Capítulo 3 -

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Raquel desceu para o piquete maternidade correndo, estava ansiosa para ver o novo bezerrinho.

— Não se aproxime, Raquel - Seu pai falou ao vê-la chegar — A Badoxa está muito nervosa e agressiva, é o extinto materno.

— É verdade, Kel, já levei uma carreira dela. Ela está chutando e tentando dar cabeçada. Fica longe!

Raquel ficou atrás da cerca, observando o bezerro que tentava sugar o leite da mãe. Badoxa estava em pé e o bezerro tentava se equilibrar, mas a cara dela não era nada boa, seus olhos estavam atentos, a cabeça inclinada e ameaçava quem tentasse aproximar. Guilherme estava sentado sobre a cerca, o pai da garota, estava com o manejador, o pai do Gui, seu José. 

Raquel se lembrou, que quando crianças, ela, o João, Guilherme e a Estela, gostavam de provocar as vacas para que elas corressem atrás deles. Certa vez, a vaca atravessou o sítio todo, parecia que não ia desistir de pegá-los. Eles tiveram que subir em uma árvore para protegerem-se, mas o animal ficou lá, por um tempo, de olho no grupo - eles viram o sol se despedir e a noite chegar, até que finalmente a vaca desistiu e eles puderam voltar para a casa.

— Pensei que você fosse nadar. — Gui interrompeu suas lembranças.

— Eu ainda vou, mas pensei em passar por aqui para ver o novo bezerrinho. Já pensou em um nome para ele?

— Pensei em Bonny. — Falou sem convicção.

— Mas Bonny não é nome para vaca? 

— Não, pode ser nome de Boi também. 

— Achei que meu pai tinha mudado de ideia e optado pela inseminação de fêmea.

— Não gostou do nome pelo jeito!? Pode escolher você. 

— Não, Gui, por mim está ótimo, não sei nem se irei lembrar amanhã. — Ela sorriu.

— Cadê aquele caderninho? Ele ainda existe? 

Ele virou o pescoço para olhar para ela.

— Eu não sei, deve existir, mas acho que perdi.

— Você viu só, Gui? Este bezerro está faminto, mas não consegue mamar.

Paulo passou por eles e deu um beijo na filha que ainda estava do lado de fora da cerca

— A Badoxa vai continuar brava assim até quando, pai?

— É imprevisível, minha filha. 

Ele a abraçou e os dois seguiram o pai do Gui até o curral. Guilherme vinha logo atrás com o bezerrinho. Ele precisava ajudar, era muito importante nessas primeiras horas que o bezerro se alimentasse bem, principalmente do colostro, mas ele tinha dificuldade para mamar, o teto da mãe era grande e os úberes, pêndulos. O pai do Gui a conduziu para o tronco de contenção, para imobilizar o animal e conseguir ajudar o bezerro, como ela estava muito agressiva, ele precisava se proteger. O pai da Raquel, admirava o carinho que seu José tinha com os animais. Ele massageava o úbere de Badocha e com os dois dedos, alisou o céu da boca do bezerro para que ele pudesse chupá-los, com a outra mão, espirrava o leite em sua boca e pouco a pouco, ele se aproximou dos tetos e os abocanhou. Todos festejaram, ele ficou lá por um bom tempo, deu para perceber que sua barriga estava cheia.

— Já escolheram o nome para ele?

— O Gui escolheu. 

Raquel olhou para o amigo, esperava que ele dissesse o nome para o seu pai.

— Não sei se é um bom nome para Boi, a Kel já perguntou se o nome não era de vaca...— Ele riu sem graça.

— E qual é o nome?

Retalhos - Suas escolhas determinarão o seu destino!Onde histórias criam vida. Descubra agora