49 - Revelações

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- Como fez isso? É algum tipo de magia élfica? - Perguntou, dando mais uma volta no tecido ao redor do punho dele.

- Basicamente.

- Gostei dos chifres novos. - Descontraiu, fazendo-o sorrir. - Já te disseram que sua pele parece um pedacinho do universo quando está dessa cor?

- Você nunca viu uma noite estrelada em Melfhira. Vou te mostrar um dia.

- Você será meu guia turístico. - Brincou. - Mas como desfaz a magia?

- Preciso das duas mãos para mostrar então se puder agilizar...

- Que ingrato.

Ambos sorriam, até Cassandra retornar.

- O que aconteceu aqui? - Ela perguntou.

Rapidamente Azrael soltou suas mãos, cruzando-as até o alto da cabeça. Isso o fez voltar a ter a aparência original. Freya captou bem o movimento.

- Foram os trolls, estavam caçando. - Azrael respondeu.

- Encontrei dois deles na floresta enquanto procurava madeira para a fogueira. Que bom que já foram embora.

- Acho melhor irmos também. Deve ter mais deles por aí. - Freya comentou.

- Você está certa. Se estão caçando tão perto é melhor não arriscar. Podem estar em grupos maiores. Vamos retornar ao palácio. O piquenique fica para outro dia.

Assim, retornaram.

A pequena fada ainda dormia, dentro da camisa de Azrael. A calça de cintura alta e a camisa ensacada criavam o espaço perfeito para que a criaturinha descansasse. Conforme se aproximavam do palácio, avistavam a carruagem em forma de abobora estacionada.

- O que é aquilo? - Freya ficou curiosa.

- É o duque. - Cassandra disse.

- Ele veio tratar de assuntos, acordos. Negócios, Como sempre.

- A vida no palácio parece um saco. - A humana disse.

Os elfos se entreolharam, rindo.

- Pior que você tá certa.

Ao adentarem o palácio, Cassandra prosseguiu, era a única que não estava molhada. Os outros dois tiveram que ir por outro caminho. Não seria nada elegante receber uma visita no estado em que se encontravam. Azrael conhecia todas as entradas do lugar. Freya o seguia, pisando cuidadosamente sobre as pedras. Qualquer deslize resultaria numa queda feia. Mas para ele, aquilo não era nada.

- Pode ir mais devagar, por favor? - Pediu, achando o caminho perigoso demais. Não queria virar comida de peixe quando despencasse, caindo no mar.

Nesse instante, Azrael se sentiu um tanto egoísta. Havia esquecido que a humana não tinha as mesmas habilidades para escalar.

- Aqui, me dê a sua mão. - A puxou e rapidamente a colocou no colo. - Vai ser mais rápido assim.

Freya achava incrível como ele poderia ser tão forte mesmo não sendo tão musculoso. A fisionomia dele chegava a ser até mesmo delicada. Porém os elfos pareciam ter músculos de vibrânio, de tão resistentes que eram. Após a breve caminhada sobre as pedras afiadas, ele saltou. Pisando apenas três vezes na vertical havia escalado a torre onde ficava o quarto que Freya já conhecia. Se apoiou na janela, abrindo-a com o outro pé.

- Chegamos. - Ele disse, colocando-a no chão.

- Uau, isso foi incrível.

Ele sorriu. Mas desviou o olhar, fitando o chão. O gesto a deixou encantada. Ele parecia envergonhado com o elogio.

Descendência: Coroa de Sangue e OssosWhere stories live. Discover now