31.

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- O quê?

- É isso mesmo.

- O que exatamente eu perdi, alguém pode me explicar?

Starbucks, eu, Teddy, Allison e uma verdade bombástica depois da aula de segunda-feira. Eu sabia que esse momento chegaria.

- É... Digamos que você esteve ausente durante algumas reviravoltas. – respondi a Allison, coçando a nuca meio sem jeito. – Pensei que a Teddy já tinha te contado.

- Não, eu não estou sabendo de nada. – ela negou, boquiaberta, e ambos olhamos para Teddy, cujo queixo sumia de vista sob a mesa e olhos me fitavam com infinito choque. – Amor?

- Caralho, Carina. – ela xingou, após alguns segundos paralisada, e Allison soltou um suspiro de alívio diante do sinal de vida dela. – Puta que pariu!

- É, eu sei. – respirei fundo, tomando um gole de meu cappuccino. Eu precisaria de muita cafeína para aguentar o tranco.

- Alguém pode me inteirar do assunto, por favor? – Allison reclamou, totalmente confusa, e vendo que Teddy voltara a ficar imóvel, me manifestei.

- Como você já deve saber, eu e Addison estamos namorando. – comecei, vendo-o assentir. – Acontece que há algum tempo, Maya e eu acabamos nos envolvendo também, e as coisas aconteceram tão rápido entre nós que acabamos nos apaixonando. Eu sei que isso soa ridículo, mas não é, acredite. Pelo contrário, é a mais pura verdade. E... É tão verdadeiro que eu estou cogitando a possibilidade de terminar tudo com Addison pra ficar com ela.

- O quê? – Teddy repetiu, um pouco mais alto que antes, e eu fiz uma careta medrosa, enquanto Allison segurava sua mão e a olhava com preocupação.

- Meu Deus do céu. – ela disse, olhando-me com extremo espanto. – Você deixa essas coisas acontecerem na sua vida justo quando eu não estou? Vou levar isso como uma ofensa!

- Não fale como se as coisas não acontecessem na minha vida quando você estava por perto também. – resmunguei, vendo-a erguer as sobrancelhas, concordando. – Não se esqueça que meu primeiro beijo foi no armário do quarto da sua avó com um garoto que eu mal conhecia, e você estava do outro lado da porta ouvindo tudo.

- Eu nunca vou me esquecer do Mark dizendo Não precisa usar os dentes, Carina, sua língua já é o suficiente naquele tom tão assustado. – ela suspirou, como se aquela fosse uma belíssima lembrança. – Até hoje eu te imagino querendo morder o pobre garoto feito uma barracuda. Coitadinho, ele era um bom rapaz.

- Cala a boca, garota que peidou e espirrou no meio da encenação de Hamlet. – mostrei a língua, prendendo o riso e vendo-a retribuir meu gesto de carinho. – Ser ou não ser, eis a questão foi seu trauma durante anos, e você nunca sabia se explicava a versão verdadeira ou se simplesmente deixava as pessoas pensarem que você tinha dúvidas quanto a sua orientação sexual quando te perguntavam por que você odiava tanto Shakespeare. As duas hipóteses lhe pareciam igualmente constrangedoras.

- Caralho, Carina. – Teddy voltou a dizer, da mesma maneira de antes, e eu simplesmente a ignorei, assim como Allison; éramos melhores amigas há eras, sabíamos muito bem que ela ainda repetiria as mesmas palavras por um tempo, até finalmente absorver a notícia. – Puta que pariu!

- Você confia nela? – Allison perguntou, voltando ao assunto e dando uma mordida em seu muffin de chocolate; eu assenti sem hesitar. – Tem certeza de que ela te ama?

- Acho que nunca tive tanta certeza de alguma coisa quanto eu tenho disso. – respondi, disfarçando um sorriso idiota. – É tão nítido que chega a me assustar.

My Biology (Marina)Onde histórias criam vida. Descubra agora