surpreendendo, sua voz estava baixa e rouca.

- É claro que eu preciso, sempre vou estar ao seu lado pra isso. -

Melly me olhou e um canto da sua boca subiu apenas um pouquinho, era o mais perto de um sorriso que ela chegaria.

Ela pegou a vitamina de chocolate e a olhou com os olhos brilhando, levou o canudo na boca e soltou um suspiro quando tomou o primeiro gole.

Eu sorri com isso, vitamina de morango e chocolate eram as suas duas favoritas.

- Poderia ter chamado alguém pra te ajudar a levantar. - Eu falei com a voz preocupada.

Melly parou de tomar a vitamina e me olhou.

- Não quero ficar dependendo ou atrapalhando ninguém. -

- Você não atrapalha, você está... -

- Estou passando por um momento difícil, claro. - Ela me cortou e eu pisquei. - Desculpa, pode só ficar aqui comigo? Sem conversar? -

Eu concordei com a cabeça mesmo que isso tenha doído, a um tempo atrás eu era o único que a fazia sorrir, e agora ela não quer nem conversar.

Eu entendia, ela estava machucada, e eu ficaria ao seu lado até que melhorasse.

                               ✯

Quando Melly terminou de comer e eu tive certeza que ela não iria vomitar tudo, ajudei ela a se deitar na cama.

Eu fiz carinho em seu cabelo até ela dormir, e depois de 30 minutos, Tio Az entrou no quarto dizendo que minha mãe queria passar um tempo comigo.

Eu não queria deixar Melly, mas meu tio disse que ficaria cuidando dela, e quando acordasse me chamaria. Então eu fui.

Minha mãe estava na sua galeria dando aula, quando eu entrei seus alunos tão pequenos vieram me abraçar.

Eles não passavam de minhas pernas, e estavam todos sujos de tinta.

Eu ajudei minha mãe a ensinar eles a pintarem, corriji o jeito que alguns seguravam e movimentavam os pincéis.

Isso acabou me distraindo e me aliviando.

Depois que a aula acabou, eu e minha mãe fomos comer um lanche e passamos em uma loja de móveis para bebê, apenas para olhar.

Rainha do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora