Capítulo 7

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Se a postura e equilíbrio de Aeleva eram assombrosos, sua luta era um desastre.

Talvez Azriel tivesse colocado expectativa demais para ver a fêmea lutar, mas não pensou que Cassian estivesse falando sério quando disse que ela mal sabia segurar uma faca. Duvidou de sua palavra por uma semana até o irmão precisar partir para Illyria por dois dias e deixar Azriel com a tarefa de treina-la. Aeleva realmente era péssima.

— Você está toda desengonçada — brincou Gwyn, estendendo a mão para ajudar Aeleva a se levantar. Azriel havia percebido que a jovem sacerdotisa era a única que fazia algum esforço para conversar com a fêmea. Nestha passava boa parte do tempo encarando-a, enquanto Emerie parecia fingir que Aeleva não estava ali. Também não era como se Aeleva tentasse ser gentil com qualquer uma delas.

Ou com Azriel.

Alguém havia arranjado uma armadura de couro illyriano para ela, e Aeleva a vestia com certo orgulho. Era um pouco grande demais e Azriel notara que Aeleva havia rasgado a barra das calças para não arrastar no chão. As mangas eram folgadas, e, honestamente, Azriel imaginava que o excesso do tecido fosse um dos motivos para que ela se movesse tão mal. Até tentou sugerir que ela rasgasse as mangas também, mas a resposta de Aeleva foi apenas desprezo.

Quando a viu puxar a gola para cima, apressando-se a esconder a cicatriz da clavícula, Azriel entendeu.

Agora Azriel, do canto do ringue, a observava com mais atenção. Havia passado uma repetição em duplas e Gwyn havia concordado em relembrar o básico para ensina-la. Começaram com movimentos lentos com as lâminas apenas para saber como posiciona-las, e Aeleva conseguia ser uma bagunça mesmo nisso. Mexia os ombros e os pulsos inquietamente, a mão sempre em um ângulo estranho, os pés sempre se abriam demais mesmo depois de Azriel corrigi-los.

Uma hora de treino, e ele finalmente entendeu o que acontecia.

Suas sombras ajudaram. Aparentemente, Aeleva havia começado a se alimentar melhor. Parecia um pouco mais forte e um pouco mais saudável — o rosto tinha cor, o corpo ganhara alguns músculos. Ele devia admitir que a parte feérica de Aeleva — se ela realmente fosse parte feérica — fazia um bom trabalho em ajuda-la a recuperar peso. Apenas alguns dias mais tarde, e já não parecia mais pele e osso. Ainda magra demais para ser saudável, mas não parecia mais frágil.

Como se algum dia ela tivesse parecido, a voz de Feyre soou em sua cabeça.

Azriel abriu um pequeno sorriso.

Cassian morre de medo dela, sua Grã Senhora continuou. Foi difícil convence-lo a deixar Nestha aqui sem ele para supervisionar.

Azriel olhou para Aeleva no ringue. A fêmea desviou de um golpe propositalmente lento de Gwyn e virou a lâmina de uma forma tão torta que pegou a sacerdotisa de surpresa. Gwyn teria sido acertada se Aeleva não tivesse inclinado o corpo para ajeitar a camiseta. Aeleva levou um golpe nas costelas e caiu pela quarta vez no chão.

Tossindo, Azriel escondeu uma risada.

Ela realmente parece precisar de muita supervisão, respondeu Azriel para Feyre, e ouviu Feyre rir.

Fez-se silêncio, e nesse meio tempo o olhar de Azriel encontrou o de Aeleva. Sentiu o trovão de seus olhos dentro do peito. Suas sombras dançaram ao seu redor e correram para abraça-la.

Nossa amiga, era quase como se Azriel pudesse ouvir o tom de comemoração delas.

A conexão entre as sombras e Aeleva era um problema. Ninguém parecia acreditar que Aeleva talvez fosse uma encantadora de sombras além dele.

Corte de Sombras e TempestadesOnde histórias criam vida. Descubra agora