41 - Em seus braços

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- Está muito bonita. - Lux disse, ganhando o sorriso da félica.

- Obrigada. Está muito bonito também. - Retribuiu.

O híbrido tentou fingir mas logo riu pelo nariz.

- É o vestido que usou em nosso noivado.

- Sim, vejo que não esqueceu.

- Como eu esqueceria? - Falou calmo, fitando os doces olhos da general enquanto erguia a mão.

O convite para a dança fora aceitado de bom grado.

O salão se tornou pequeno quando começaram a valsar. Os pés de ambos se moviam em passos cronometrados, o olhar fixo no do outro. Se tornou impossível para Lux não relembrar aquele dia. Ah, aquele dia... O dia de seu noivado.

O reino inteiro estava em festa. Há anos se sabia que o príncipe e a general tinham uma paixão igualmente correspondida. Todos já aguardavam que um dia os pombinhos iriam trilhar o caminho do matrimônio e futuramente trazer mais dias gloriosos para o reino de Melfhira.

Na mente dele, tudo ainda estava registrado: o cheiro fresco da tinta branca nos bancos de madeira, as flores recém colhidas, a comida esperando para ser saboreada. Fora um dia mágico. O dia em que ele prometeu que juraria estar para sempre ao lado dela. O dia em que escolheram uma data para subirem ao altar. Se ele soubesse o que aconteceria tempos depois, teria dado um jeito de paralisar o tempo apenas para viver eternamente aquele momento. O último momento feliz com a amada do qual se lembrava.

Sentiu a garganta fechar.

Ela estava exatamente como naquele dia. O mesmo vestido, o mesmo penteado e até a presilha no cabelo, prateada com uma pedra azul em forma de borboleta, era aquela que havia sido usada na ocasião.

- Por que está fazendo isso comigo? - Tentou esconder a dor em sua voz.

- Isso o quê? - Ela respondeu, sem perder a coreografia.

- Isso. Você. Se sua intenção era me torturar, está conseguindo.

Ele sequer relutou em esconder, fazendo-a refletir. Talvez, apenas talvez, ele também estivesse vivendo um inferno. O mesmo inferno pelo qual ela passou em duzentos anos, agora ele vivia em poucos dias. Se arrependeu amargamente por ter usado o vestido.

- Não se arrependa. Você está linda. - Ele sorriu.

E então ela lembrou da habilidade adorável que ele possuía: sentir tudo o que estivesse ao seu redor. De nada adiantaria tentar esconder. Ele sabia o motivo pelo qual ela usara o vestido. Era pra ele. Apenas para ele. Não precisaria haver mais ninguém presente, se somente ele a visse tão deslumbrante, a noite já valeria a pena.

- Não se cansa de dizer que estou linda? - Sorriu, faceira.

- Sua beleza parece ser infinita, não há como cansar.

- Nesse caso, acho que vamos criar calos nos pés.

O comentário fez ambos sorrirem.

A noite no salão seguia agradável mas nem todo o palácio estava em paz. Por ali, no quarto mais alto da torre mais alta, a confusão estava apenas começando.

- Você... O que tá fazen...

- Fica quieta. Você tá mais podre que um gambá.

- Eu não tô pod... EEEEII! - Berrou ao ser jogada na cama. - Você me jogou! Vai pagar caro pori.. por isso!

- Tá tão bêbada que mal consegue falar. - Analisou, as mãos na cintura.

- Não tô não. - Rebateu, mas os olhos estreitos e o dedo apontando pro nada lhe entregavam.

Descendência: Coroa de Sangue e OssosWhere stories live. Discover now