Stone Heart (AU!Ziam)

Rodeio de Nashville, Outubro de 1960.

— VOCÊ BEIJOU ELE?

Ela só não falou mais alto pois era pequena, Nick pensou. Com pressa, agarrou a irmã pelos ombros e tampo sua boca.

— Shhh, sua fofoqueira de meio metro de língua! — Ele sussurrou — Amir pode escutar, sabia?

— Pro inferno aquele velho, ele não está aqui — Ela mordeu o dedo dele — Vocês se beijaram! Oh meu Jesus, vocês... Ah, eu não sei o que dizer.

— Não é para tanto, Cass.

— Não é para tanto, uma ova! Vocês se beijaram, é o ato de amor mais puro que vocês poderiam ter.

— Cass, saia dos contos de Jane Austen por alguns minutos.

— Me nego a abandonar um bom romance, por favor! — Ela pulou — Como foi? Você retribuiu? Qual o sabor dos lábios dele? Espere, não me conte isso, deixe-me formular melhor: Como você se sentiu?

Nick suspirou. Tirando o chapéu, encostou-se na cadeira.

— Nervoso... E confuso. Digo, eu não sei...

— Ah, o amor — Ela riu — O amor é confuso, não é?

— Cassandra, os contos de Jane Austen...

— Cala a boca — Ela resmungou — Deixe-me ser uma romântica incurável por menos alguns minutos. E pelo visto, você saiu correndo como o Diabo correu da cruz, não é?

— Como sabe?

— A sua reação á tudo é sair correndo. Não julgo, pois eu também faria o mesmo. Mas Nick... Oh Deus... Você está amando...

— Basta-me com seus romances tolos e sem sentidos, Cass.

— Ah pare de bancar o durão — Ela riu — Sabemos que você gostou e que está apaixonado. Olhe para você, Nick! Saiu correndo em pleno dilúvio sagrado para salvar ele!

— Não foi por ele. Foi por Pudding e pelo Ray.

— Quem mente, engana a si mesmo — Ela cruzou os braços — Nick, você foi atrás dele. Confesse vamos.

Nick ficou vermelho. E nisso, escondeu seu rosto atrás do chapéu.

— Eu sabia! — Ela riu — Nick, não há nada de errado em amar alguém.

— E amar alguém do mesmo sexo?

— E quem liga para isso?

— Tem pessoas que ligam.

— Para o inferno pessoas que ligam. Elas não são você — Cassandra começou a preparar o café. Nisso, uma fina chuva começou a cair sob as telhas da casa, ao som do velho rádio da cozinha. O cheiro de pão assado de forno, de terra molhada e o sabor de paz e calmaria reinavam naquele lugar. Nick respirou aliviado, pois estavam apenas os dois em casa.

E ele poderia falar o que quisesse.

— Cass — Ele ficou sério — Lembram do que fizeram com aquele homem que veio de outras terras? Ele amava outro homem, lembra? E eles... Eles...

— Pessoas que não entendem nada são ignorantes. E a ignorância pode matar mais do que um crime real — Ela filosofou — Nick, não tenha medo...

— É fácil para tu falar — Nick encrespou-se — Não é você que está sofrendo de amor.

— Ah, então você confessa que é amor?

— Olha... Eu... Hm... Eu... — Ele jogou o chapéu no chão — CASSANDRA!

— Não disse nada — Ela deu uma risadinha — Quem disse que estava sofrendo de amor era você, não se esqueça.