Older Than I Am

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Mais Velha Do Que Sou...

“Temos que reaprender a amar. É nosso dever.”

(Desejo Sombrio)


A manhã seguinte não foi tão feliz como eu queria, e isso não era apenas eu que estava pensando, estávamos deitados na cama abraçados aproveitando aquele silêncio na casa. O clima estava romântico, mas o que passava em nossa cabeça não tinha nada de bom.

— Você rebola tão lindamente, porque eu nunca vi isso antes? — estávamos rindo do que aconteceu madrugada passada, Eunwoo se soltou como eu nunca imaginaria. Quando a risada se dissipou lentamente olhei para ele que estava com os olhos em mim.

— Suponho que você ta pensando a mesma coisa. — começou um carinho em meu cabelo. — Estamos em épocas diferentes, à paternidade tirou de você seus melhores anos, anos que eu consegui viver para seguir com a minha vida adulta e sem graça. — iniciou. — Mas te sobrecarreguei e você não pode curtir sua juventude e ter tantos dias perfeitos como o anterior.

— Eu não consigo deixar de me sentir livre e vivo como ontem, isso me faz bem. — completei.

— Você não aproveitou sua vida de solteiro, me parecia péssimo no dia em que nos reencontramos, nunca soube o porquê, mas sei que depois disso engatamos em um relacionamento e depois casamento, filhos. Quero que aproveite essa fase da vida que lhe tirei.

— Eu estava triste porque havia feito um aborto, eu sei que hoje em dia eu nunca faria isso, mas fiquei assustado naquela época me senti sozinho e abandonado, encontrar você foi como encontrar a luz no fim do túnel, a gravidez da Lina foi difícil porque não queria perdê-la, mas me sentia sozinho. — me sentei na cama, era a primeira vez que falava isso para alguém.

— Por isso a depressão pós-parto, por isso o apego excessivo com Junwoo naquela época, não se sentir sozinho e nem deixa-lo sozinho, e eu não ajudei muito com toda a minha ausência. É por isso que digo e sei que concorda comigo que você precisa ficar sozinho um tempo, ser solteiro, aproveitar sua singularidade, eu também preciso disso. — acaricia minhas bochechas molhadas por lágrimas.

— Mas nos amamos... — falo em um fio de voz, eu concordava com ele.

— Sim, e isso durará para sempre, mas têm amores que não precisam ser vividos, nós não sabemos qual é o nosso tipo de amor, mas juntos nós não descobriremos. — me abraçou. — Amo você Minnie e amo a família que me deu. — proferiu.

— Promete estar sempre por perto? Não quero você fora da minha vida, você é o amor da minha vida e sempre será então seja singular, mas não fique muito longe ok? — olho para ele que sorri com os olhos lacrimejando. — Você é um anjo Cha Eunwoo, impossível não te amar, sou agradecido por carregar seu sobrenome, e por todos os presentes que me deu Jun, Lina, nossas lembranças e todos os dias que passei dividindo a cama com você, seu espaçoso. — rio. — Obrigada. — agradeço recebendo um beijo, talvez um último beijo.

— Bom julgo que esse é o tempo certo para avisa-lo que viajarei para a Rússia tenho uma cirurgia importante lá, prometo voltar para passar o ano novo com as crianças. — contou, logo quando pedi para ele não ir tão longe, mas sei precisarmos disso.

— Então se cuide e não se esqueça de que tem uma família que te ama muito esperando você voltar. — o beijo, esse era o término mais tranquilo da história, estávamos bem, nos amamos muito, mas precisamos ficar sozinhos para saber se sou o amor para vida dele e ele o meu.

[...]

Despedir-me de Eunwoo no aeroporto foi a coisa mais dolorosa que fiz, saber que não estávamos mais juntos me causava um certo desconforto, eu me senti sozinho, com saudades antes mesmo dele embarcar. Tenho meus filhos e passarei todo esse tempo com eles, nós terminamos de forma calma, mas não é porque estamos bem que eu em particular esteja feliz com isso. Sei cometemos erros e deixamos no passado, mas após dez anos é estranho pensar que não terei mais uma aliança com seu nome em meu dedo, e que todos os nossos momentos românticos se tornaram apenas vagas lembranças de uma época feliz.

Sinto sua falta e ele nem mesmo chegou a entrar no avião, eu me sinto sufocado pelas lágrimas que insistem em cair, mas me contenho para não preocupar Jun, com um sorriso falso no rosto eu seguro as mãos de Junwoo para voltarmos para casa. Era necessário, eu tento me convencer que eu preciso ficar sozinho, mas quero ficar sozinho com ele é pedir muito? Sei que ele estava certo e que estamos em épocas diferentes, e que eu preciso trazer de volta o que me fazia feliz, eu não ligo que seja 'nerd' e que não goste de noitadas, não me importo se ele quer ler ao invés de assistir um filme ou se prefere filmes de fantasias ao invés de romances clichês, não me importo de conhecê-lo tão bem ou não, só me importo de estar longe por tanto tempo, de não poder dizer que ele é meu marido. Parar para pensar que exista uma possibilidade de ele não ser a pessoa certa para mim me faz entrar em desespero, porque meu coração diz que ele é a pessoa perfeita. Mas nem tudo é amor.

Deitei na cama com Junwoo enquanto assistíamos a divertidamente, Lina dormia serenamente no pequeno colchão ao nosso lado.

— Você e papai vão se separar? — perguntou Junwoo, trazendo novamente aquela pontada no coração, eu espero que não, penso em dizer, em contrapartida, apenas deixo um selar em seu rosto e sorrio.

— Estamos passando por uma época complicada, são MUITOS anos juntos às vezes precisaremos de um tempinho longe um do outro para o amor crescer. — falo com toda doçura do mundo engolindo o choro.

— Mas vocês estavam tão felizes, ele não vai mais morar aqui papai? Terei que me mudar? Não vamos mais tomar café juntos né? — era de partir o coração pensar que no meio disso tudo haviam duas crianças, Junwoo tinha medo e tristeza em seu olhar, logo quando tudo melhorou e meu bebê parece mais feliz com a presença do pai biológico, isso acontece.

— Ei, está com essa cabecinha pensando demais, eu amo muito seu papai então não se preocupe, nada mudará. — o conforto trazendo seu corpo magro para mais perto de mim e voltando a assistir ao filme. Eu precisava tirar minha cabeça disso, precisava para não enlouquecer, eu não quero ser singular, eu nasci para estar o plural, estar com pessoas que me amam e não desse jeito.

Pensamentos impuros - Pjm ABOWhere stories live. Discover now