Raquel desceu para o piquete maternidade correndo, estava ansiosa para ver o novo bezerrinho.
— Não se aproxime, Raquel - Seu pai falou ao vê-la chegar — A Badoxa está muito nervosa e agressiva, é o extinto materno.
— É verdade, Kel, já levei uma carreira dela. Ela está chutando e tentando dar cabeçada. Fica longe!
Raquel ficou atrás da cerca, observando o bezerro que tentava sugar o leite da mãe. Badoxa estava em pé e o bezerro tentava se equilibrar, mas a cara dela não era nada boa, seus olhos estavam atentos, a cabeça inclinada e ameaçava quem tentasse aproximar. Guilherme estava sentado sobre a cerca, o pai da garota, estava com o manejador, o pai do Gui, seu José.
Raquel se lembrou, que quando crianças, ela, o João, Guilherme e a Estela, gostavam de provocar as vacas para que elas corressem atrás deles. Certa vez, a vaca atravessou o sítio todo, parecia que não ia desistir de pegá-los. Eles tiveram que subir em uma árvore para protegerem-se, mas o animal ficou lá, por um tempo, de olho no grupo - eles viram o sol se despedir e a noite chegar, até que finalmente a vaca desistiu e eles puderam voltar para a casa.
— Pensei que você fosse nadar. — Gui interrompeu suas lembranças.
— Eu ainda vou, mas pensei em passar por aqui para ver o novo bezerrinho. Já pensou em um nome para ele?
— Pensei em Bonny. — Falou sem convicção.
— Mas Bonny não é nome para vaca?
— Não, pode ser nome de Boi também.
— Achei que meu pai tinha mudado de ideia e optado pela inseminação de fêmea.
— Não gostou do nome pelo jeito!? Pode escolher você.
— Não, Gui, por mim está ótimo, não sei nem se irei lembrar amanhã. — Ela sorriu.
— Cadê aquele caderninho? Ele ainda existe?
Ele virou o pescoço para olhar para ela.
— Eu não sei, deve existir, mas acho que perdi.
— Você viu só, Gui? Este bezerro está faminto, mas não consegue mamar.
Paulo passou por eles e deu um beijo na filha que ainda estava do lado de fora da cerca
— A Badoxa vai continuar brava assim até quando, pai?
— É imprevisível, minha filha.
Ele a abraçou e os dois seguiram o pai do Gui até o curral. Guilherme vinha logo atrás com o bezerrinho. Ele precisava ajudar, era muito importante nessas primeiras horas que o bezerro se alimentasse bem, principalmente do colostro, mas ele tinha dificuldade para mamar, o teto da mãe era grande e os úberes, pêndulos. O pai do Gui a conduziu para o tronco de contenção, para imobilizar o animal e conseguir ajudar o bezerro, como ela estava muito agressiva, ele precisava se proteger. O pai da Raquel, admirava o carinho que seu José tinha com os animais. Ele massageava o úbere de Badocha e com os dois dedos, alisou o céu da boca do bezerro para que ele pudesse chupá-los, com a outra mão, espirrava o leite em sua boca e pouco a pouco, ele se aproximou dos tetos e os abocanhou. Todos festejaram, ele ficou lá por um bom tempo, deu para perceber que sua barriga estava cheia.
— Já escolheram o nome para ele?
— O Gui escolheu.
Raquel olhou para o amigo, esperava que ele dissesse o nome para o seu pai.
— Não sei se é um bom nome para Boi, a Kel já perguntou se o nome não era de vaca...— Ele riu sem graça.
— E qual é o nome?
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Retalhos - Suas escolhas determinarão o seu destino!
Teen Fiction(Degustação - Sem revisão) Raquel, uma garota adolescente, que mora em uma fazenda com os pais e os trabalhadores da terra. Seu melhor amigo, Guilherme, filho do empregado braço direito de seu pai, a ajuda a enfrentar seus dilemas internos: ela não...