— Três sorvetes de baunilha por favor. — disse Pedro.
— E um de chocolate. — disse Elisa.
— Mais alguma coisa? — perguntou o garçom.
— Por enquanto não. — disse Pedro.
O garçom se foi e ficamos lá, olhando para a cara um do outro.
— A conversa de vocês estava mesmo boa. — disse Ed.
— Verdade, nem viram a sorveteria. — disse Elis.
— É assim que as coisas começam, com muita conversa. — Pedro disse e cruzou as mãos sobre a mesa.
— Estávamos conversando sobre Nárnia. — Eu falei.
— Ah, então por isso estavam tão distraídos. Nárnia é fantástica. — Edmundo falou. — Um dia eu ainda voltarei lá para reivindicar meu posto.
— Posto de que? — Perguntei.
— Posto de ser o rei mais importante de todos os tempos. — Ele disse e suspirou aliviado.
— Eu fui nomeado "O Magnífico". Sinto falta de escutar as pessoas clamarem por "Grande Rei Pedro Magnífico!", isso me deixava contente. — Pedro falou e pude sentir o quanto se orgulhava disso.
— Talvez tenha sido mais prestigiado por ser um rei sério. Eu costumava ir para duelos plebeus. Eram divertidos. — Edmundo se justificou e Elisa deu risinho.
— "Duelos plebeus"? Não sabia que havia divisão de classes sociais em Nárnia. — Elisa falou com desdém.
— Não, não é isso. — Pedro começou a defender seu irmão. — Duelos plebeus eram festividades destinadas à trocas que aconteciam em dois finais de semana do mês. Como não era uma festividade financiada pela corte, esses encontros ficaram conhecidos como "duelos plebeus".
— E o que acontecia nesses "duelos plebeus"? — Perguntei e gesticulei as aspas com os dedos em 2.
— Era maravilhoso! — Edmundo falou com alegria, como se tudo estivesse voltando a sua memória. — Haviam duelos entre espadachins, arqueiros, boxeadores e queda de braço. Cada um colocava algo como objeto de troca. Se ganhasse ou perdesse, a troca aconteceria normalmente, mas sua imagem na sociedade iria variar entre vencedor ou perdedor fracote.
— Não parece divertido como diz ser. — Falei e Elisa balançou a cabeça positivamente.
— Como pode ser divertido lutar para trocar objetos? — Ela perguntou como se lesse meus pensamentos.
— Vocês, mulheres, jamais entenderão o valor de ter uma boa luta e vencê-la sempre. Da mesma forma eu nunca entenderei a graça de ir para o shopping apenas para comprar roupas e sapatos. — Edmundo disse. — E além disso, já consegui coisas muito legais com as trocas.
— Tipo o quê? — Elisa perguntou.
— Tipo um frasco de vagalumes que presenteei Lúcia em seu aniversário. E tinham muitas coisas legais também. Espadas com modelagens diferentes, coisas para cavalos, bainhas, botas, capas e outras coisas.
— Uma vez Edmundo comprou um pato e cismou que deveríamos criá-lo. E o pior foi que teve apoio das nossas irmãs. — Pedro disse e sorriu.
— O que fizeram com o pato? — Perguntei.
— Pedro queria fazer um ensopado. — Edmundo falou.
— Não, eu não queria. — Pedro se defendeu. — Eu gastei dinheiro e removi parte do jardim para colocar um lago artificial para esse bendito pato e família que ele formou posteriormente.
— Espere... Os animais não falam Nárnia e agem como humanos em Nárnia? — Elisa perguntou e confesso ter me surpreendido com esse fato.
— Era um pato trazido da Calormânia. — Edmundo falou. — Um pato calormano não fala e nem age como um humano.
— Até que faz algum sentido existir uma terra mágica com seres mágicos e animais falantes... Mas animais falantes que agem como humanos parece demais. — Falei.
— Imagine só a nossa cara quando vimos um castor falando. — Pedro disse.
— Aquilo foi assustador, exceto para Lúcia. — Edmundo confessou.
— Nada assusta aquela menina. — Elisa falou. — Mas eu não sabia que um castor falante assustou os dois populares valentões do colégio.
— Pelo menos, querida Elisa, não nos assustamos e gritamos freneticamente quando vemos uma barata. — Edmundo disse e Elisa bateu em seu braço.
Eles trocaram olhares magnificamente, o que fez com que Pedro e eu nos olhássemos sorrindo.
Ele chegou perto do meu ouvido e sussurrou:
— Honey está meio inquieto, talvez Edmundo e Elisa precisem ficar aqui sem que seu cachorro os atrapalhe.
Assenti e devagarzinho me levantei. Depois puxei Honey pela sua coleira.
— Onde vocês vão? — Edmundo perguntou.
— Honey disse que quer passear. — Pedro falou.
— Ata. — Ele respondeu e voltou a encarar a minha amiga.
Saímos dali e fomos dar uma volta no jardinzinho da sorveteria enquanto nossos sorvetes não ficavam prontos.
— Eu não sabia que além de ser rei você conseguia falar com animais. — Falei e Pedro riu.
— Eu costumava falar com muitos animais. — Ele respondeu.
— Quase me esqueci deste pequeno detalhe. — Falei enquanto andávamos.
— Meu irmão está obcecado por Elisa. Eu já falei para ele como se deve tratar uma menina. Cartas, flores, chocolates, passeios e elogios. Mas acho que ele é incapaz de fazer alguma dessas coisas.
— É assim que você trata suas paqueras?
— Eu não tenho paqueras, mas se tivesse era assim que eu as trataria.
— Como pode não ter nenhuma paquera?
— O que quer dizer com isso?
— Só estou falando que acho difícil que isso seja verdade.
— Por quê?
— Porque sim.
Se eu estivesse sendo sincera, eu diria que é porque ele é bonito demais para estar sozinho simplesmente por querer estar, mas guardei esse pensamento para mim.
— Será que já deu tempo para eles terem feito alguma coisa? — Pedro perguntou.
— Do jeito que são lentos, acho que não. — Respondi e ele riu.
— É tanta enrolação que as vezes me pergunto se eles querem namorar de vez ou só ficar nessa paquera.
— Acho que é tudo culpa do seu irmão porque pelo muito que Elisa me contou em vinte minutos resumindo a história inteira, ela quer namorar logo com ele.
— Eu acho mais emocionante quando as pessoas estão se conhecendo. Absolutamente tudo te deixa nervoso e é divertido.
— Não sei dizer porque nunca tive a oportunidade de saber o que é isso.
— Quando tiver, e acho que não irá demorar muito, me conte o que você prefere.
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Um tempo depois ela indo contar para o Pedro como é estar apaixonada por ele. Não se iludam, ainda vai demorar um pouco.
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𝑴𝒆𝒖 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒊𝒅𝒐 𝒂𝒎𝒊𝒈𝒐 𝑷𝒆𝒗𝒆𝒏𝒔𝒊𝒆 | 𝑷𝒆𝒅𝒓𝒐 𝑷𝒆𝒗𝒆𝒏𝒔𝒊𝒆
FanfictionOs Estados Unidos não foram tão legais quanto pareciam ser. Passar mais de dois anos longe de Londres tentando viver novas experiências acabou mostrando que nenhum lugar se comparava à cidade das cabines telefônicas vermelhas. Não foi por falta de...