Meio Sangue - entre o Sol e a Lua

Capítulo Um

1 -Humanos são fonte de alimento e devem ser respeitados como tal.

2- Armas de fogo são armas humanas. Vampiros nunca devem fazer uso delas.

3- Relação/procriação interespécies não é encorajado ou motivado.

4- Redhunteres são armas ancestrais empunhados apenas pelos puros ou aqueles transformados a mais de três mil anos.

5- Todo vampiro será cremado após o fim de seu ciclo de vida.

Num mundo é preto e branco as leis devem ser respeitadas. Quebre uma delas e ponha sua vida em jogo, quebre uma delas e faça isso tão bem que ninguém poderá vir por você, faça com que o mundo vire de cabeça para baixo como bem entender e tome a coroa e faça suas próprias regras. Exatamente como Lief fez a anos atrás, após quebrar a terceira das quatro principais leis da sociedade vampírica e manter um relacionamento com uma humana que deu vida a sua primeira filha, foi necessário que suas palavras se tornassem leis para que pudesse salvar sua pequena Carmim ou ela seria vítima do mesmo destino de sua mãe. E assim se estabeleceram as "novas" leis de seu reinado, a proibição total suavizada vigentes até os dias atuais.

Carmim se tornou a única luz para o Rei Vampiro, o único amor de sua vida foi morta por seu próprio pai sem que pudesse chegar a tempo de impedi-lo, mas felizmente ele não sabia sobre a vida que trouxeram ao mundo. Seu filho ao descobrir da morte da amada se apoio na única coisa que havia sobrado dela, delas. Com seu desejo por sangue e seu instinto protetor, assassinou não apenas seu pai e mãe como também todos seus irmãos não permitindo que nada ficasse em seu caminho em direção ao trono. Sangue derramado tornou-se a única forma de proteger o que restou de sua amada. Um pedaço dela, com olhos avermelhados feito carmim.

***De volta para o presente***

Carmim encarou seu reflexo no enorme espelho pela última vez antes de se levantar e sair do grande quarto, não estava em seu melhor humor e ter passado a noite no castelo não foi uma adição que melhoria isso, ainda desgostava daquele quarto e tudo nele.

O cômodo se mantinha em tons bege, rosa chá e adornados em dourado desde que se tornou seu quarto. Os móveis eram feitos da madeira escura e resistente que crescia envolta de todo o castelo e foram entalhados pelos melhores marceneiros de sua época, era assim também com a tapeçaria e todos os ornamentos. Não era feio, na verdade, era um quarto que qualquer um ficaria feliz em chamar de seu, mas não se sentia confortável.

Não havia se incomodado em mudar nada no lugar ou adicionar algo a seu próprio gosto. Não se sentia em casa ali e nenhum adereço teria como mudar isso, na verdade a sensação de não pertencer a lugar algum a confortava. Não há forma de roubar o que não se tem e ela estava cansada de ter tirado de si coisas que apreciava.

Passos no corredor e um aroma conhecido trouxeram sua mente para fora dos pensamentos ruins e os levaram para outro não muito melhor. Sua irmã do meio estava do outro lado da porta, como todo santo dia, mas naquele dia específico seria diferente, neste dia Carmim seria quem acompanharia a irmã e não o contrário. Batidas na porta e a vampira desfaz a expressão nada contente em seu rosto mantendo isso neutro. Não estava contente com o rumo das coisas ou com o que ocorreria na próxima hora, mas não havia como a irmã dar para trás mesmo que estivesse tentando isso a dias.

—Podemos ir senhorita? — a vampira suspirou antes que pudesse se lembrar de impedir o ato.

—É minha irmã, de novo, não seja tão formal.

—Sim, Carmim.

—Bom, melhorou, tente me chamar de irmã na próxima vez e não como se fosse um dos empregados. Vamos. — Alycsia era a única coisa que a prendia a Lief, e se não fosse apenas por estar ao seu lado 24 horas por dia, todos os dias, a mando de seu pai, simplesmente séria bom. A mataria sem pestanejar. Entretanto, a amava mais do que como uma irmã e Lief tinha total ciência deste fato, já que a trouxe a garota para suas vidas com isto em mente e Carmim só percebeu isso tarde de mais ao notar anos depois que usava a irmã para substituir o que lhe foi roubado.